Análise: Kirby Fighters 2 (Switch) — um doce que deve ser aproveitado aos poucos

Ele é redondo, rosado, esbanja simpatia e pode transformar-se em qualquer coisa. Nos últimos anos, Kirby assumiu diversas formas em diferentes jogos, mostrando-se um verdadeiro quebra- galho para a Nintendo. Em Kirby Fighters 2, como o próprio título sugere, o personagem retorna para o campo de batalha em mais um jogo de luta no estilo da série Super Smash Bros., sendo ideal para multiplayer casual e festa com até quatro amigos. Como nos demais exclusivos do Switch, o visual está bem caprichado, fazendo juz ao charme do herói de Dream Land.

Diferentemente do crossover que mistura as mais diversas franquias do mundo dos games, Fighters 2 possui mecânicas simplificadas e o elenco é formado em sua maioria por versões alternativas de Kirby, como o espadachim ou o lutador. Há personagens secundários, que funcionam como suporte no modo história, como Bandana Dee e Gooey. Entretanto, todos os lutadores são jogáveis no multiplayer tradicional. Para desbloqueá-los, basta progredir no modo história ou aumentar o nível de jogador, concluindo batalhas em qualquer modalidade.

Os rivais destinados

Kirby Fighters 2 contém um modo de história bem simples, que pode ser jogado por até dois jogadores simultaneamente. King Dedede e Meta Knight se uniram e Kirby terá que derrotá-los no topo de uma enorme torre maligna. Para alcançar o objetivo, os jogadores devem derrotar uma certa quantidade de inimigos em cada andar, até chegar ao cume, onde haverá uma batalha contra o chefão. Após o fim de cada estágio, é possível escolher um item que pode aumentar o ataque, a vida total ou a barra de especial do seu personagem, tornando o gameplay um pouco estratégico.

Embora seja básico, o modo história diverte enquanto ainda é uma novidade, porque a tendência é que ele se torne enjoativo a longo prazo. A fórmula repetitiva de enfrentar os mesmos inimigos por diversas vezes pode cansar qualquer um que não é fã hardcore de Kirby, principalmente se estiver sozinho. Por outro lado, a experiência é completamente diferente quando o jogo é aproveitado na companhia de alguém, contrabalanceando a repetitividade do gameplay.

Há diversos itens que podem mudar drasticamente o rumo das batalhas, tanto para você, quanto para seu oponente. Este fator aleatório dá um fôlego extra para a diversão durar um pouco mais, principalmente em cooperativo local. Aliás, a ênfase no multiplayer é a característica mais marcante de Kirby Fighters 2. Com exceção ao Single-Handed Mode, todas as demais modalidades de gameplay devem ser jogadas em multiplayer, até mesmo em rede online. Mesmo que você não tenha nenhum amigo, haverá uma CPU para acompanhá-lo em combates com quatro lutadores simultaneamente.

No ringue de batalha

O multiplayer local é o prato principal qualquer fighting game; logo, espera-se que ele conte com a maior quantidade de recursos possíveis para justificar o valor do jogo. Como Kirby Fighters 2 possui um grande foco no multijogador entre quatro pessoas, os jogadores mais exigentes que preferem o clássico formato 1x1 se sentirão abandonados, porque nem mesmo no modo online é possível enfrentar apenas um adversário.

Há dois tipos de batalha: solo e time. Além disso, é permitido alterar algumas condições da luta, como a frequência de itens ou desativar os perigos dos estágios. Ainda é possível desabilitar a transformação em fantasma, uma espécie de segunda chance que um lutador recebe após ser derrotado antes do final da luta, permitindo-o atrapalhar os jogadores sobreviventes ou até mesmo retornar à partida.

Ainda é possível enfrentar jogadores distantes, por meio da rede online da Nintendo ou Local Play Mode, que permite batalhas com até 4 consoles conectados simultaneamente. No entanto, o sistema de encontrar partidas é um pouco problemático, demorando ou até mesmo falhando para encontrar oponentes. O ideal é combinar partidas online com algum amigo ou pessoas da Internet, mas claro, adicionando-as à sua lista de amigos primeiro, já que o título não conta com a criação de salas abertas.

Kirby para dar e vender

No total, há 22 lutadores jogáveis, sendo 17 deles variações de Kirby. Adicionalmente, há 19 estágios únicos, além da sala de treinamento, que pode ser usada como campo de batalha também. Visualmente, todas as fases são lindíssimas e com as texturas impecáveis, como espera-se de uma produção da Nintendo. Diversos estágios contam com perigos e obstáculos bem criativos e planejados, que podem ser desativados a qualquer momento antes da partida.

A tela de seleção de personagens é muito bonita, bem como os demais menus do jogo, com artes bem caprichadas e expressivas.Todas as animações dos personagens são excelentes e não ficam devendo em nada aos títulos principais da franquia. Essa beleza se mantém até mesmo em modo portátil; já na TV, é um espetáculo de detalhes e cores, graças à alta resolução do Switch.

Por sua vez, a trilha sonora é ótima, trazendo diversos clássicos da série, remixados e na versão original. No entanto, senti falta de um reprodutor de músicas, também conhecido como sound test, que oferece todas as faixas para serem aproveitadas no momento que o jogador desejar. O recurso é mais que necessário, porque todas as melodias da saga de Kirby são maravilhosas e devem ser ouvidas até mesmo quando não se está jogando videogame.

Embora possua o seu charme, no geral Kirby Fighters 2 é um título repetitivo e de pouco valor, mas que pode ser muito divertido quando aproveitado na companhia de alguém. Os diversos conteúdos desbloqueáveis e as variações de Kirby justificam a sua existência, mas a ausência de mais modos de gameplay e a jogabilidade simples por demais deixam a impressão que o jogo é apenas mais um quebra-galho para a Nintendo.