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Análise: Baba Is You (Switch) é a prova que menos pode ser muito mais

Apostando em uma interface e controles simples, o jogo é um belo exemplo de como a criatividade consegue render boas horas de jogatina.

Em uma geração onde grande parte dos títulos aposta em efeitos visuais e sonoros de ponta, às vezes somos surpreendidos por joias que utilizam o minimalismo como ponto-chave para oferecer uma experiência satisfatória aos jogadores.



É nesse ponto que Baba Is You se encontra: um divertido jogo do gênero puzzle que nem de longe é referência em gráficos ou trilha sonora, mas que cumpre muito bem seu papel no quesito entretenimento.

Quebrando as regras para seguir em frente

O título do jogo remete à sua principal mecânica: fazer você, o jogador, controlar Baba, o simpático personagem principal, através de cenários com quebra-cabeças que são resolvidos modificando as regras do próprio jogo.

Essas regras são determinadas pela composição de frases que são formadas geralmente por um substantivo, um verbo e um adjetivo. O jogador tem total liberdade para modificar os atributos e características de qualquer elemento, desde que ele esteja ao alcance de Baba.

Por exemplo, a principal e mais vista regra é “Baba Is You”. Você ser Baba é o que permite o controle sobre o personagem. Entretanto, caso o “You” seja retirado da sentença não será mais possível prosseguir, já que Baba simplesmente deixará de responder aos comandos do jogador. Mas o que aconteceria se a frase mudasse para “Rock Is You”? A resposta é justamente essa: o jogador passaria a controlar uma rocha no lugar de Baba, assim como qualquer outro elemento na mesma situação.

Já nos cenários a vitória é justamente alcançada quando o substantivo atrelado à palavra “Win” é tocado pelo jogador. Nos níveis iniciais, geralmente uma “bandeira é vitória”, mas como dito acima, é possível modificar as regras para que a vitória seja atribuída a outro fator no cenário.


Uma parede está no caminho? Se for possível que nós a controlemos, por que não? A vitória está na bandeira que está fora de alcance? E se nos colocássemos como a vitória, não seríamos os vencedores? As possibilidades parecem infinitas, mas tudo foi minuciosamente planejado para que todos os elementos disponíveis por fase possam ser utilizados na estratégia de vencer e seguir em frente.

Como se não bastasse, além da vitória, outras dificuldades estão presentes, pois o jogo também conta com elementos como “derrota”, “afundar”, e vários outros impeditivos que farão o cérebro dos jogadores pensar muito bem antes de executar alguma ação.

O aprendizado na frustração

Outro fator bem bacana do jogo é como ele não cansa em surpreender os jogadores adicionando elementos que sequer imaginaríamos que seriam possíveis.

Nas primeiras fases, somos apresentados a elementos simples, como os já ditos acima “You”, “Win” e afins. Após isso, vários outros vão aparecendo, como “Stop”, que serve como barreira para impedir a passagem do jogador; “Sink”, fazendo com que o jogador afunde, perdendo o personagem controlado; “Defeat”, servindo de derrota instantânea caso o jogador encoste no elemento atribuído a ela, entre outros mais.

Quando achava que nada mais poderia me espantar, fui apresentado ao elemento “Float”, que deixava certos itens no cenário flutuando, fazendo com que meu personagem ficasse embaixo até mesmo do objeto de vitória. Daquele ponto em diante, prometi para mim mesmo que nunca mais acharia o jogo previsível.


Mesmo com tantas surpresas, a progressão de dificuldade é algo feito na medida certa. Os cenários vão apresentando as novidades de maneira simples, aprimorando os desafios nos níveis finais. E como se não fosse o bastante, cada mapa tem alguns desafios extras que certamente vão deixar muitos jogadores de cabelo em pé.

Criatividade acima de qualquer coisa

Quando um amigo entusiasta de jogos independentes me contou sobre Baba Is You, confesso que inicialmente não fiquei muito empolgado. Não que eu tivesse algo contra os gráficos, controles, e até efeitos sonoros simples; o que ocorreu é que não consegui entender o charme do título em um primeiro momento.

Após algumas conversas, reflexões e uma boa dose de jogatina, a experiência que tive com o jogo foi de uma satisfação que há muito eu não sentia com um título.


Baba Is You é um daqueles casos onde a criatividade presente compensa os aspectos que podem afastar as pessoas que não gostam do gênero puzzle. Os elementos visuais com aspecto de rabiscos e a música ambiente - que infelizmente não tem muitas variações - em um nível que não atrapalha a concentração casam perfeitamente com os controles simples, que são limitados a controlar quem quer que seja o elemento da fase em apenas quatro direções.

Mesmo que muitas vezes façamos movimentos que nos impeçam de prosseguir, o jogo conta com um botão de retroceder as ações, deixando a experiência seja ainda mais fluida, onde a recompensa é alcançar a vitória independentemente do tempo ou dos movimentos utilizados para isso.

Baba Is Win

Baba Is You pode não ser um blockbuster, mas é um ótimo passatempo que encaixa perfeitamente com a proposta do Switch ser um console que pode ser jogado em qualquer lugar. Seja nas filas do banco, em viagens ou nas idas e vindas do metrô, o puzzle é perfeito para quem quer apreciar um título descompromissado e de quebra testar o raciocínio. 

Prós 

  • Puzzles elaborados e diversificados;
  • Controles simples funcionais;
  • Curva de dificuldade bem definida.

Contras

  • Trilha sonora repetitiva.
Baba Is You — PC/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch 
 Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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