Perfil

Conhecendo Blathers e suas melhores reações

“Hooooo... WHO?!”. Saiba mais sobre a coruja acadêmica de Animal Crossing.

A figura da coruja na cultura e simbologia popular sempre foi representada por atributos como a inteligência e a sabedoria. Kaepora Gaebora não nos mente ao lembrar que, nos games, a coruja também aparece como uma figura cerebral: ela ajuda Link nos jogos da série The Legend of Zelda em que participa.




Acredita-se que a coruja seja reencarnação do sábio Rauru, um dos Sevens Sages. As conversas entre o jovem Link com o animal sempre são recheadas de avisos e cuidados. Esses diálogos, inclusive, podem ser ouvidos mais de uma vez pelos jogadores, com Kaepora repetindo lentamente as palavras. Mas tenho quase certeza que, na maioria das vezes, isso tenha acontecido sem querer (quem nunca?).

Todo esse background do animal foi apresentado para trazer o protagonista desse Perfil: Blathers, a coruja acadêmica de Animal Crossing. Blathers é o curador do museu dos títulos da série, incluindo o mais recente New Horizons. Assim como Kaepora Gaebora, suas falas no jogo são repletas de informação e conhecimento. Elas se baseiam nas especialidades de sua casa, que abriga insetos, peixes, fósseis e artes.

Ao contrário das passageiras participações da coruja do mundo de Zelda, Blathers é mais presente e ativo nos jogos de Animal Crossing, se hospedando nas terras dos jogadores. Um de seus atributos cativantes é sua personalidade. Aprendemos a amar esse personagem no jogo, tanto que ele se tornou meme na internet com seu jeito de ser.

Quem é?

Blathers é um erudito que habita o universo de Animal Crossing. Nascido no dia 24 de setembro, o libriano ocupa a função de curador nos museus da série, organizando e decidindo o que vai para as exposições. Ele é capaz de explicar sobre tudo que está nas apresentações. Assim como as outras corujas, Blathers tem uma natureza noturna. Durante o dia, podemos pegá-lo no flagra dormindo dentro do museu. E amigos, uma das reações mais legais do jogo é o susto que o personagem toma:

Ao longo do dia, é inevitável entrar no museu para fazer uma doação ao acervo sem acordar o noturno Blathers. Sua reação inclusive virou meme na internet, com diversas tentativas de imitar o susto. É interessante perceber como todos os sons do personagem são espelhados nos sons da ave no mundo animal, baseados em algo como “hoot-hoot”. Isso nos lembra de outras corujas do mundo da Nintendo, como a linhagem de Hoothoot e Noctowl de Johto, em Pokémon. Vale lembrar que a palavra “hoot” pode ser traduzida para o verbo “piar”.

A origem do nome do personagem também foi baseada em sua personalidade. Blathers deriva da palavra inglesa “blather”, que também é um verbo. Seu significado representa algo como “uma longa conversa”, que muitas vezes se torna sem sentido de tanto que é prolongada. A sua tradução frequentemente recai em “tagarelar”.


Blathers é, de fato um tagarela, que fala bastante e muitas vezes se perde em suas explicações. Contudo, não significa que suas falas sejam sem conteúdo ou que sua cabeça esteja confusa. Talvez o pobre coitado esteja apenas sonolento ao longo do dia, quando vamos entregá-lo algum material.

Sua história é interessante dentro do jogo. Quando criança, ele morava com sua família na cidade. Além dos pais, a ave dividia a casa com sua irmã mais nova, Celeste, outra coruja que aparece no game. Após terminar o ensino médio, Blathers foi para universidade. Lá, ao longo dos anos, estudou e foi aprovado em provas até chegar no seu doutorado.


Conta a história que, dentro da faculdade, após ingressar no curso de doutorado, foi orientado por um professor, que sugeriu à coruja que ele trabalhasse dentro do Farway Museum. O cargo mencionado por seu professor era o de curador e diretor do museu, tarefa que nenhum dos outros funcionários queria ocupar. Blathers aceitou a proposta.

No museu, o personagem emite frases com teor de saudade de sua casa e expressa seu desejo de ser um paleontólogo. Acredita-se que, em função de seu trabalho no museu, o personagem, dentro dos primeiros jogos da série, não conseguiu concluir todos os estudos que desejava, incluindo seu doutorado.

Essa evidência parte da ideia de que os fósseis precisavam ser analisados pelo Farway Museum, para saber do que se tratava. Porém, nos jogos mais recentes, Blathers já possui habilidade de reconhecer fósseis, o que prova seu talento como arqueólogo/paleontólogo e a possibilidade de já ter concluído seu curso de doutorado. Em Wild World, é dito que ele está na faixa entre 20 e 30 anos, uma idade considerada jovem para tanto conhecimento.

Quanto a sua aparência, Blathers usa uma gravata borboleta de cor verde e tem em sua barriga o que parece ser um suéter xadrez. As duas roupagens lembram muito o caráter acadêmico da coruja.

Precisamos falar sobre entomofobia 

Dentro do museu, Blathers aceita dos Villagers doações de insetos, peixes, fósseis e artes. São muitas espécies catalogadas pelo estudioso, mostrando a variedade da fauna do universo de Animal Crossing. Contudo, é na relação com o material do seu museu que o personagem constrói parte de sua personalidade no jogo. O pobre Blathers sofre de um grave caso de entomofobia.

A doença citada, também conhecida como insectofobia, é esclarecida pelo dicionário Michaelis como “medo anormal de insetos”. A condição de Blathers é cruel em sua essência irônica: insetos como grilos, larvas e gafanhotos fazem parte da dieta das corujas. Em Animal Crossing: New Horizons, boa parte de suas melhores reações ocorrem ao doarmos insetos para o museu.

Apesar disso, é necessário parabenizar a coruja por sua coragem. Por maior que seja sua fobia, Blathers consegue administrar seu desgosto e aceitar as doações. Porém, em troca, o jogador ouvirá todas as suas reações de choque e desgosto. O problema é sério mesmo, e o personagem chega a mencionar os insetos como a desgraça de sua existência.

Quanto aos fósseis e peixes, o animal sente prazer em conversar e contar tudo o que sabe. Quando se trata dos animais aquáticos, principalmente em Wild World, ele adora falar sobre o gosto de cada peixe.


Em Animal Crossing: City Folk (Wii), uma revelação: a origem do desgosto de Blathers por insetos surgiu em sua juventude. Ele conta em suas memórias que, quando jovem, ovos de louva-a-deus se abriram em sua mesa de estudo. Centenas de insetos saíram correndo e pulando por aí, causando tremendo pavor em Blathers. Para quem quiser ouvir a história, basta doar um louva-a-deus para o museu no jogo de Nintendo Wii.

Paleontólogo ou arqueólogo? 

Uma pequena dúvida surge quanto à profissão de Blathers. O rapaz de Animal Crossing trabalha, em seu museu, com fósseis, além das criaturas vivas que aceita para as exposições. O teor desses fósseis são vestígios das vidas passadas em nosso planeta Terra. Tanto arqueólogos quanto paleontólogos trabalham com esses artefatos, o que comumente gera uma dúvida nas pessoas. A especialização do personagem não é esclarecida totalmente, não ficando clara qual foi a sua escolha. Mas, com base em jogos como New Horizons, podemos chegar em um acordo.

A principal diferença entre essas duas culturas está nos objetos de análise e interpretação das vidas passadas. Ambas trabalham com fósseis, mas eles são de vestígios diferentes: a paleontologia se concentra na análise da vida animal e vegetal, enquanto a arqueologia está presente nos estudos da cultura e vida humana.

Esses resultados implicam também na diferença dos tempos estudados. Como a vida humana é mais recente, os estudos dos vestígios de civilizações feitos pelos arqueologistas se concentram em tempos como dez mil anos atrás. Do outro lado, paleontólogos trabalham com formas de vida mais antigas. Seus fósseis podem ter dezenas ou centenas de milhões de anos.

Isso aproxima Blathers da paleontologia, focado nos estudos dos vestígios da vida vegetal e, principalmente, animal. O curador do museu aceita, em sua maioria, fósseis de dinossauros, que foram as formas animais que viveram em nosso planeta entre 215 e 65,5 milhões de anos atrás. Entre seus dotes, também estão a geologia e biologia, ciências irmãs da paleontologia. Blathers entra na lista dos paleontólogos mais famosos da nossa cultura pop, disputando o primeiro lugar com Ross Geller, da série Friends - outro personagem famoso por seus momentos de “blather”. Seria essa uma característica dos estudiosos dessa área?

Aparições e curiosidades 

Blathers tem em seu currículo participações nos maiores jogos da série Animal Crossing, aparecendo em Animal Crossing, Wild World, City Folk, New Leaf e New Horizons. Na capa do primeiro jogo da franquia, ele pode ser encontrado no telhado.

Algumas curiosidades cercam o personagem, principalmente o seu nome. Blathers recebeu traduções nas versões de diferentes linguagens. Seu nome coreano, por exemplo, é Bueong, uma tradução livre para o verbo “hoot”. A tradução mais original foi feita para a versão em língua espanhola dos jogos. Blathers virou Sócrates, referência ao filósofo ateniense da Grécia Antiga.

O personagem ganhou um fiel amiibo lançado em janeiro de 2016. Blathers também é figura de troféus e spirits na série Super Smash Bros..

Caras e Reações 

Ao longo da matéria, pudemos acompanhar algumas das reações mais engraçadas de Blathers. Elas variam de acordo com o material doado. A mais famosa é seu susto, que já foi mostrado aqui. Confira outros melhores momentos do personagem em Animal Crossing: New Horizons: o desgosto, a fobia, a felicidade e o interesse.

Fascinante, não? 

Blathers nos fascina com sua história e seu esforço no trabalho. O personagem, que infelizmente atrai algumas críticas por ser tagarela, é figura carimbada na série Animal Crossing. Em New Horizons, jogo mais recente da franquia, ele é um dos primeiros personagens apresentados no jogo e um dos primeiros a chegar nas nossas ilhas. Criamos um vínculo com o corujão.

O paleontólogo é um dos pilares mais interessantes da série. O seu desejo de catalogar as espécies, fósseis e artes aumenta muito a questão replay do jogo. Ao pegarmos uma nova espécie, a satisfação de levá-la ao museu para Blathers nos premiar com sua sabedoria é enorme. E nada mais legal que ouvir o personagem falar, falar e se perder. Como diria o próprio Blathers: “Fascinante, não é mesmo?”. E que fascínio é tê-lo na série.
  
Revisão: Davi Sousa




Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
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