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Análise: Aeolis Tournament (Switch) surpreende nos minigames, mas decepciona no resto

O multiplayer é uma boa pedida para quem quer se divertir em larga escala, mas somente no modo local.




Se tem uma coisa que podemos dizer sobre Aeolis Tournament (Switch) é que ele é surpreendentemente divertido. Imagine que você tem um soprador e aspirador de pó nas mãos e deve usá-lo em minigames para ver quem marca o maior número de pontos: essa é a premissa do jogo.

Brincando com ar

O jogo começa direto e simples: é um grande torneio e você deve sair vitorioso. Apenas isso, nada mais. Logo na tela inicial podemos escolher se jogaremos localmente ou online, o personagem, as condições de jogo e voilà, já estamos no campo para uma partida.

Esse começo nada cerimonioso pode causar estranhamento na maioria dos jogadores, já que poucos (para não dizer ninguém) são familiarizados com o título e suas mecânicas, mas nada que uma ou duas partidas não resolvam. Conforme mencionado, você deve utilizar o canhão de ar em sua mão para conseguir pontos nas partidas do jogo.


Não é difícil se acostumar com a jogatina, pois só há dois comandos no game inteiro, andar com os direcionais e sugar e atirar ar com o botão A. Nenhum outro botão é utilizado e todos os minigames se voltam para essa simplicidade nos comandos - um ponto positivo, uma vez que que o jogo se torna bastante democrático, qualquer um dos controles suportados pelo Switch funcionam perfeitamente. Para a proposta, é o ideal.

Ao todo, temos seis modalidades de minigames:
  • Tempestade Perfeita: os jogadores estão todos em uma ilha que mais parece uma semente de urucum e têm que jogar seus adversários na água. A cada um caído, são adicionados 100 pontos no placar, com o adicional de uma dezena caso derrube mais de um por vez;
  • Hóquei de Mesa: o mais simples de todos, é apenas para jogar o disco de hóquei no gol adversário;
  • Bola Esportiva: uma versão tunada do anterior. Ao invés de um disco de hóquei, as bolas podem ser diversas: de futebol, praia, vôlei, tênis, futebol americano e até o disco de hóquei. O cenário parece ser em um vulcão e erupções ocorrem no chão para atrapalhar os adversários;
  • Queimada Explosiva: os jogadores são separados em dois times e devem tacar bombas e/ou objetos no cenário nos adversários para arremessá-los para fora da arena suspensa;
  • Batalha na Neve: é igual a uma guerra de bolas de neve, o jogador deve sugar as bolas de neve do chão e arremessar nos adversários. O jogador pode acumular até 3 bolas de neve em uma bola maior e conseguir mais pontos ao acertar os adversários;
  • Ladrão de Gude: cada jogador possui uma canaleta e deve jogar o máximo de bolas nela. O complicado é que o cenário gira no próprio eixo e os jogadores podem cair nas canaletas também.
Pessoalmente, “Ladrão de Gude”, “Queimada Explosiva” e “Tempestade Perfeita” são as melhores modalidades disponíveis no jogo. As três conseguem combinar o caos que o título pode alcançar com a adrenalina de um minigame competitivo. Se colocarmos oito adversários na partida, a bagunça e a diversão são certeiros.

No texto isso pode não transparecer, mas mesmo se você estiver jogando sozinho contra o computador, é possível se divertir e engajar com a competitividade com a qual esses modos foram idealizados.


As outras modalidades também são muito boas e divertem, mas não alcançam o mesmo nível de diversão. O ritmo delas é bem mais lento e a falta de um botão para correr culmina em uma sensação de lentidão dos modos. O “Hóquei de Mesa”, em especial, é um minigame que briga com “Bola Esportiva”, pois se parecem demais, só diferindo no tema, enquanto um é no gelo e o outro em um vulcão. Ao meu ver, seria mais interessante condensar os dois e ocupar o espaço do Hóquei com outro minigame mais original.

Para trazer uma camada maior à jogatina, aparecem ícones no chão com power-ups para o jogador. Eles fazem o jogador correr mais rápido, ficar mais pesado e, consequentemente, menos afetado pelos jatos de ar dos inimigos e também podem tornar os ataques mais poderosos. Mesmo tornando a jogatina mais dinâmica em alguns minigames, esses aditivos não conseguem consertar o problema da falta de um ritmo mais intenso.

Um ponto que me incomodou desde o início é a falta de um modo single-player. Sinto que ter um modo estilo Arcade ou História ajudaria a apresentar melhor o mundo de Aeolis Tournament e daria ao jogador algumas horas de jogatina sozinho para depois se aventurar no multiplayer.


O jogador, sozinho, pode apenas escolher jogar as partidas do modo local, mas sendo o único a controlar o personagem, o resto dos adversários serão CPUs, o que pode ser divertido, mas não se sustenta sozinho mais do que uma ou duas partidas.

Ser um jogo estilo Party com foco no multiplayer é ótimo, mas não ter nenhum espaço para uma jogatina mais solitária acaba afastando o interesse do jogador que busca algo mais do que uma partida em conjunto. Sem contar que corrobora para a banalização completa dos personagens. Já que se trata de um grupo desconhecido e não temos nada além dos stats e as aparências deles como atrativos, resta zero espaço para conhecê-los ou expandir o mundo no qual estamos inseridos.

Para aqueles que se aventurarem no jogo, aconselho que joguem com Wolfman, o lobo. É o personagem mais equilibrado em stats e com ele consegui um desempenho melhor do que com os outros. Apesar do equilíbrio das habilidades não parecer perceptível, a melhor opção segue com o personagem “padrão”. Dessa forma o título perde as chances de arrecadar fãs para tornar o título viral e, consequentemente encher o modo online, que é a grande estrela desse game.

No Brasil não há multiplayer online pra mim


Eu juro que tentei, mas não consegui entrar em uma única partida online desse jogo. O problema é que não há mais ninguém para jogar junto, pois o servidor do game separa os jogadores por região e na América do Sul sempre havia duas pessoas online, contando comigo. Nesse primeiro momento em que o jogo ainda é pouco conhecido, seria mais interessante que o servidor abrisse a possibilidade de partidas com o público mundial do game, pelo menos aumentaríamos a chance de uma partida ocorrer uma única vez.

É bacana a preocupação em separar os grupos para garantir uma estabilidade e disponibilidade de jogadores, mas por se tratar de um título estreante, seria mais inteligente expandir as possibilidades, ao invés de dificultar que o jogador desfrute do modo principal do game.

Tenho certeza que esse jogo é uma ótima opção para quem quer entreter as crianças e ainda se divertir junto. É um título que suporta até oito jogadores locais e/ou online, mas peca em não oferecer nada mais do que isso. Ao mesmo tempo em que o game pode atrair a atenção de jogadores menos acostumados com o mundo dos games, ele pode entreter de forma segura, por não se aproximar em nada de algo violento



Somando isso aos controles simplificados e um título completamente localizado para o nosso idioma, é uma boa forma de entreter uma festa infantil sem precisar colocar um título mais complexo ou possivelmente impróprio na televisão.

No mais, é um título que se desgasta fácil nas mãos de qualquer jogador com o mínimo de experiência com videogames. Mesmo com os acessórios desbloqueáveis, que podem ser adquiridos com a moeda do jogo, a falta de outros atrativos não trazem nenhum espaço para um fator replay.

Talvez o foco no público infantil possa ter resultado nesses pontos de melhoria, mas sabemos bem que diversos jogos mais family-friendly foram capazes de oferecer uma gama infinita de opções ao jogador e garantir uma simplicidade de jogatina tremenda. Podemos contar com toda a série Mario Party como exemplo, além de diversos jogos mobile.


A falta de robustez, tanto no modo online quanto no multiplayer torna toda a diversão dos minigames pequena, se comparada à infinidade de jogos disponíveis no mercado do mesmo gênero. Espero que a equipe de desenvolvimento esteja preparando atualizações para tornar o game cada vez mais atrativo e assim fazê-lo brilhar em seu potencial.

Prós

  • Minigames divertidos;
  • Capacidade para até 8 jogadores simultâneos;
  • Localizado para o português.

Contras

  • Fator replay inexistente;
  • Modo online fraco;
  • Nenhum modo single-player;
  • O conjunto não oferece nada além de seis minigames.
Aeolis Tournament - Switch/ XBO / PS4 / PC - Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Ícaro Sousa
Análise realizada com cópia digital cedida pela Beyond Fun Studio

Estudante de Sistemas da Informação que gostaria de aprender todas as línguas existentes, mal sabendo lidar com as duas que já fala. Descobriu seu amor pela Nintendo ao conhecer Super Mario 64 e desde então nunca mais largou os cogumelos, karts e rúpias que encontrou em seu caminho.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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