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Análise: Darksiders Genesis (Switch) traz a renovação que a série mais precisava

A nova aventura dos Cavaleiros do Apocalipse, protagonizada por Guerra e Conflito, apresenta com sucesso um novo estilo para a série.




A saga Darksiders está entre nós há algum tempo e, ao longo de dez anos de existência, seu universo já passou por muitos altos e baixos. Mas, mesmo com alguns problemas em seu histórico, os Cavaleiros do Apocalipse conquistaram um espaço no coração de muita gente. Os problemas começaram após o lançamento de Darksiders II, quando o fechamento do estúdio original e a falência da THQ colocaram em dúvida futuros lançamentos da franquia. A situação melhorou quando a Nordic Games reviveu a THQ através da nova THQ Nordic. Os próximos passos foram o lançamento do Darksiders III e ports dos primeiros Darksiders na atual geração de consoles.


Era evidente que Darksiders precisava se restabelecer de maneira sólida depois de tantas turbulências. Embora o seu desenvolvimento tenha sido conturbado, Darksiders III seria um lançamento significativo para a franquia. Infelizmente, o título evitou sair da zona de conforto e não correspondeu às expectativas do público. Ainda que necessário, não foi naquele momento que a série atingiu um novo patamar. A necessidade de mudanças e melhorias tornou-se urgente, gerando grandes expectativas quando o quarto título foi anunciado.



Se já tivemos narrativas dedicadas a Guerra, Morte e Fúria presentes nos três primeiros jogos, o quarto Cavaleiro do Apocalipse pouco havia aparecido e ainda não tinha uma aventura para chamar de sua. A chegada de Darksiders Genesis finalmente entrega este momento — o título introduz apropriadamente o personagem Conflito e traz novos ares à franquia. Com mudanças tão intensas nos alicerces de jogos conhecidos pelo estilo ação-aventura, o novo Darksiders desenvolvido pelo estúdio AirShip Syndicate faz exatamente o que a série precisava — mesmo com pequenos deslizes.

A união de Guerra e Conflito

Embora seja o quarto jogo da franquia, os eventos de Darksiders Genesis antecedem em alguns séculos os eventos do primeiro jogo. Os quatro Cavaleiros do Apocalipse servem ao Conselho das Chamas (Charred Council), entidades criadas com o objetivo de manter o equilíbrio entre os reinos do Céu e Inferno. O surgimento da raça humana levou a um acordo de paz entre os reinos, para que a  humanidade se prepare para a guerra do Apocalipse que um dia viria. Porém, o Conselho acredita que o rei demoníaco Lúcifer tenha planos para desestabilizar o equilíbrio e convoca dois Cavaleiros para impedir que isso aconteça. Esta tarefa não será simples, e mais uma vez nos vemos em uma trama na qual muitas batalhas sangrentas, traições e conspirações não irão faltar.

Uma das principais mudanças em Darksiders Genesis se refere à sua jogabilidade, que adota um estilo inédito na franquia. Aqui, a câmera que acompanhava o jogador nos primeiros jogos dá lugar a uma perspectiva isométrica, onde a visão do jogador simula um ambiente tridimensional em duas dimensões. Não é um estilo de gameplay inovador e já foi adotado por muitos jogos, como Diablo. Porém, ele se encaixa de maneira muito natural a Darksiders. Os cenários e os elementos que o constituem, os inimigos, as armas… tudo funciona como uma perfeita tradução do que tivemos até agora em uma nova forma. Portanto, o que temos como resultado é que, enquanto Darksiders III falhou ao tentar absorver elementos souls-like genéricos, Genesis caminha em outra direção e acerta em cheio.



Além disso, pela primeira vez temos a chance de controlar mais de um Cavaleiro no mesmo jogo: ao já conhecido Guerra (War), do primeiro Darksiders, se junta a Conflito (Strife), ambos com personalidades opostas e igualmente carismáticos. Guerra é o personagem teimoso e carrancudo que segue as ordens do Conselho sem hesitar e leva suas missões com grande prioridade, enquanto Conflito é debochado, provocador e sempre tem uma resposta afiada. A dinâmica entre eles é um dos pontos mais positivos da história, com momentos bem interessantes (alguns até engraçados).



Os controles estão adaptados para o novo estilo de maneira muito satisfatória e os comandos sempre permanecem exibidos na tela. Como em seu jogo de estreia, Guerra é um personagem pesado, focado em ataques corpo-a-corpo e tem à disposição seus ataques com espada e itens característicos (incluindo a clássica lâmina Vorpal). Já Conflito é bem diferente, mais esguio e faz uso de armas de fogo para atingir inimigos a longa distância. Nesse último caso, o jogador fazer uso do analógico direito para direcionar os tiros. Existe uma barra de tiros especiais que enche conforme o jogador acerta os disparos e, uma vez cheia, aumenta temporariamente o poder de fogo. Ah, finalmente atendendo ao título de Cavaleiros, neste jogo eles podem usar cavalos para agilizar o deslocamento em determinadas áreas.



Se você decidir caçar os demônios aliados a Lúcifer sozinho, será preciso alternar entre Guerra e Conflito a todo momento e usar as habilidades de cada Cavaleiro nos momentos mais adequados. A troca é instantânea, através de uma simples combinação de botões. Mas, se preferir, também é possível se aventurar em modo multiplayer, com dois jogadores, cada um  responsável  por  guiar um Cavaleiro — recurso disponível tanto localmente (em tela dividida) quanto online. O segundo jogador pode se juntar em locais específicos, chamados “pedras de invocação” e que estão espalhadas pelos cenários. As partidas online apresentam um bom desempenho e podem ser abertas para qualquer um ou limitadas somente a amigos.

Embora seja totalmente possível seguir a aventura de Darksiders Genesis sozinho, trocando entre os Cavaleiros conforme necessidade, sem complicações, não há como negar que a adição do modo coop foi uma novidade muito bem-vinda à série e merece continuar presente nos próximos títulos.


Uma aventura pelo inferno

A história do jogo é dividida em capítulos, contando com 17 no total. Basicamente, o jogador deverá resolver puzzles, derrotar vários tipos de inimigos e coletar itens. Em cada capítulo, haverá pelo menos um desafiador boss aguardado por uma épica batalha. Eles possuem muito mais barra de vida que os inimigos comuns, e o processo para derrotá-los envolve aprender os padrões de ataque, observar brechas e revidar no momento certo. O tamanho dos capítulos varia muito, com alguns bem longos e outros contando basicamente com uma boss battle. Essa dinâmica facilita o retorno para uma área já jogada, para eventualmente buscar por algo que tenha ficado para trás.



Em Darksiders Genesis, os cenários são muito bem detalhados e existem muitos caminhos a serem explorados ao longo dos níveis. A exploração tem enorme importância e é fundamental para encontrar itens mais poderosos para personalizar os equipamentos dos Cavaleiros. Por exemplo, conforme o jogador avança na história, será possível desbloquear novos tipos de munições para Conflito e outros equipamentos e golpes especiais para Guerra.

Às vezes, em meio a tantos elementos nos cenários e à ação acontecendo, pode ser muito fácil deixar alguma coisa passar (principalmente ao jogar em modo portátil). Portanto, dedicar-se à exploração e desbravar todos os caminhos possíveis é uma tarefa recompensadora, mas que exige bastante atenção. Os cenários também podem atrapalhar um pouco durante os combates, no caso dos personagens ficarem atrás de paredes — mesmo sendo possível acompanhar a silhueta deles nestes casos.

Entre as recompensas mais importantes que o jogador pode obter estão os cernes de criaturas. Eles são núcleos obtidos de certos inimigos abatidos e podem ser encaixados na árvore de habilidades dos Cavaleiros, garantindo novos poderes e modificando alguns atributos — até mesmo conferindo combos extras. Esse recurso está diretamente relacionado à evolução dos Cavaleiros, já que o uso dos cernes aumenta o poder de combate, vida e fúria de cada um individualmente. Em outras palavras, é essencial fortalecer os dois personagens para progredir no jogo e encarar os capítulos mais avançados.



Se você está preocupado com o que fazer após o fim da história, o post game permite encarar o nível Apocalyptic (o mais difícil do jogo) e um modo de Arena, no qual o jogador é desafiado por hordas consecutivas de inimigos em que a dificuldade aumenta gradualmente. Como recompensa, este modo oferece itens melhores para personalizar os Cavaleiros, podendo ser jogado sozinho ou em coop.

O trabalho visual de Darksiders Genesis está excelente e coeso, com uma ambientação bem fiel ao que já vimos da franquia até agora. A voz original dos personagens principais e secundários, que sempre foi um aspecto positivo, mantém sua qualidade e ajuda a envolver o jogador na trama. Existe um hub principal localizado em um mundo conhecido como Vazio, e a partir dele acessamos os capítulos da história, a loja do jogo (onde é possível vender almas em troca de itens) e outros recursos liberados em momentos mais avançados. Se você já jogou os jogos anteriores, reconhecerá alguns rostos bem familiares. 



A maioria das cutscenes acontecem somente através de ilustrações com diálogos, em um belíssimo estilo HQ. O desempenho no Switch é muito satisfatório ao jogar na TV e, embora a qualidade não seja muito inferior ao jogar com o console em modo portátil, vale mencionar que isso pode ser um pouco incômodo devido ao número de informações presentes na tela.



Infelizmente, Darksiders Genesis não está livre de bugs e alguns deles podem comprometer bastante a experiência, a ponto de impedir o avanço do jogador. É comum inimigos (ou os próprio Cavaleiros) ficarem presos e inatingíveis dentro do chão e, algumas vezes, o jogo chegou a fechar sozinho devido a um erro inesperado. São os tipos de problemas que podem ser corrigidos através de uma atualização.

Renovação alcançada

Darksiders Genesis traz uma renovação extremamente necessária e novidades muito bem-vindas à série e, ainda que tenha pequenos problemas, é uma boa experiência, um legítimo Darksiders que não fica para trás em comparação aos anteriores. Como se trata de um prequel, as consequências de sua história se encaixam com coerência aos fatos de antes do primeiro jogo. Finalmente, agora que todos os Cavaleiros do Apocalipse já foram apresentados, nos resta aguardar pelo jogo que finalmente irá continuar os eventos após a reunião dos quatro Cavaleiros.


Prós

  • Novo estilo de jogabilidade funciona muito bem;
  • Suporte a modo cooperativo local e online;
  • Vozes originais dos personagens continuam espetaculares;
  • Cenários bem detalhados e convidativos à exploração.

Contras

  • Presença de alguns bugs incômodos;
  • Em modo portátil, a quantidade de informações na tela prejudica a visualização.
Darksiders Genesis  — PC/XBO/PS4/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Jorge Neto
Análise produzida com cópia digital cedida pela THQ Nordic

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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