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Análise: Olija (Switch) é um jogo de plataforma repleto de carisma

Olija é um jogo desenvolvido por um homem só, Thomas Olsson, da Skeleton Crew Studios e publicado pela Devolver Digital. Claramente inspi... (por Marcos Ramon em 31/01/2021, via Nintendo Blast)

Olija
é um jogo desenvolvido por um homem só, Thomas Olsson, da Skeleton Crew Studios e publicado pela Devolver Digital. Claramente inspirado em jogos como Out of this World e Prince of Persia, além de referências às grandes aventuras de espadachins, o título apresenta um escopo interessante e garante boa diversão, indo direto ao ponto com uma combinação muito bem feita entre exploração, desafios de plataforma e um combate peculiar.

Em busca de aventuras

A história de Olija gira em torno de Faraday, um homem que sai com um pequeno grupo de marinheiros em busca de ajuda para salvar seu povo. No entanto, a aventura inicial sofre uma reviravolta depois de um naufrágio que leva Faraday e seus homens até Terraleva, um local estranho, cheio de mistérios.

Ao acordar nesse novo mundo, Faraday busca meios de reunir seus companheiros, mas acaba encontrando uma arma, um arpão. Logo, ele descobre que o item é mágico e, ao mesmo tempo, amaldiçoado, detestado por muitos inimigos. Assim, o nosso protagonista precisa aprender a lidar com a arma e as consequências de carregá-la por aí.
 

Em termos de jogabilidade, o arpão apresenta uma mecânica interessantíssima. Ao jogá-lo em determinados pontos da fase é possível fazer com que ele nos leve até àquele local, como um mecanismo de teletransporte. Nos primeiros momentos do jogo, alguns locais são inacessíveis, mas fica evidente que poderemos voltar a esse ambiente em outro momento. E é justamente a descoberta do arpão que muda tudo.

No entanto, não é só a arma que está no destino de Faraday. Ele também encontra uma mulher misteriosa, Olija, que vai guiar sua aventura a partir do momento em que eles se encontram. Infelizmente, a história, apesar de possuir uma boa apresentação, não se desenvolve o suficiente no decorrer do jogo, que fica cada vez mais focado nas mecânicas de combate e exploração.
 


O retorno para casa

Alguns mitos clássicos, como Odisseia ou a história dos Argonautas, narram situações em que alguém se vê envolto em grandes aventuras e com uma dificuldade imensa de voltar para casa. Esse é um tema essencial da literatura, que remonta à possibilidade de encararmos o retorno como uma metáfora da própria existência, em que cada um busca aquilo que lhe é comum, natural. A vontade de voltar para casa, portanto, é um desejo de encontrar a harmonia, o cosmos, e fugir do caos. Mas isso nunca acontece de forma simples. E nem poderia.

Faraday, para retornar à sua situação natural, precisa encontrar os marinheiros que estão perdidos em um conjunto de ilhas. E o mapa do jogo permite justamente que ele viaje entre essas ilhas para fazer tais buscas (e descobrir novos objetivos). Alguns locais dependem de chaves para acesso, e é possível saber em que ilhas essas chaves estão.
 


Ao mesmo tempo, o nosso herói se associa aos habitantes locais em missões que lhe rendem itens importantes, como armas secundárias, upgrades em suas habilidades e chapéus que oferecem facilidades únicas. Infelizmente, o game não investe o suficiente nesses itens ou colecionáveis, e eles acabam se tornando supérfluos durante o percurso.

O sistema de combate é bastante simples, especialmente com o arpão. É possível criar combos com as armas secundárias e criar estratégias mais específicas, mas elas raramente são necessárias nos ambientes comuns. Apenas os chefes exigem um pouco mais de estratégia na luta. Mas isso não é tão ruim quanto parece, pois a jornada é sempre agradável e a exploração não é cansativa. Os controles, por sua vez, são bem simples e vão direto ao ponto. Sobre o desempenho no Switch, posso dizer que o jogo flui muito bem, tanto no modo portátil quanto na televisão, sem nenhuma queda perceptível.

Chapéu e espada

Olija é um jogo que entrega uma experiência agradável em tudo aquilo que procura fazer. Os desafios de plataforma são muito bons, o combate é satisfatório e as mecânicas de exploração e upgrade de itens servem bem àquilo a que se destinam. Saber que tudo isso é obra de uma pessoa só (com o suporte do estúdio, claro) deixa tudo ainda mais impressionante. Mas não tira a sensação de que o título poderia oferecer um pouco mais, principalmente na quantidade de conteúdo, na qualidade dos puzzles (que, além de tudo, são raríssimos) e no desenvolvimento da história. Contudo, isso não diminui em nada a ótima jornada, que irá agradar em cheio quem adora os clássicos da literatura e dos games.

Prós

  • Gráficos muito charmosos;
  • Ótimo sistema de combate e locomoção com a arma principal;
  • Proporção adequada entre a exploração e os desafios de plataforma.

Contras

  • Puzzles muito simples;
  • Desafios de plataforma demoram a se tornar interessantes.
Olija — Switch/PC/PS4/XBOX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital

Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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