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Análise: Mr. Driller: DrillLand renova e traz um dos melhores puzzles do GameCube para o Switch

Além disso, essa também marca a primeira vez que o título é lançado no ocidente.



A franquia Mr. Driller — ou "Senhor Escavador" para os mais íntimos — surgiu em 1999 como um sucessor espiritual de um dos maiores jogos da era de ouro dos arcades. A Namco (atual Bandai Namco), além de lançar títulos inesquecíveis como Pac-Man, Ms. Pac-Man e Galaga, também cativou o coração de milhares de gamers oitentistas com as aventuras do escavador Taizo Hori em Dig Dug. Quer dizer que você não sabia que o protagonista do clássico fliperama "de cavar" tinha nome? Não só um nome, mas também um filho e toda uma família que protagoniza uma história inesperadamente similar a um anime das antigas.

O game que originalmente seria Dig Dug 3 acabou se tornando o primeiro Mr. Driller, estrelando o filho de Taizo Hori, Susumu. Dos vários títulos disponíveis durante os anos 2000, Mr. Driller: DrillLand, lançado apenas no Japão para o GameCube, é considerado o melhor entre eles e o ápice da franquia. Em 2020, 18 anos após o lançamento original, DrillLand enfim está disponível no ocidente e mais bonito do que nunca — o que certamente é uma ótima notícia para os fãs de puzzles no Switch.

Um parque cheio de atrações coloridas e divertidas



Logo na abertura, fica claro que toda a parte gráfica, sonora e apresentação do jogo são incríveis — sério mesmo, dá uma olhada nessa abertura e me diz se não parece algum anime mais inocente dos anos 70/80. Os menus são estilosos, bastante clean e rápidos, os gráficos são agradáveis (e adoráveis), todos os loadings durante o jogo passam voando e a trilha sonora é maravilhosa. O mundo de DrillLand é colorido, animado, empolgante e talvez um tanto bobo, mas 100% dublado em japonês por ótimos dubladores.

Além de deixar você facilmente feliz e contente, DrillLand conta uma história simples, mas também complexa demais para o gênero do game. Susumu e sua trupe composta por seu pai, sua amiga/rival, seu irmão mais velho, seu cachorro falante e um robô são convidados para conhecer o novo parque de diversões do Dr. Manholle — o DrillLand do título. Chegando lá, todos se divertem em cinco atrações/modos de jogo diferentes cheios de cutscenes de anime no meio e parecem não desconfiar de nada até o momento final. Após você completar o nível um de cada uma das atrações, uma simples fase, que funciona mais ou menos como um "último chefão", acontece logo após Manholle revelar seu plano de destruir o mundo com uma broca gigante.



Mr. Driller manteve a clássica mecânica de cavar do seu antecessor, no entanto se tornou algo mais próximo a um híbrido de Dig Dug com Tetris. Em vez de simplesmente cavar a esmo procurando inimigos para inflar e derrotar, em Mr. Driller o objetivo é chegar no fundo do cenário enquanto você combina blocos da mesma cor. Em todos os estágios nível um, que representam a campanha "principal" do jogo, você tem que alcançar os 500 metros de profundidade para completar o desafio — sendo que a cada 100 metros alguma coisa muda, como a cor dos blocos, os obstáculos e até a música ou a temática geral.

Cada uma das cinco atrações possui alguma peculiaridade no gameplay, mas todas compartilham uma mesma lógica: cavar um bloco também destrói todos os blocos adjacentes que forem da mesma cor, e, durante o processo, blocos podem cair em cima de você e atrapalhar o seu progresso. Blocos se conectam com outros da mesma cor, e são destruídos quando quatro ou mais se encontram, criando reações em cadeia. 

A ideia é prestar atenção onde você está destruindo os blocos e onde eles potencialmente podem cair, mas, em vários momentos, isso é bem difícil de ser feito — principalmente em estágios em que é preciso seguir em frente (nesse caso, abaixo) o mais rápido possível. A maioria das fases possuem a mecânica do oxigênio, algo que coloca você em movimento constante graças ao ar perdido gradualmente. Cápsulas de oxigênio podem ser coletadas para recuperar 20% do seu ar, só que também é possível perder 20% ao ser atingido por qualquer bloco ou ao tentar quebrar blocos marrons. No final das contas, estratégia, velocidade e um pouco de sorte sempre estão presentes.

Um dos aspectos mais legais de DrillLand são os seus distintos modos de jogo. De certa forma, cada atração é o seu próprio minigame, e é totalmente possível preferir umas no lugar de outras. Drill Land World Tour segue o gameplay padrão da série; Star Driller é uma aventura no espaço com "blocos-estrela" que somem após algum tempo e power ups especiais; Drindy Adventure segue uma temática Indiana Jones, sem a mecânica do oxigênio e com direito a pedras rolantes, armadilhas e ídolos dourados; Horror Night House funciona quase como um Pac-Man, seu objetivo é exorcizar fantasmas dentro de blocos com água benta e destruí-los; e, por último, The Hole of Druaga, uma paródia de outro jogo da Namco, The Tower of Druaga, que coloca você explorando um mapa com diferentes zonas (e vários itens ativáveis para coletar), com o objetivo de encontrar a chave para a batalha final com o chefão. Ah, cada atração é "protagonizada" por um personagem diferente, com exceção da primeira, em que é possível escolher o seu preferido.



Embora a estrutura básica das atrações seja essencialmente a mesma, as diferenças até que são bastante significativas. Pessoalmente, eu me diverti mais jogando os modos sem a mecânica de oxigênio, principalmente Drindy Adventure. Embora o conceito do tempo faça parte do gameplay central de Mr Driller, poder pensar bem e com calma no meu próximo passo se provou algo bastante recompensador. O jogo não é nada fácil desde o começo, e principalmente, durante os níveis extras destravados após a batalha com Manholle, portanto qualquer oportunidade de parar e pensar com calma nos meus movimentos era bem-vinda.

Falando em dificuldade alta, os desenvolvedores pensaram nisso e lembraram de oferecer um modo casual além do "clássico". Pouca coisa muda, no entanto — basicamente você ganha uma vida a mais em todos os estágios —, e sinceramente vale mais a pena encarar o desafio original desde o começo. Se o progresso ficar muito complicado (o que provavelmente acontecerá em algum momento) é possível comprar vários tipos itens de suporte específicos para cada atração, que concedem efeitos como uma barreira de ataques ou uma vida extra. Além desses itens, vários colecionáveis estão disponíveis para quem gosta desse tipo de coisa, desde cartas dos personagens até itens temáticos. 



Quanto ao multijogador, infelizmente nenhum modo online está disponível, mas é possível jogar em modo multiplayer local com até quatro jogadores. Há dois modos disponíveis: uma corrida paralela na qual todos os jogadores competem em um cenário idêntico, mas em telas separadas; e um modo caça ao tesouro, em que os jogadores correm atrás do prêmio dividindo a mesma tela. Embora nenhum dos modos seja absurdamente incrível, eles ainda contam como uma adição válida. Além disso, como o jogo arcade que é, DrillLand possui um leaderboard online sempre ativo contando seus pontos e comparando com jogadores ao redor do mundo.

Sem dúvidas, Mr. Driller: DrillLand é um jogo de puzzle estilo arcade excepcional. Fãs do gênero certamente irão se deliciar com um mundo divertido, complexo, cheio de conteúdo e pequenos detalhes. O gameplay segue a linha de ser muito fácil de aprender, porém bem complicado de adquirir maestria — perfeito para o gênero dos puzzles de ação, que misturam um pouco de plataforma no processo do quebra-cabeça. É fácil gastar umas boas e divertidas horas tentando passar do nível um de cada atração (sem falar dos outros níveis), mas não dá para negar que o grind pode ser um pouco frustrante. 


Para o jogador curioso que queira talvez experimentar algo novo, alguns fatores podem decepcionar um pouco. Praticamente não há nenhum tipo de tutorial, por exemplo, salvo algumas telas lotadas de texto, que podem ser bem confusas, antes de cada modo de jogo. O game espera que você perceba e decida tudo sozinho, até mesmo a ordem para completar cada atração — o que pode ser até um atrativo para algumas pessoas, mas também pode atrapalhar outras. Além disso, a experiência é bem difícil desde o começo, mesmo no modo casual ou usando alguns itens opcionais.

Se você gosta de Dig Dug, algum Mr. Driller mais antigo ou até mesmo Tetris, vale a pena dar uma chance para DrillLand. Você pode esperar um jogo em que há muito para ser feito, com um gameplay viciante, uma ótima trilha sonora e uma ambientação de primeira. Vale comentar, inclusive, que a trilha foi feita por Go Shiina, compositor com contribuições de peso na indústria dos games, como Tekken, a série Tales e God Eater — sem falar trabalhos marcantes em animes como Demon Slayer. Mr. Driller é claramente uma obra criada com carinho e um jogo que parece ser perfeito, como poucos são, para algumas sessões intensas no Switch em modo portátil de vez em quando.

Prós

  • Gameplay de primeira: fácil de aprender, mas difícil de dominar;
  • Linda apresentação, incluindo parte gráfica, efeitos de som e trilha sonora;
  • Bastante conteúdo para ser explorado e itens para colecionar;
  • Modo multiplayer e leaderboards online.

Contras

  • Nada é muito bem explicado e é fácil de se confundir no começo; 
  • Dificuldade bem alta desde o começo;
  • Falta de um modo multiplayer online.
Mr. Driller: DrillLand - Switch/PC - Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão:  Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo
Mr. Driller: DrillLand está disponível na Loja Nintendo

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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