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Análise: Disc Room (Switch) — a luta intensa pela sobrevivência na órbita de Júpiter

Como um cientista espacial, investigue um disco misterioso que apareceu na órbita do maior planeta do Sistema Solar em 2089.

Repleto de salas e discos perigosos, Disc Room é um dodge ‘em up interessante para se encarar. A aventura espacial é divertida e extremamente desafiadora, recheada de puzzles criativos que envolvem a nossa sobrevivência. Embora apresente problemas em sua atmosfera, como constantes crashes, o jogo é ótimo e intenso, com uma dificuldade de “outro planeta” que irá te instigar.

Uma aventura do futuro

No ano de 2089, um disco gigante apareceu misteriosamente na órbita de Júpiter. Um grupo de cientistas foi enviado para investigar o caso, mas, nos primeiros momentos dentro do terreno desconhecido, eles se perderam e ficaram incomunicáveis. A partir de então, entramos no papel de um astronauta responsável por buscar sinais de vida dos membros perdidos. Inicia-se aí uma aventura intrigante.

O principal de Disc Room já está no título: temos salas e discos. Inicialmente entramos em um aposento quadrado, onde o objetivo é sobreviver por alguns segundos. A ideia é se esquivar de círculos que se movimentam desenfreadamente pela tela. Um detalhe: eles são serrilhados, equipados com lâminas pontiagudas e que podem ir do formato serra industrial até outros estilos, como shurikens e engrenagens.

O desafio das salas, na maioria das ocasiões, é resistir por um tempo determinado. Se formos bem sucedidos, um novo quarto será desbloqueado, contendo outras missões para o encadeamento da jornada. Prosseguimos de acordo com nossas conquistas, recuperando pistas sobre os cientistas perdidos, mesmo que vagamente. Sua premissa é simples, sem mistérios. Bom, na verdade, há um grande mistério: como sobreviver à missões tão difíceis?

Tarefas complicadas

As fases são curtas, porém traiçoeiras, em que poucos segundos já representam uma vida longa nos ambientes. Entretanto, Disc Room não se trata apenas de resistir com vida; as vezes, é necessário até morrer. Temos outros objetivos inventivos e curiosos que ajudam a animar e variar a jogabilidade, como: morrer de uma maneira determinada, derrotar chefes agressivos e até mesmo alimentar criaturas esquisitas com a própria vida. São puzzles criativos, mas bem rigorosos.

Aliás, tudo nos ambientes parece trabalhado para complicar nossa trajetória. Além dos inimigos redondos, as próprias salas podem apresentar iluminações e funcionamentos distintos, que demandam interpretações únicas. Criam-se verdadeiras enrascadas. São testes árduos de esquiva e concentração, que tornam a dificuldade o principal atributo de Disc Room.

Se mencionamos a diversidade de estilo das serras, é importante saber que elas também se diferenciam em sua movimentação. Enquanto algumas correm em um trajeto pré-definido, outras podem nos perseguir com muita determinação. Assim, há várias famílias, com características e tamanhos distintos. A dificuldade aumenta quando essa diversidade é distribuída nas fases, gerando combinações mortais. Elas podem até se multiplicar nos desafios, o que é aterrorizador.

Para enfrentar tudo, aprendemos habilidades durante a jornada, como reduzir a velocidade do tempo, gerar clones e absorver discos. Elas são muito bem introduzidas, com fases que demandam sua presença e assim incentivam o seu uso, nos ensinando a operá-las. Isso também gera um fator replay interessante, liberado pela curiosidade de ver como teria sido mais fácil nossas vidas em ocasiões passadas.

Problemas na nave

Em Disc Room, o desafio é constante, com missões rigorosas que não permitem deslizes. Completar os cursos e buscar recordes é extremamente satisfatório, dando ao jogo uma vida prolongada. No entanto, alguns percalços podem atrapalhar. Senti muitas vezes uma dificuldade insensível nas fases, aleatoriamente distribuídas no modo história. Se torna uma espera por um instante de sorte ou a “cooperação” repentina dos discos assassinos. No geral, entender o funcionamento dos puzzles é bacana; realizá-los, muitas vezes, não.

Mas os maiores problemas foram na performance que Disc Room apresentou em sua curta jornada. Os defeitos mais comuns não me incomodaram muito, pois são erros passíveis em jogos, como bugs que travam o personagem no canto da tela. No entanto, os colapsos gerais foram muitos, parando a partida e forçando um reinício. O crash mais grave ocorria persistentemente em uma batalha já na segunda metade da história. Ele ocorria após alguns segundos na sala, impedindo a progressão em um momento decisivo. Para seguir, tive de utilizar uma ferramenta importante no jogo, que certamente aumenta sua invitação – embora, nessa formalidade, eu estivesse a usando como improviso.

Disc Room tem configurações que permitem regular sua dificuldade, como reduzir a velocidade dos discos ou até mesmo diminuir a carga dos objetivos. No caso mencionado, tive de facilitar as condições para a partida problemática terminar rapidamente e evitar qualquer erro; somente assim conheci o resto da jornada. A junção de uma dificuldade alta com a possibilidade de crashes pode gerar uma frustração enorme, comprometendo seriamente o título, com momentos desanimadores. Entretanto, fica o reconhecimento pela inclusão dos ajustes de dificuldade, o que pode agradar os aventureiros mais casuais. 

No final, temos um ambiente bem atrativo em Disc Room, com um visual cartunesco elegante, uma trilha sonora animada e mecânicas fáceis de aprender. Precisa-se, na maior parte do tempo, apenas do analógico esquerdo e o botão A para se aventurar em quebra-cabeças inteligentes. É um título muito polido, que é capaz de agradar diferentes perfis ao ser simples e competitivo. No fim, apesar os defeitos, a viagem a Júpiter vale a pena.

Desafio espacial 

Com objetivos inventivos, Disc Room é um jogo recomendável a todos, mas principalmente para quem busca um desafio frenético. Assim como tudo nele é desenhado para nos trucidar, tudo também aparenta um desenvolvimento primoroso: as fases são interessantes, os puzzles são criativos e os inimigos são bem afiados, em ambos sentidos. Os problemas de desempenho, no entanto, existem e são perceptíveis em sua jornada curta. Dessa forma, possíveis reparos, bem como os feitos pela equipe de cientistas na órbita de Júpiter em 2089, certamente deixariam o ótimo título ainda melhor.

Prós

  • Desafiador ao extremo;
  • Objetivos criativos, com puzzles bem pensados;
  • Fator replay alto;
  • Mecânicas que incentivam a masterizar diferentes habilidades. 

Contras

  • Dificuldade imprevisível em fases severas, em que a sorte parece a única esperança;
  • Problemas de performance, com crashes em momentos cruciais da campanha.
Disc Room — Switch/PC — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: José Carlos Alves
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital


Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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