Analógico

Cinetose - a doença do movimento que atinge parte da população gamer

Um boss extra na vida real.


É comum um adulto assistir a um jovem jogando e comentar de forma simples que "aquele game não é para mim". Essa frase pode esconder muitas questões, desde uma resistência aos novos tempos até algo muito pouco comentado: uma condição conhecida como cinetose ou doença do movimento.

Você lia as páginas de aviso do encarte?
Por décadas, a caixinha dos jogos de videogame veio acompanhada de um encarte. E nas primeiras páginas sempre estiveram presentes avisos de que algumas pessoas poderiam ser afetadas de formas indesejáveis pelos games. A cinetose ou motion sickness pode causar enjoo, tontura, vertigem, dor de cabeça, suor e até ânsia de vômito. Pode parecer estranho, mas segundo estimativas do Hospital Albert Einstein, esse distúrbio atinge todos os anos pelo menos 150 mil pessoas só no Brasil. Nos Estados Unidos, entre 25 e 40% da população é afetada em algum nível.
Mario sob efeito da cinetose.
Mas o que é e o que causa a cinetose? Um bug no nosso sistema vestibular, responsável pelo equilíbrio e formado por órgãos que compõem o ouvido interno. Esse distúrbio é uma incompatibilidade entre o movimento percebido e a sensação captada pelos ouvidos.

Em outras palavras: quando o nosso corpo sente uma movimentação de forma natural, seja pela visão, tato ou qualquer outro sentido, a sensação de equilíbrio ocorre de forma tranquila. Porém, quando o ambiente está em movimento enquanto seu corpo se mantém parado, isso gera um conflito de informações que torna possível que esse bug aconteça.
Doom Eternal pode ser o fim para alguns.
Isso vai para muito além dos games, já que diferentes tipos de situação podem desencadear esses efeitos. Um caso que repercutiu bastante foi o do episódio 38 do anime de Pokémon, cujos efeitos de luz levaram até mesmo a casos de epilepsia em centenas de crianças japonesas ao ser exibido pela primeira vez em 1997.

Jogos em primeira pessoa são uma armadilha para alguns, enquanto outros passam mal simplesmente em viagens de carro mais longas ou tentando ler em um ônibus! O balanço do mar, a paisagem que passa rápido pela janela, a tela do celular ou o livro que não para de balançar enquanto seus olhos tentam focar, o movimento frenético de câmera num shooter ou nos loopings do Sonic - todas essas são possibilidades de afetar o sistema vestibular e ativar a cinetose.
Uma imagem, duas dicas.
Algumas pessoas acabam recorrendo a remédios para conseguir viajar, evitam andar de montanha-russa ou deixam os jogos eletrônicos de lado. Então é game over mesmo? Não! Para um gamer, há algumas dicas para aprender a lidar com esse distúrbio. A primeira, claro, é parar a jogatina assim que começar a se sentir mal. Por vezes é preciso fazer pausas a cada 15 minutos até o organismo se acostumar e resistir por um tempo maior. Mas o ambiente pode ser preparado para amenizar ou até mesmo eliminar os efeitos adversos: deixar as luzes acesas, o ambiente ventilado e ajustar a sua distância em relação à tela são as medidas mais indicadas.

Essas dicas não substituem uma visitinha ao médico, mas já contribuem para melhorar a vida de quem quer continuar curtindo seus games sem ter de enfrentar mais esse desafio extra na vida real.

Revisão: Davi Sousa

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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