Tencent: o conglomerado chinês que está produzindo até Pokémon

Um pouco sobre a história da maior desenvolvedora de games do mundo, agora responsável por dar vida à Pokémon Unite.

Recentemente tivemos o anúncio de Pokémon Unite, o MOBA da franquia que será lançado em breve. O jogo está sendo produzido em parceria com a Tencent, o conglomerado chinês que, apesar de não ser tão popular no Ocidente, é atualmente uma das empresas mais lucrativas do mundo. No final de 2019 a empresa ultrapassou o Facebook e se tornou a quinta empresa mais rentável do planeta, com um valor de mercado de aproximadamente 530 bilhões de dólares.

Mas afinal, quem é a Tencent?

Fundada em 1998 pelo empresário Ma Huateng (conhecido como Pony Ma, no ocidente) e outros quatro sócios, a Tencent começou sua jornada como uma pequena empresa de redes sociais, lançando em 1999 seu primeiro produto: o mensageiro online OICQ, posteriormente renomeado para QQ, justamente para evitar problemas judiciais com o ICQ, o concorrente da americana AOL. No entanto, apesar do sucesso do aplicativo em seu país natal, a empresa só registrou lucros pela primeira vez em 2001, com o lançamento da versão mobile do QQ.

Expandindo seus negócios no campo das redes sociais, em 2005 a Tencent estreou o QZone, uma plataforma similar ao Facebook, que se popularizou rapidamente na China e em 2010 tornou-se a rede social mais acessada no país, com cerca de 492 milhões de usuários ativos. Já em 2011 houve o lançamento do que posteriormente seria uma das maiores fontes de receita da corporação, o WeChat veio ao ar para ser uma alternativa ao SMS e ao WhatsApp, mas com o decorrer dos anos novas funções foram incorporadas à plataforma, que hoje o tornam indispensável para qualquer cidadão chinês. O leque de utilidades do aplicativo inclui serviços como carteira virtual, aplicativo de carona e taxi, delivery de comida, consultas médicas online, e-commerce e incontáveis outros.

A onipresença dos produtos da Tencent nos smartphones chineses vêm levantando polêmicas à respeito de sua privacidade. Como muitos aplicativos gratuitos, os produtos da empresa vendem publicidade e informações dos usuários como forma de rentabilização. No entanto, as propagandas em plataformas como QQ e QZone costumam ser muito mais frequentes e agressivas do que vemos em redes como Facebook e Instagram. A parceria do conglomerado com o governo chinês é fonte de outra controvérsia envolvendo dados privados: os serviços da Tencent são constantemente acusados de filtrar e excluir mensagens ou posts que possuam críticas ou reclamações às autoridades do país, apesar de os executivos da empresa negarem que isso aconteça.

Uma longa jornada na produção de games 

O envolvimento da companhia com games começou em 2007. Naquele ano, a empresa ainda não produzia nenhum título, mas trabalhou com o licenciamento e distribuição do jogo Dungeon Fighter no território chinês. Por se tratar de um mercado extremamente fechado, muitas empresas têm dificuldades para distribuir seu conteúdo por lá. Dessa forma, a Tencent atua como mediadora e distribuidora de diversos games dentro do país.

Não contente em apenas distribuir jogos de outras produtoras, em 2011 a Tencent comprou a Riot Games, conhecida por League of Legends e Valorant, dando o primeiro passo para produzir seus próprios jogos. Já em 2015 a empresa lançou Honor of Kings na China, posteriormente renomeado como Arena of Valor em seu lançamento ocidental. O jogo até hoje é uma das produções mais fortes da companhia, sendo considerado o jogo mais popular e lucrativo do ano de 2017. Além disso, através de uma parceria com o Partido Comunista Chinês, foi responsável pela produção de um dos títulos mais "curiosos" da empresa: Clap for Xi Jinping: An Awesome Speech é um jogo mobile em que o jogador tem 19 segundos para gerar aplausos para o presidente do país.

A aquisição da Riot Games não é a única influência da Tencent no mercado ocidental de jogos, já que a mesma é acionista de desenvolvedoras como Activision Blizzard, Epic Games, Ubisoft, Supercell e diversas outras. Dessa forma a gigante chinesa se consolidou como a maior empresa de desenvolvimento de games do mundo.

Recentemente a empresa anunciou que abrirá um novo estúdio da Lightspeed & Quantum, uma de suas subsidiárias, em Los Angeles. A unidade será liderada por Steve Martin, veterano da Rockstar Games, que ocupou papéis de liderança na produção de GTA V e Red Dead Redemption 2. O novo estúdio está responsável pela produção de um jogo AAA de mundo aberto para o PlayStation 5 e Xbox Series X.

Outro de seus anúncios mais recentes é o Trovo, plataforma de streaming que busca rivalizar com o Twitch, da Amazon. A plataforma chinesa ainda tem uma audiência pequena em relação à sua concorrente, já que ainda está em fase beta. Ainda esse mês iniciará o programa Trovo 500, que busca incentivar streamers a aderirem à plataforma. O investimento médio do programa é de US$ 30 milhões, podendo render mais de US$ 5 mil mensais para os parceiros de maior visibilidade.

Muito mais que jogos!

E não são apenas jogos que compõem o extenso portfólio de produções do conglomerado. A Tencent Pictures é um dos braços mais lucrativos da empresa, estando envolvida na produção de grandes filmes de Hollywood como Mulher Maravilha, Venom, Kong, MIB International e muitos outros.

O que podemos esperar de Pokémon Unite?

Ao longo dos anos ficou claro que a Tencent tem um extenso portfólio e experiência para nos entregar um jogo de qualidade, ainda mais se tratando de MOBA, gênero recorrente nos principais títulos da empresa. No entanto, muitos de seus consumidores, principalmente os chineses, reclamam do excesso de microtransações nos títulos da empresa, que muitas vezes acabam comprometendo a experiência da jogatina.
Quais são as suas expectativas para Pokémon Unite? Acredita que o estúdio vai entregar um jogo que faça jus à franquia, ou está pessimista com o lançamento?

Revisão: José Carlos Alves

Estudante de jornalismo, da periferia de São Paulo. Comumente encontrado falando sobre Pokémon no lado escuro da internet, o Twitter (@salineos).
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