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Prévia: Final Fantasy: Crystal Chronicles Remastered Edition (Switch) promete trazer de volta a mágica do RPG multiplayer de GameCube

RPG projetado para o GameCube tem uma nova chance de apresentar a sua experiência multiplayer.

Final Fantasy é a série mais popular de RPGs japoneses no mundo. Tendo sido iniciada ainda no NES, seu nome foi usado em uma variedade de obras que vão dos tradicionais RPGs baseados em turno a outros espectros do gênero, como tactics e ação. Isso deu origem não apenas a spin-offs isolados, mas também a subséries. Crystal Chronicles é uma delas, chamando a atenção por ter sido criada para reaproximar Square (atualmente, Square Enix) e Nintendo.

O retorno de uma velha parceria

Após um longo tempo longe dos consoles da Nintendo (entre 1996 e 2001), a Square decidiu realizar uma reaproximação com a sua “antiga casa”. No entanto, ela já havia firmado um compromisso com a Sony em relação a jogos para o PlayStation 2 e sua saída foi criar uma subsidiária, a Game Designers Studio, para evitar que projetos para o console da Nintendo interferissem com os que já estavam em andamento.

O primeiro projeto planejado por essa equipe foi justamente Final Fantasy: Crystal Chronicles (GC), um RPG de ação que teve sua produção iniciada no fim de 2001 e seria inclusive publicado pela própria Nintendo. Em paralelo, outra equipe da Square, advinda da Quest (Ogre Battle/Tactics Ogre), iniciava Final Fantasy Tactics Advance, que acabou sendo lançado um pouco antes.


Com base em uma proposta de Akitoshi Kawazu, Crystal Chronicles foi construído em torno de um conceito pouco explorado em Final Fantasy: o multiplayer. No entanto, ao invés de fazê-lo de forma convencional, o jogo exige que cada jogador conecte um Game Boy Advance ao GameCube utilizando um cabo próprio.

Além de servir como controle, o portátil de cada jogador também oferecia informações e funções relevantes. Na exploração das dungeons é possível usar o GBA como um dos quatro tipos de radar (terreno, monstro, scouter e tesouro), fazendo com que juntos os jogadores possam ter toda a informação relevante da área. Além disso, ao conversar com um vendedor, é possível acessar a loja diretamente do portátil.

Devido a esse formato, Crystal Chronicles buscava oferecer uma experiência de multiplayer local como nunca antes vista na série. Um jogo que efetivamente aproveitava a conexão entre console e portátil para fazer algo único e especial. Não à toa a notícia de que a versão remasterizada não teria mais multiplayer local desagradou os fãs.

No entanto, vale lembrar que a escolha na época também tornou essa proposta bastante inacessível. Afinal, quem diabos tem quatro GBAs só para chamar os amigos para jogar em casa? Mesmo ter um GC, um GBA e três amigos que também tivessem o portátil (sem contar que são necessários quatro cabos específicos para todos) já era uma situação muito complicada.


Da mesma forma, o multiplayer local que eles pensariam para aproveitar a proposta provavelmente teria que ser exclusivo de Switch, enquanto a edição remasterizada é multiplataforma (com versões também para iOS, Android e PS4). É bastante compreensível a equipe de desenvolvimento ter optado por garantir uma boa experiência no crossplay entre as plataformas.


Vale destacar também que a nova versão conta com um aplicativo gratuito (Lite) na intenção de tornar o multiplayer mais acessível. Graças a isso, um jogador pode comprar o jogo e convidar três amigos online para aproveitá-lo. Ou mesmo quatro jogadores podem combinar de testá-lo gratuitamente e, caso se divirtam muito, basta um deles comprar a versão completa para que a equipe possa usufruir de todo o jogo exceto a dungeon final e o pós-game adicionado na edição remasterizada.

O que fica em questão é a qualidade da conexão à internet e do crossplay. Afinal, Crystal Chronicles pode ser jogado em single player, mas uma parte muito grande da experiência gira em torno de aproveitá-lo em equipe.

Em busca das árvores de Myrrh


Final Fantasy Crystal Chronicles se passa em um mundo coberto por Miasma. O contato com essa névoa tóxica é prejudicial à saúde e fatal em doses elevadas. Para se proteger, as quatro raças que habitam o mundo usam o poder dos cristais. No entanto, periodicamente é necessário realizar um processo de purificação.

Os jogadores fazem parte de uma caravana que peregrina pelo mundo em busca das árvores de Myrrh. Delas são extraídas pequenas gotas necessárias para purificar os cristais e garantir a sobrevivência da população em meio a essa condição precária.

No mundo, coexistem prioritariamente quatro tribos: Clavats, Lilties, Yukes e Selkies. O jogador pode criar seu personagem como parte de uma delas, além de escolher entre ser do gênero masculino ou feminino e algumas opções de visual. Além da questão estética, cada raça tem suas propriedades particulares.

Os Clavats são o grupo mais comum da cidadezinha de Tipa e têm um profundo respeito pela união e harmonia entre os povos. Gentis, eles costumam tentar resolver todos os conflitos que encontram. Seu atributo mais forte é a defesa, fazendo com que eles possam servir bem como unidades de linha de frente. Porém, eles também são os personagens mais equilibrados, podendo também utilizar magia e servindo como uma boa porta de entrada para novatos.

A tribo dos Lilties é um grupo bastante orgulhoso e de temperamento forte. No passado distante, eram figuras de muito poder e ainda tem a tendência a se sentir superiores às demais raças. Sua principal força está em seus ataques, especialmente utilizando lanças poderosas. No entanto, isso também faz deles os piores usuários de magia do jogo.

Já os Yukes são uma tribo focada em sabedoria, o que se reflete em seu foco mágico. Seu ataque é fraco e lento, mas eles podem ser letais com seu uso ágil de feitiços. Vale destacar também a aparência mecânica, que com certeza chama atenção, além do fato de os indivíduos dessa raça serem bastante incomuns, tendendo a preferir o isolamento, apenas passando adiante seus conhecimentos.

Por fim, temos os Selkies, cujos indivíduos são mais independentes e até mesmo egoístas. Ágeis, é comum que eles sejam ladrões e, por isso, são mal vistos por outras tribos. Em batalha, são capazes de usar rapidamente ataques carregados cuja área de alcance é maior do que a das outras tribos.

Além das peculiaridades de cada raça, vale também destacar a excentricidade do método de usar magia em Crystal Chronicles. Ao invés de um sistema de MP ou algo similar, o jogo requer magicites para o uso de feitiços. Essas orbes podem ser encontradas pelas dungeons e precisam ser equipadas para ativar círculos de magia. Apesar de ser possível utilizá-las de forma ilimitada na área em que foram obtidas, elas são perdidas após sair daquela região.

São seis tipos de magicite: Blizzard, Fire, Thunder, Cure, Clear e Life. Caso o jogador esteja sozinho, é possível fundí-las no menu para obter feitiços mais poderosos. No multiplayer é necessário combinar com outros jogadores para realizá-los. Dependendo do timing do círculo de cada um, magias diferentes podem ser utilizadas (Blizzara+1 ou Blizzaga, por exemplo). Na nova edição foram adicionados um timer e um sistema de chat simplificado para facilitar esse processo.

Outro elemento importante é o Crystal Chalice. Como o miasma está por toda parte, é esse o item que garante a proteção dos membros da caravana em sua jornada. É necessário carregá-lo pelas dungeons para criar zonas de segurança durante a exploração e isso significa que um dos jogadores vai precisar ficar encarregado dessa tarefa, sendo possível revezar a qualquer momento.

As novidades da edição remasterizada

Obviamente, não se trata apenas do mesmo jogo de Game Cube com mais polimento no visual e multiplayer online. Vários outros detalhes foram adicionados no intuito de fazer com que ele possa ser uma experiência ainda melhor do que a de sua versão original.


O mais fácil de citar são as novas dungeons de alto nível para o pós-game. A empresa ainda não revelou quantas serão, mas uma delas, Village of Oblivion, é baseada na vila abandonada de Tida. Ao completar essas áreas, será possível obter novos artefatos e receitas de equipamentos.

Outro sistema novo é o Mimic. Ao coletar moogle stamps ou completar algumas dungeons, o jogador ganhará Memory Crystals, que permitem mudar a sua aparência para ficar igual a alguns dos personagens encontrados durante a história. Com isso, além dos 40 visuais básicos (8 a mais do que o original), é possível se vestir como o Black Knight ou Hana Kohl, por exemplo.

A interface também sofreu várias mudanças, incluindo a adição de um mini-mapa. A trilha contará com regravações e novas músicas de autoria da compositora original, Kumi Tanioka. Além disso, os personagens agora contam com diálogos dublados, algo que não existia no original.


Final Fantasy: Crystal Chronicles Remastered Edition promete ser uma segunda oportunidade para um jogo muito peculiar. É esperado que agora a sua experiência multiplayer seja mais acessível graças a todos esses pequenos toques e à possibilidade de jogar com amigos online, o que é especialmente propício em tempos de pandemia. Resta esperar para ver se a nova versão realmente captura a mágica que seus fãs mais fervorosos tiveram a chance de experimentar originalmente.
Final Fantasy: Crystal Chronicles Remastered Edition - Switch/PS4/Android/iOS
Desenvolvimento:
Square Enix
Gênero:
RPG de ação
Lançamento:
27 de agosto de 2020
Expectativa:
3.5/5
Revisão: Icaro Sousa

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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