Kirby's Epic Yarn: 10 anos do mais influente jogo do herói de Dreamland

O mundo de lã de Kirby faz dez anos, e seu legado ultrapassa a franquia do nosso querido herói rosa.

Kirby é, sem dúvida alguma, um personagem tratado com muito carinho pela Nintendo. Mesmo que não sejam fenômenos de crítica e vendas, os jogos do bolota rosa costumam agradar fãs e estão presentes em todos os consoles da Big N. Kirby’s Epic Yarn faz dez anos e é importante lembrá-lo porque, diferentemente de outras incursões do herói, esse título do querido Wii trouxe importantes variações em relação à proposta mais clássica dos anteriores, algo que influenciou outros games desenvolvidos pela Nintendo.

Um mundo de lã

Kirby’s Epic Yarn foi lançado em 14 de Outubro de 2010. Desenvolvido pelas produtoras Good-Feel e Hal Laboratory, o jogo retira a marca registrada de Kirby em todas as suas aventuras principais: a habilidade de sugar os inimigos e absorver seus poderes. Essa pode parecer uma decisão estranha, mas a ousadia dos desenvolvedores foi justificada diante das inovações que foram propostas.

No game do Wii todo o ambiente e os personagens são formados por lã, linhas, botões e outras estruturas semelhantes. Assim, vemos o nosso herói “vazado”, ou seja, apenas o contorno dele. Provavelmente foi a questão do visual que fez com que a habilidade característica do herói de Dreamland sumisse, mas o que ficou no lugar foi tão bom e novo, que a sensação de perda mal se sente.



Em primeiro lugar, cabe destacar o fato de que Kirby podia se transformar em itens diversos durante o game, como carros, paraquedas, disco voador etc. Além disso, a interação com o ambiente é extremamente importante. Nosso protagonista pode atacar os inimigos e puxar itens para si, mas também pode mexer em zíperes ou linhas pelos cenários, abrindo novos ambientes ou descobrindo segredos pelo caminho.

Os controles de movimento do Wii foram utilizados de maneira econômica e os gráficos são belíssimos, usando o máximo que o console podia alcançar. Infelizmente, a aventura era curta e fácil demais, e nem mesmo o multiplayer local para dois jogadores fez com que Epic Yarn fosse abraçado pelo grande público como deveria. No entanto, a partir de tudo o que já mencionei aqui, esse jogo tinha muitos méritos, que felizmente não foram abandonados por completo.
 


Um belo legado

A Good-Feel fez um trabalho tão interessante com Kirby’s Epic Yarn que a empresa continuou sua parceria com a Nintendo em outros projetos similares, como Yoshi’s Wooly World (Wii U), os ports deste último e de Kirby’s Epic Yarn para o 3DS, e o mais recente Yoshi’s Crafted World (Switch). Se você já passou por esses jogos e achou que eles tinham uma identidade visual muito parecida, isso não foi por acaso.

Aliás, a cada novo título as ideias ganhavam novos contornos e possibilidades. No caso específico dos jogos de Yoshi existe, claro, o fato de que a jogabilidade se organizou em torno de outros elementos, explorando mecânicas únicas, e também novas possibilidades de uso do multiplayer, trazendo mais longevidade a essa proposta. Outro ponto que vale destacar é o aprimoramento dos gráficos. Apesar de ser muito bonito, Epic Yarn foi criado para um console que tinha sérias limitações gráficas. Nesse sentido, as aventuras de Yoshi no Wii U e Switch mostraram como as ideias em torno desse mundo de lã são incríveis e cheias de encanto.
 



Talvez a maior crítica a esses títulos ainda seja a tese de que eles são infantis demais, fáceis demais. Mas penso que tudo depende de perspectiva e do público alvo dos jogos. Eu joguei eles em família e posso dizer que são extremamente divertidos e bem construídos. Sim, eles podem ser jogados sem muito compromisso e desafio, mas isso faz parte de um tipo de experiência que eles exploram. Nem todos os games precisam ter uma dificuldade extrema, e também não precisamos medir sua qualidade pelo esforço que despendemos para passar de cada estágio.

Kirby’s Epic Yarn possui sua importância propondo inovações à franquia e oferecendo um modelo para outros jogos que vieram. Se ainda teremos outro título do bolota rosa nesses moldes ainda não sabemos, mas seria algo mais do que bem-vindo. De qualquer forma, o que os fãs mais esperam é que a Nintendo continue dando atenção à Dreamland, criando mundos tão bonitos, interessantes e ricos quanto aquele que conhecemos há dez anos.

Revisão: Felipe Fina Franco

Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
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