Análise: Fury Unleashed (Switch) combina gráficos cartunescos e ação frenética

Prepare-se para conhecer um jogo divertido e caótico em formato de HQ, que une a jogabilidade de plataforma com o folhear de uma página.

em 28/05/2020
Fury Unleashed foi desenvolvido pela Awesome Games e passou por diversas melhorias, desde sua prévia em 2019, e que literalmente dão vida ao trabalho de John Kowalsky. Podemos dizer com clareza que o game é um dos melhores em seu segmento e embora tenha muitas semelhanças com outro Roguelite famosíssimo, o modo como foi desenvolvido, a história que envolve cada capítulo, as opções de customização, um abismo entre os níveis de dificuldade… tudo isso se completa tão bem que não tem como jogar sem se divertir e ao mesmo ser desafiado ao extremo.

Não é só uma história em quadrinhos

A história principal é dividida em três revistas: Despertar dos Deuses Antigos (primeiro cenário, que funciona como uma espécie de "tutorial"), Operação Crimson Dusk e Última Chance da Terra. Como conteúdo bônus, há caderno de rascunhos com histórias inacabadas e, para termos acesso a esse conteúdo, será necessário derrotar os três chefões finais de cada uma das revistas. Simples não? Errado! Acreditem, será bem difícil chegar até eles com uma quantidade legal de vida, pois o dano é acumulado e não há checkpoints – derrotá-los será muito, mas muito trabalhoso, e sem dúvidas eles guardam combates memoráveis.



A trama toda se passa em torno de John Kowalsky, artista responsável pela criação do personagem Fury, a mais de 20 anos. No momento, o escritor passa por uma crise de criatividade e isso está prejudicando não apenas a produção de novas histórias, mas também as que já estão publicadas. O mais interessante disso tudo é que o criador está em uma crise de criatividade sendo que o game em si é uma obra extremamente criativa. Controverso não?

O que torna estas aventuras ainda mais singulares em relação aos demais jogos do gênero é a possibilidade de jogá-las em um modo cooperativo para sufocar os inimigos em tela (e que são a maioria nesse caso) e, com isso garantir o sucesso da missão. Cada HQ possui três capítulos e todas as fases são geradas de forma aleatória, ou seja, logo no primeiro capítulo podemos ter dois mini-chefes que irão drenar muito nossa vida, dificultando assim nosso avanço pelas páginas.



Por falar nisso, o jogo lhe oferece uma tremenda ajuda ao permitir que o personagem atire sozinho nos inimigos. Ainda, há um segundo auxílio de mira que cria um feixe infravermelho com o destino final dos tiros. Para as crianças, há o Bloodless Mode - sem sangue - e que torna as aventuras mais cartunescas e ainda mais engraçadas. A trilha sonora que envolve o game também é primorosa, pois permite tensionar o jogador a todo momento. Não importa se é o primeiro quadrinho da primeira fase ou se é o último chefão: você ficará tenso.

Caso a sua praia seja muita adrenalina enquanto tem que calcular todos os movimentos de Furry, o modo Hard é sua escolha. Inclusive, há um aviso dos desenvolvedores dizendo que essa é a dificuldade na qual Fury Unleashed deve ser jogado e todas as conquistas estão liberadas. Agora, se a sua premissa é curtir a história e mesmo assim ter algum desafio, você pode optar pelo modo Easy e ser ajudado tanto na hora de mirar quanto de atirar. Entretanto, a maioria das conquistas serão desativadas. Dessa forma, o jogo te “pune” por não enfrentar aventuras mais difíceis. E você, está à altura do desafio?

Cada quadrinho é uma nova história

Assim como os clássicos, Fury Unleashed possui uma vasta coleção de armas e itens que poderão ajudá-lo durante a história. Isso sem falar nas opções de customização do próprio personagem, que recebe avatares diferentes de acordo com os inimigos derrotados. Para cada capítulo, uma arma específica será melhor em virtude de seu longo alcance ou grande quantidade de balas que seu cartucho possui. Neste jogo, simplesmente avançar para a outra tela não quer dizer que estaremos seguros, pois a quantidade de inimigos presentes é imensa e geralmente, quando estamos com menos vida é quando mais damos de cara com eles.



Portanto, uma ajudinha extra é necessária e diversos NPCs estão espalhados pelas fases, podendo fazer acordos, trocas ou estipular algumas condições para que Fury possa ter alguma vantagem sobre seus inimigos. O vampiro pede uma quantidade de sangue em troca de um item (pouco sugestivo). Já o diabo fará contratos “vantajosos” para oferecer uma ajuda. Essas negociações ocorrem durante o jogo de forma super descontraída e com o intuito de confundi-lo durante a jogatina. Portanto, leia atentamente as propostas para não acabar perdendo mais do que ganhando.



Ainda que seja um game de progressão lateral, há a possibilidade de subirmos, descermos, ir na diagonal, do avesso: o game te dá essa liberdade assim que entramos em um novo quadrinho. Seguindo um esquema de portais - ou mini-checkpoints - podemos chegar rapidamente a um quadrinho, sem ter que passar por todos os outros novamente. Essa ferramenta pode ser utilizada para revisitar telas onde há uma área em preto e branco, que garante ao jogador recompensas excelentes, como armas fortes e permanentes ao derrotar uma horda de inimigos ou superar obstáculos sem levar danos.



Embora estas fases sejam a alegria do jogador quando as encontra, saiba que todos estes itens não pertencem a Fury e sim aos quadrinhos. Quando morremos, voltamos do começo e tudo o que foi conquistado ficará para trás, com exceções da possível arma permanente e dos pontos de melhorias. Para podermos escolher qual quadrinho jogar, teremos que derrotar os três chefões, ou seja, evite ao máximo perder toda a sua vida. Morrer nesse jogo faz parte e até mesmo os desenvolvedores brincam com isso - ninguém consegue de primeira. Depois da terceira ou quarta vez você pega o jeito.

Os apêndices da narrativa

As poucas opções de HQs podem causar a sensação de que o jogo tenha pouco conteúdo, chegando a ser natural, tendo em vista que a história é a alma desse jogo. Porém, basta uma rápida “folheada” no menu de upgrades para ver a extensa lista de desafios para superar. Nada, absolutamente nada, move mais um jogador, mais do que as conquistas disponíveis.



Poder mostrar ao colega que eu tenho um troféu e ele não é uma sensação indescritível. Há também uma grande árvore de melhorias que poderão e vão nos auxiliar no processo de conquista, especialmente depois de passarmos por algum perrengue ou morrermos 10 vezes seguidas em busca de um troféu. Em suma, você terá uma das melhores horas de jogatina, seja na televisão ou no modo portátil.

Prós

  • O visual de histórias em quadrinhos é simples e exuberante;
  • Ótima variedade de personagens e detalhes gráficos;
  • Quantidade absurda de armas, equipamentos e melhorias;
  • Permite a exploração unilateral das fases;
  • Possui modo cooperativo local;
  • Trilha sonora empolgante e marcante;
  • Pune os jogadores que optam pelo modo Easy.

Contras

  • Poderia ter mais opções de revistas;
  • Ausência de uma dificuldade média.
            Fury Unleashed  — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 9.0
            Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Awesome Games
Revisão: Felipe Fina Franco

Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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