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Análise: Part Time UFO (Switch) — fazendo trabalhos curiosos em um criativo puzzle

Controle um OVNI e tente ajudar pessoas neste carismático e variado título.


Em Part Time UFO, um simpático disco voador vai parar na Terra e, com o objetivo de sobreviver, decide fazer variados trabalhos. Criado pela HAL Laboratory (desenvolvedora da série Kirby), o título é um puzzle focado em física com conceitos simples explorados em várias situações criativas. Lançado anteriormente para dispositivos móveis, o jogo chega ao Switch em uma versão com várias novidades, como multiplayer cooperativo e conteúdo inédito.

Esforçando-se em trabalhos inusitados

Assim que chega à Terra, Jobski, um OVNI alienígena, decide ajudar um fazendeiro cujas mercadorias caíram de seu caminhão. Com o uso de sua garra, Jobski coloca os objetos na caçamba, resolvendo o problema do homem. O fazendeiro, por gratidão, paga uma pequena quantia ao OVNI, que acha curioso o conceito de dinheiro. Mas logo ele descobre que para se manter na Terra vai ser necessário obter fundos, sendo assim ele passa a fazer qualquer tipo de trabalho.

Cada estágio de Part Time UFO é um pequeno puzzle em que usamos a garra de Jobski para carregar coisas ou resolver problemas. A jogabilidade tem elementos inspirados na física real e lembra aquelas máquinas de shopping, em que usamos garras para pegar presentes: os objetos balançam de acordo com o movimento do OVNI. Logo, é importante usar a garra nos pontos certos, sempre atento ao equilíbrio e à inércia.

Os empregos que aparecem pelo caminho são bastante variados, e às vezes até mesmo bem absurdos. Algumas tarefas são simples, como colocar caixas em um caminhão ou pescar, já outras são mais complicadas, como montar uma escultura quebrada, equilibrar animais de circo ou montar uma pirâmide humana. Há um limite de tempo para concluir o objetivo, porém segundos são adicionados ao contador, caso faça os passos corretos.

As fases contam com atividades extras que exigem passos um pouco mais complexos. No emprego de colocar itens no caminhão, por exemplo, os desafios opcionais são colocar laranjas dentro de uma cesta e deixar as caixas em posições específicas. Em um campo de construção, além de construir um templo da maneira correta é importante colocar uma estátua no centro da edificação. Uma figurinha indica os objetivos opcionais, sendo necessário observação e experimentação para entendê-los.


Há dois tipos de recompensa ao completar os estágios do jogo. Medalhas são obtidas ao terminar a tarefa principal no limite de tempo e ao fazer os desafios opcionais, elas permitem acessar um novo conjunto de estágios. Já o dinheiro pode ser utilizado para comprar roupas para Jobski. Algumas vestimentas são puramente cosméticas, já outras possuem habilidades, como aumentar a velocidade de movimento ou diminuir o balanço de objetos segurados pela garra.

Uma aventura diversa e inventiva

Part Time UFO me conquistou com seu conceito simples explorado de maneiras criativas. A aventura começa com tarefas mundanas, mas rapidamente fica inusitada: em um colégio precisamos empilhar líderes de torcida, em uma loja de brinquedo devemos guardar pelúcias em um grande cesto, no restaurante precisamos fazer pratos variados. O foco é ser ágil e saber equilibrar os objetos, mas há algumas fases mais estratégicas, como um laboratório em que precisamos montar uma máquina com peças que lembram Tetris ou as fases finais, que exploram ideias inéditas. Algumas fases têm tarefas muito parecidas entre si, porém a curta duração e a agilidade das partidas amenizam esse problema de repetição.


O desafio é variável, dependendo do nível de destreza do jogador. Fazer o básico, na maioria das vezes, é bem simples e fácil. A diversão mesmo está em realizar os vários desafios opcionais, pois eles exigem criatividade para serem resolvidos. Muitas das tarefas adicionais, inclusive, são difíceis até mesmo de entender, pois algumas figurinhas são crípticas e exigem experimentação. Durante as partidas, me diverti bastante tentando completar todos os objetivos simultaneamente — é recompensador conseguir criar uma estrutura maluca que atende a todos os requisitos.

É um jogo em que a física é importante, afinal os objetos balançam de forma realista e temos que equilibrar coisas ou soltá-las no momento certo. No entanto, em alguns instantes, isso se revela frustrante. Em alguns estágios eu perdi muito tempo tentando completar as tarefas por estar lutando com a física: algumas ações exigem alta precisão não proporcionadas pelas mecânicas. Além disso, girar os objetos é custoso, e às vezes é necessário fazer essa ação em algum objetivo extra. É bastante desanimador você gastar minutos empilhando objetos para, no último passo, errar um pixel sem querer e derrubar tudo. Felizmente esses momentos são raros, mas é importante ter um pouco de persistência.


O carisma se estende também pela atmosfera adorável e muito colorida. Os personagens são expressivos e os cenários contam com inúmeros detalhes. Gostei, especialmente, das miudezas: uma moça no museu fica ansiosa quando colocamos um objeto em uma pilha, comemorando quando o movimento dá certo (ou se jogando no chão em frustração quando algo dá errado); certos animais fazem caras engraçadas quando são carregados; pessoas nos estágios reagem às ações do OVNI. Jobski, inclusive, esbanja personalidade, principalmente com suas variadas vestimentas. A música segue a mesma linha divertida, mas fica um pouco cansativa por utilizar a mesma melodia por quase todas as fases com arranjos diferentes.
 


Explorando um mundo de trabalhos e conteúdo

Part Time UFO foi lançado originalmente para dispositivos móveis e a versão para Switch tem muitas novidades que o tornam muito mais interessante e completo, mais que dobrando a quantidade de conteúdo e atividades do original. Tive a oportunidade de experimentar ambas versões e é impressionante como o jogo está melhor no console híbrido.

A mudança mais importante é o suporte aos controles tradicionais. Movimentar com a alavanca aumenta bastante a precisão, o que torna a experiência mais suave. O modo multiplayer cooperativo para dois jogadores é uma adição notável e divertida, e o conceito simples o torna acessível. Claro, a experiência depende muito dos participantes: o jogo fica mais fácil com dois jogadores habilidosos, ou ainda mais difícil se todos fizerem trapalhadas.


No conteúdo básico, foram incluídas três novas fases em um tema inédito da loja de brinquedos. Além disso, todos os estágios agora contam com uma versão difícil, com mais elementos ou perigos, sendo uma ótima opção para jogadores veteranos. Há também um sistema de conquistas chamado Feats of Glory com desafios variados, alguns deles nada usuais. Completá-los libera pequenas animações e até mesmo roupas exclusivas, e muitas das tarefas são bem complicadas.


O jogo conta com dois modos extras. O Tower of Infinity nos desafia a empilhar objetos e criar uma torre. É uma modalidade interessante e difícil, bastando um único erro para acabar a partida. Além de agilidade, exige estratégia: os objetos têm formas bizarras e empilhá-los em uma estrutura estável é complicado. Mesmo tentando inúmeras vezes, não consegui nem alcançar 20 metros de altura, mas me diverti bastante tentando.

Já o Treasure Island, liberado após terminar a campanha, transforma o jogo em uma mini aventura de exploração. Nele, o objetivo é atravessar uma série de salas resolvendo puzzles e coletando tesouros escondidos, com direito a um chefe no final. É um modo que utiliza as mecânicas de maneiras interessantes, provando, inclusive, que o jogo poderia desbravar outros gêneros. Como era de se esperar, essa aventura extra é difícil, exigindo destreza para superar os desafios, mas é também bem divertido. 
 


Abduzido em um ótimo puzzle

Part Time UFO usa charme e criatividade para criar um ótimo puzzle. Carregar coisas com uma garra e fazer inúmeros trabalhos é divertido, principalmente por causa da grande variedade de situações, que ficam ainda mais legais na companhia de um amigo. Alguns momentos são irritantes, pois exigem muita precisão e nem sempre os controles dão conta — por sorte eles são raros. O visual cativa com uso de muita cor e personagens expressivos, além de um universo com conteúdo para explorar modos e desafios opcionais. No mais, Part Time UFO é uma experiência única e um puzzle notável.

Prós

  • Conceito principal simples explorado em inúmeras fases criativas;
  • Grande diversidade de situações entre os estágios;
  • Modos e desafios adicionais que prolongam o tempo de jogo;
  • Atmosfera carismática com visual colorido e expressivo.

Contras

  • Alguns momentos frustrantes causados pela falta de precisão;
  • Certas tarefas se repetem pela aventura;
  • Música de variedade limitada que cansa rápido.
Part Time UFO — Switch — Nota: 8.0
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital adquirida pelo próprio redator

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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