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Análise: Bakugan: Champions of Vestroia (Switch) — combates colossais em um simpático mundo

A aventura baseada na série de televisão traz os Bakugan com exclusividade para o Nintendo Switch.

Após 10 anos sem ganhar uma adaptação para os videogames, o estúdio WayForward se encarregou de desenvolver Bakugan: Champions of Vestroia — a mais recente aventura baseada na série de TV, que chega com exclusividade para o Nintendo Switch, com o papel de agradar os fãs do desenho. O formato da franquia é similar ao de Pokémon: uma jornada envolvendo crianças determinadas, que usam feras gigantescas para disputar em torneios ou simplesmente batalhar casualmente.

No jogo, você desempenha o papel de um treinador de Bakugan. É permitido criar o seu próprio personagem, mesmo que de forma bastante simples, pois não há muitas opções, além de alguns penteados e o tom de pele. No entanto, é possível customizar o seu treinador com diversas roupinhas, que serão desbloqueadas ao longo da jogatina. Apesar de tudo, a customização é meramente estética, pois o único objetivo desta história é tornar-se o campeão de Vestroia.

Seja um campeão

Mesmo que seja bastante básica, há uma bela narrativa em Bakugan: Champions of Vestroia. O desenvolvimento da história é feito principalmente por meio de diálogos com personagens secundários. Obviamente é um enredo totalmente despretensioso e simples, já que ele é produzido para o público mais jovem, mas mesmo assim a história se torna cada vez mais interessante à medida que você avança no jogo. Eventualmente ocorreram alguns erros gramaticais na versão traduzida para o Português, não que isso seja um ponto negativo gritante, mas passa uma impressão de desleixo com a produção.

Os cenários são bem grandes e coloridos, a direção de arte fez um trabalho decente neste aspecto. Há diversas construções, com detalhes simples, mas que transmitem vivacidade para o ambiente. Explorar cada estágio é uma experiência agradável, desde os bairros da cidade aos bosques. No entanto, não há muito o que fazer na maioria dos lugares, além de falar com os personagens secundários e fazer favores a eles.

Por falar em missões secundárias, infelizmente elas são um pouco repetitivas, porque geralmente consistem em encontrar objetos coletáveis que estão espalhados pelo cenário. O formato em si não seria um problema, pois diversos jogos usam este tipo de estrutura, porém Bakugan: Champions of Vestroia não conta com um mini-mapa na tela, ferramenta fundamental em jogos de exploração. Isso torna as missões mais trabalhosas do que deveriam, além de fazer você ficar perdido pelo cenário devido a falta de orientação.

Combate colossal

Assim como no mundo dos Pokémon, o foco das aventuras em Bakugan: Champions of Vestroia são as batalhas entre os treinadores. A diferença é que neste título você controla enormes monstros poderosos ao invés de criaturinhas simpáticas. Infelizmente a jogabilidade, que deveria ser o principal ponto forte do jogo, é completamente falha e cansativa. O sistema de combate é confuso e consiste em coletar discos de energia, chamados de BakuCores, que ficam no chão para carregar a barra de especial do seu Bakugan. Só será possível realizar qualquer ação quando essa barra estiver cheia, ou seja, você desfere um ataque e em seguida terá que correr para recarregar o poder do seu monstro.

Para atrapalhar mais, os campos de batalhas são enormes e os BakuCores aparecem em locais aleatórios. Devido a isso, muitas vezes a câmera fica confusa e não acompanha o personagem, fazendo com que o jogador fique procurando pelos discos de energia enquanto a CPU adversária consegue rastreá-los com facilidade, tornando a dificuldade quebrada e injusta. Seria tão fácil evitar este problema se a câmera usasse visão isométrica durante os combates, mas não foi o caso.

Além disso, é muito demorado para conseguir encher a barra de energia por completo, transformando o gameplay em uma espécie de prova maluca de encontrar dezenas de BakuCores e ainda ter tempo para usar o ataque correto, enquanto os Bakugans ficam se encarando e aguardando os comandos de seus treinadores. A fórmula de combate foi pessimamente elaborada, o que é uma pena, pois apesar do título soar genérico a maior parte do tempo, o combate entre treinadores poderia ser a salvação do jogo.

Igualmente a qualquer RPG existente, existe um sistema de vantagens e fraquezas para explorar o adversário em Bakugan: Champions of Vestroia. No entanto, mesmo que você saiba toda a tabela de cabeça, a maior parte do tempo durante as batalhas se resume em correr atrás de BakuCores e disputar contra uma CPU que sabe exatamente onde estes objetos irão surgir. Além disso, um comportamento comum na inteligência artificial adversária é curar os seus Bakugan em vez de atacar, prolongando a batalha e por consequência, tornando tudo mais chato ainda.

Repetitivo até o fim

Por se tratar de uma adaptação de um desenho infantil, os visuais de: Champions of Vestroia são belos e elogiáveis, mesmo que simples. O design dos personagens ficou bem fiel à obra original e com certeza os fãs do anime se alegrarão com isso. Porém, a modelagem de diversos objetos ficaram básicas demais e as sombras são projetadas de forma distorcida quase sempre. Junto a isso, a falta de originalidade e o excesso de repetições durante a jogatina tornam este jogo pouco convidativo para os demais jogadores.

A premissa de ser um produto voltado para o público mais jovem não é justificativa para tamanha falta de perseverança e ousadia durante o desenvolvimento do game. A todo o momento, a impressão de trabalho feito sem vontade é gritante, para não dizer que lançaram o jogo apenas para cumprir tabela. A intenção de diversificar o combate por turnos é louvável, mas a alternativa adotada pela WayForward foi péssima. Correr incansavelmente em uma arena não é divertido e tão pouco estratégico

Se você acha inconveniente batalhar com diversos treinadores chatos em Pokémon, provavelmente sentirá saudades de todos eles após passar duas horas em Champions of Vestroia, pois além de haver incontáveis batalhas, estas são demasiadamente demoradas e cansativas. Facilmente uma sequência de três batalhas levará cerca de uma hora para terminar, isso se o seu adversário não possuir mais de um Bakugan em mãos.


Com certeza os fãs da animação terão algum apreço por Bakugan: Champions of Vestroia. O jogo é bonito, possui cenários bem vivos e traz os monstros já conhecidos em proporções épicas. No entanto, o combate maçante e a estrutura repetitiva poderão fazer toda a sua empolgação virar arrependimento por ter começado esta aventura.

Prós

  • Visual colorido e bonito;
  • Design de personagens carismático;
  • Direção de arte fiel à obra original.

Contras

  • Sistema de combate maçante e confuso;
  • Ausência de um mini-mapa;
  • Polimento de sombras mal feito;
  • Gameplay pouco inspirado e repetitivo.
Bakugan: Champions of Vestroia — Switch — Nota: 5.5
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela WB Games

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