Jogamos

Análise: Tamiku (Switch) é um estouro de nostalgia

Com forte influência dos arcades dos anos 80 e 90, o título indie criado por Josyan só peca na dificuldade muito elevada.

Nos anos 80, o que havia de melhor em videogames não estava na casa das pessoas. O estado da arte do entretenimento eletrônico estava nos fliperamas, em máquinas com joguinhos de plataformas, inimigos coloridos e música de 8-bit repetitiva e viciante.

Mesmo que os fliperamas não estejam mais tão presentes na vida das pessoas atualmente, não é difícil encontrar jogos que remetam à nostalgia da infância que muitos de nós vivemos. Criado pelo desenvolvedor indie Josyan e publicado pela Ratalaika Games, Tamiku é uma bela homenagem a essa época mais simples, mas muito divertida, que se estendeu até o começo dos anos 2000.

Insira a ficha para jogar

Assim que o jogo é iniciado, a primeira tela que aparece é uma simulação de inicialização das máquinas de arcade. O objetivo do pequeno alienígena é mostrado durante a curta abertura que sucede a tela de título: o jogador deve mover Tamiku entre os cenários, estourando os balões azuis ao passar por eles e inflando os laranjas até que estes explodam.

Aquela empolgação de chegar ao fliperama e pedir para ligarem sua máquina favorita

Os comandos são bastante simples e simulam a jogatina em um fliperama: com o analógico esquerdo ou os direcionais, move-se Tamiku para a direita ou para a esquerda; os botões A, B, X e Y servem tanto para pular para a plataforma superior ou inflar os balões laranjas; para que o herói volte à plataforma inferior, basta movê-lo para baixo.

Para sair vitorioso, o protagonista deve estourar todos os balões em cada fase enquanto evita os inimigos, ao melhor estilo Bubble Bobble e City Connection. No entanto, Tamiku não tem nenhum meio de atacar os oponentes, muito menos pular sobre eles, então o jogador precisa de muita destreza para não ser atingido três vezes — caso contrário, é game over.

Ainda pensando na jogabilidade dos arcades, caso seja derrotado, o jogador pode inserir outra ficha e continuar de onde parou, ao custo de perder a pontuação obtida até o momento.

Retrô e atual ao mesmo tempo

Além dos gráficos coloridos e músicas viciantes que remetem à era 8-bits, Tamiku conta com a possibilidade de aplicar um filtro CRT para deixar a jogatina ainda mais retrô. Os comandos são bastante responsivos tanto nos Joy-Con quanto usando um controle compatível com o Nintendo Switch; esse fator, inclusive, vai de encontro à mecânica dos jogos antigos, que eram considerados difíceis porque a movimentação dos personagens apresentava o chamado input lag.

A dificuldade aqui, contudo, não está na imprecisão ou rigidez dos comandos, mas sim no próprio level design. Não que os estágios sejam mal elaborados, muito pelo contrário: a IA dos inimigos é deveras bem-feita e os cenários são desafiadores, fazendo com que o jogador seja obrigado a decorar os comportamentos dos oponentes para superar as fases. Ou seja, no fim, acaba sendo o famoso exercício de tentativa e erro — e não adianta culpar o Panic Mode por acelerar o ritmo de jogo. Essa dificuldade exagerada também pode afastar os mais novos em vez de entretê-los, uma vez que as crianças de hoje não estão acostumadas com os “jogos de antigamente”.

O título arcade desenvolvido por Josyan apresenta uma falha crucial: é extremamente curto e não traz fator de rejogabilidade. Por mais que seja um saudosismo às tardes no fliperama, Tamiku tem apenas 16 estágios, que podem ser completados em pouquíssimas horas — ou até que a paciência se esgote, como foi meu caso.

Continuar?

Tamiku é o típico jogo que cai fácil no esquecimento assim que o jogador se cansar dele, tendo completado-o ou não. Embora o arcade ele seja quase livre de falhas, possui jogabilidade muito atual para evocar uma nostalgia que justifique jogá-lo mais vezes e sua dificuldade elevada mais frustra que incentiva a busca por soluções.

No entanto, uma coisa Josyan fez certo com seu projeto: atiçar a curiosidade dos jogadores mais velhos, sobretudo os millennials, com músicas e gráficos que nos fazem sentir saudade da nossa infância no século 20.

Prós

  • Belíssima apresentação audiovisual retrô;
  • Comandos responsivos;
  • Jogabilidade simples;
  • Level design ótimo.

Contras

  • Dificuldade elevada se comparada à dos arcades antigos;
  • Estilo de jogo não atraente para jogadores mais novos;
  • Sem rejogabilidade;
  • Exercício de tentativa e erro;
  • Curtíssima duração.

Tamiku — Switch/PC/XBO/PS4 — Nota 6.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games 


Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google