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Análise: Animal Crossing: New Horizons (Switch) é a vida paralela que precisávamos

Divirta-se criando e modificando seu paraíso particular e chame os amigos para visitar e trocar experiências.




Animal Crossing: New Horizons chegou ao Nintendo Switch com muitas novidades e cheio de melhorias muito bem vindas em um título da série principal. Já com uma proposta diferenciada, New Horizons leva o jogador para uma ilha deserta a fim de começar uma nova vida e construir tudo do zero, desfrutando de horas e mais horas de tranquilidade e diversão sem pressão. Com a missão de explorar, povoar e desenvolver o lugar, o papel do jogador em um título da série Animal Crossing nunca foi tão desafiador e ao mesmo tempo imersivo quanto em New Horizons: colete, construa, personalize, modifique, remova, decore, interaja, são algumas das centenas de possibilidades que cada início de dia nessa ilha te reserva.

Expandindo horizontes

Animal Crossing: New Horizons segue os princípios da série principal ao se apresentar como um jogo de simulação de vida, em tempo real, e num mundo fantástico multicolorido, habitado por animais fofinhos com características humanas. Nesse mundo temos variações de períodos do dia, estações do ano e até a presença de datas comemorativas, como Natal e páscoa. Os grandes objetivos do jogo são gradativamente apresentados ao jogador, mas é você que escolhe quando realizá-los, e podem acontecer a seu ritmo, sem pressão de tempo ou de pontuações.


Agora no papel de representante dos residentes desta ilha paradisíaca, precisamos implementar formas de atrair novos moradores e investidores para este lugar. Dentre essas formas, a decoração do ambiente externo e o cuidado com a flora do lugar são certamente algumas das atividades mais divertidas, além de serem bastante trabalhosas. Pensar em criar espaços ao ar livre, regar flores e plantar árvores frutíferas parece fácil, mas o seu perfeccionismo interior irá falar mais alto e você acabará gastando alguns minutos pensando no detalhes.

As tarefas que nos são dadas por Tom Nook são interessantes e adicionam mais trabalho à sua já lotada rotina. Juntar materiais, criar mobiliário, reservar um pedaço de terra para alocar um novo empreendimento, viajar para ilhas misteriosas e convidar moradores são algumas de nossas novas obrigações. É bacana como New Horizons nos coloca no centro de processos que antes aconteciam de forma automática nos jogos anteriores da série, tirando o jogador de uma posição passiva e nos dando muito mais poder de escolha.


Esse maior poder de escolha leva a outro grande fator de Animal Crossing: New Horizons: a grande imersão e o sentimento de dever com essa vida virtual. Quando comparado a outros jogos da série Animal Crossing, esse título nos permite decidir sobre questões muito importantes para o mundo do jogo e que afetam sua experiência como um todo.

A inclusão do jogador no processo decisório não se trata apenas de poder mover coisas de lugar ou alterar a geografia da ilha, mas se faz presente em vários aspectos importantes e de diferentes maneiras ao longo da jogatina. O mais interessante disso tudo é que nunca iremos ver dois jogadores criando ou vivendo da mesma maneira, mesmo que sejam amigos próximo, pois Animal Crossing: New Horizons será experienciado de diferentes maneiras por cada indivíduo.

Um início mais lento

Animal Crossing: New Horizons, como dito anteriormente, apresenta a proposta de um novo começo em uma ilha deserta, mas isso também traz consigo algumas limitações que podem ser mal encaradas por alguns jogadores ao impor um ritmo mais lento no início da aventura.

Ao começarmos o jogo, o primeiro dia é basicamente uma apresentação dos muitos recursos de interação com o ambiente, coleta de materiais, criação de ferramentas básicas, além das soluções e facilidades que Tom Nook e seus sobrinhos têm a nos oferecer nesse novo início. Mas já é possível trabalhar pescando peixes e capturando insetos para fazer uma graninha extra. E se você se esforçar, dá até pra pagar a primeira expansão de sua casa e sair da barraca de camping.


A primeira semana em New Horizons é mais lenta, sendo que a cada dia somos apresentados a novos personagens e temos mais e mais recursos à nossa disposição. Isso porque tudo acontece de forma ‘orgânica’ e não apenas fazendo seleções em menus super complexos: é preciso conhecer os personagens responsáveis por uma função ou recurso no jogo, dar a eles o suporte necessário para desenvolver uma ideia e então, enfim, desfrutar do serviço oferecido por este NPC.


Paciência sempre foi uma virtude necessária à jogadores da série Animal Crossing, e aqui não é diferente. Viagens no tempo ao mudar o relógio do console sempre foram desencorajadas e quem as realiza está sujeito a sofrer alguma punição in-game. Portanto, o jeito aqui é esperar por novos recursos a cada dia e, enquanto isso ir aumentando sua coleção de itens, materiais, e juntando muitos bells, pois serão muito bem-vindos muito em breve.

Visuais arrojados e uma trilha sonora de excelente qualidade

Sendo o primeiro título da série principal em um console de mesa desde Animal Crossing: City Folk (Wii), Animal Crossing: New Horizons se aproveita do poder do Switch para entregar belíssimos visuais e efeitos sonoros marcantes. Seja na tela da TV ou no modo portátil, o jogo não sofre quedas de performance e se ajusta perfeitamente ao gosto de cada jogador, proporcionando a mesma experiência aos amantes dos consoles de mesa e aos que preferem a experiência portátil.


Com cores vibrantes, efeitos de iluminação mais elaborados que dão peso à cenas, e animações de personagens, do ambiente e de objetos do cenário muito mais detalhadas e fluidas, New Horizons é visualmente muito bem trabalhado e proporciona momentos de encantamento, mesmo dentro do tema geral de simplicidade característico da franquia.

A evolução da direção de arte é inegável, ao mesmo tempo em que mantém detalhes nos quais qualquer fã da franquia reconheceria, como os clássicos triângulos de diferentes tons de verde na grama e os círculos marrons nos troncos das árvores, demonstrando aquele toque de capricho e nostalgia.


Mais uma característica marcante da série está de volta em New Horizons, trata-se da variação das canções ambientes a cada 1 hora dentro do jogo. Sendo um total de 24 novos temas, as músicas se adequam perfeitamente ao período do dia e ainda sofrem alterações de acordo com o clima, recebendo novos efeitos quando o tempo está chuvoso, ensolarado, nevando, etc. São composições multi-instrumentais e que te fazem querer colocar fones de ouvido e não tirar mais (um modo music player seria muito bem vindo).

Os efeitos sonoros bizarros nas vozes dos personagens, outra característica marcante de qualquer Animal Crossing, também voltaram. Esses sons dão um tom de humor peculiar e se adequam ao personagem, seu sexo e personalidade.

Uma experiência que precisa ser compartilhada

Imergir no mundo de Animal Crossing: New Horizons é muito divertido e já te consome muitas e muitas horas, mas essa experiência ainda não estaria completa se você não aproveitasse dos recursos multiplayer que o jogo oferece. Visitar a ilha de um amigo ou convidá-lo para a sua é realmente divertido e traz benefícios para ambos os jogadores.

Seja na partilha de uma experiência curiosa, ou ao trocar itens e colecionáveis repetidos, New Horizons oferece uma ótima opção de diversão com amigos, momentos que podem ser eternizados por meio dos recursos de captura de imagens e vídeos do Switch. Fazer poses inusitadas e flagras de momentos embaraçosos são obrigatórios para qualquer jogatina com amigos.

Animal Crossing: New Horizons possui compatibilidade com o aplicativo Nintendo Switch Online, portanto, podemos usar a conectividade por voz para interagir com os amigos. Infelizmente, essa opção não é das melhores, pois interferências e quedas na comunicação são frequentes. Além da opção de voz, tem-se a função Teclado, que é muito boa. Por ela podemos usar o celular para mandar mensagens na tela do jogo, algo bem melhor que digitar usando os controles do Switch.

Apesar de tantas possibilidades de interação, eu e muitos outros jogadores com quem tiver a oportunidade de jogar e conversar, sentimos falta de atividades dedicadas à jogatina multiplayer. A Ilha Tortimer em Animal Crossing: New Leaf era um local exclusivamente dedicado à diversão multiplayer, oferecendo vários mini-games e até uma lojinha própria com itens especiais. Tal recurso não existe em New Horizons, e certamente deixa uma lacuna, já que este foi um modo bastante popular entre os jogadores, que rendia ótimas recompensas a todos os participantes dos divertidos mini-games disponíveis na ilha.


O fator multiplayer local também está presente em Animal Crossing: New Horizons, e dessa vez é possível que até 8 perfis diferentes sejam criados para conviverem em uma mesma ilha. É realmente muito bacana poder dividir o que o jogo oferece e desfrutar da diversão com alguém especial. O problema disso é a limitação imposta sobre a tomada de decisões e modificações na infraestrutura da ilha: apenas o primeiro morador da ilha possui tais poderes. Os outros 7 moradores podem viver ali, mas dependem da vontade do primeiro se quiserem ter sua opinião acatada em aspectos estruturais, como a localização de prédios e melhorias públicas, e infelizmente isso não pode ser alterado de forma simples. Apenas uma ilha pode existir em cada console Nintendo Switch.

Criando seu mundinho particular

Com maiores poderes de personalização, como nunca antes na franquia, Animal Crossing: New Horizons implementa muito bem mecânicas de criações de itens, design de estampas e figurinos, terraplanagem e modificação da infraestrutura de sua ilhota.

Cada uma dessas mecânicas requer algum tipo de investimento, seja ele de tempo ou recursos financeiros dentro do jogo (bells e Nook Miles). Agora com a possibilidade de colocarmos itens também fora de casa, pode-se criar novos ambientes, como por exemplo um parquinho para crianças com escorregador e caixa de areia, ou então uma churrasqueira ao ar livre com mesas e cadeiras para receber os amigos. As possibilidades são infinitas e se limitam somente à sua imaginação.



Os designs criados por você em seu Nook Phone podem ser usados de várias maneiras, seja na customização de uma peça de roupa, em adesivos para o rosto do seu personagem, em placas e sinalização ou até na pavimentação do chão da ilha. Todas essas criações podem ser compartilhadas via internet e possuem seu próprio espaço para divulgação e download de criações de outros jogadores pelo mundo. É certamente uma fonte infinita de inspiração, onde você irá encontrar de tudo, além de poder postar suas próprias criações para servir de modelo para outros jogadores.

Já a terraplanagem, que é um recurso avançado e conquistado depois de vários dias no jogo, te permite alterar porções de terra e o curso dos corpos d’água de sua ilha. Essa função é acessada por meio de um aplicativo em seu Nook Phone e você já pode começar a criar ou derrubar blocos de terra, uma unidade por vez. Elevar o nível de montanhas e criar cachoeiras ou pequenas quedas d’água é muito divertido e abre espaço para criações incríveis. Pela internet é possível ver jogadores compartilhando imagens e vídeos de sua modificações e criando seus paraísos particulares, despertando aquela invejinha e te mostrando que você ainda tem muito trabalho pela frente, se quiser fazer algo realmente muito legal.



Se pararmos pra pensar, essas atividades de criação e customização de elementos micro e macro no ambiente de Animal Crossing: New Horizons são um ‘extra’, e não afetam diretamente seu progresso ou o desenvolvimento da comunidade da ilha, mas são tão populares e intrínsecos à natureza da franquia, que se tornaram indispensáveis à qualquer título que venha a ser lançado no futuro da franquia.

Existem milhares de sites e perfis em redes sociais dedicados ao compartilhamento de conteúdos customizados por jogadores e de dicas gerais sobre Animal Crossing pelo mundo. O estímulo à criação e à partilha de experiências oferecida em New Horizons leva à transição dessa vivência para além do console, fortalecendo a comunidade de jogadores ao unir pessoas com um gosto em comum.

Aproveite cada momento de tranquilidade

Seja você um veterano em Animal Crossing ou alguém que adquiriu o jogo pela curiosidade, New Horizons sempre será um ótimo ponto de partida. Com belíssimos visuais, uma trilha sonora cativante e várias maneiras de interação com outros jogadores, este título traz inovações necessárias e um novo ar à franquia, sem perder nem um pouco do charme e carisma que a tornou tão popular. Cada início de dia pode ser cheio de surpresas e certamente, de muito trabalho também. Você irá se ocupar de muitas maneiras e vai querer estar sempre de volta a esta nova vida virtual, pois a imersão proporcionada por New Horizons é sem precedentes na série.


Se você gosta de colecionar insetos ou peixes, experimentar infinitas combinações de roupa em seu personagem (fazer cosplay, talvez), coletar frutas e fazer um dinheiro extra, ouvir piadinhas estilo ‘tio do pavê’ e trocadilhos inteligentes, rir muito das loucuras que seus vizinhos fazem de vez em quando, ou se apaixonar por centenas de personagens carismáticos, Animal Crossing: New Horizons é pra você.

Prós

  • Belos visuais;
  • Trilha sonora cativante;
  • Boa performance;
  • Imersão sem igual;
  • Se adapta ao estilo de cada jogador, sem pressão;
  • Replay infinito;
  • Encoraja a interação e partilha com outros jogadores;
  • Grandes recompensas pelo empenho do jogador.

Contras

  • Ausência de mini-games ou atrações dedicadas a multijogadores;
  • Limitação impostas sobre vários jogadores em um único sistema;
  • Início mais lento pode afastar jogadores.
Animal Crossing: New Horizons – Switch – Nota: 9.5
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
Animal Crossing: New Horizons está disponível na Loja Nintendo

Estudante de Letras, apaixonado por vídeo-games e música. Gosta de conversar sobre hobbies em comum, receber dicas e recomendações e de capturar monstrinhos de bolso enquanto explora Hyrule.
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