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Análise: Azur Lane: Crosswave (Switch) — aliciando o embate entre as garotas-navio

Em um mundo onde as grandes potências são regidas por inocentes garotas-navio, é difícil encontrar seriedade entre tanta conversa fiada e erotismo.














Todas as franquias de games que colocam itens, meios de transporte ou qualquer outra coisa como garotas inocentes são casos curiosos para se analisar. Azur Lane: Crosswave (Switch) é uma dessas estranhas aventuras, derivada do título muito popular dos smartphones chineses Azur Lane (Mobile), onde navios do mundo real tomam a forma de garotas chamadas Kansen e combatem umas às outras, como reais fragatas ambulantes. Seu relançamento, agora no console híbrido da Nintendo, é uma sobrevida de humor e diversão descomprometida, embora a monotonia nas mecânicas e na progressão do jogo demonstrem que trata-se mesmo de um jogo voltado a seu nicho e sem grandes pretensões.

Garotas armadas até os dentes

Na tentativa de se criar um universo prévio à narrativa, há diversas referências a grandes conflitos no passado, como se o universo de Crosswave fosse construído a partir de uma história milenar, embora essas justificativas sempre fiquem mal explicadas e nada seja contextualizado adequadamente.

O modo campanha do jogo é protagonizado por Shimakaze e Suruga, membras do Sakura Empire, que está sediando o Joint Military Exercise, uma reunião de várias Kansen das quatro principais potências mundiais — o Sakura Empire, a Royal Navy, o Iron Blood e a Eagle Union — juntamente com algumas de outros lugares em uma competição amigável. Porém, quando as atividades têm início, as intervenções de um grupo de forasteiras ameaçam todo o equilíbrio entre as potências e a própria organização do evento.






A narrativa não é nada profunda, com a leveza e inocência das personagens sempre impedindo a trama de evoluir em algum drama ou conflito mais sério. A maioria dos eventos, selecionados a partir de um mapa básico em 2D e estilo chibi, passam em poucos segundos, com alguns sendo apenas algumas frases e a maioria deles diálogos que partem de um ponto qualquer e não chegam a lugar algum. Ao menos o game dá uma grande liberdade para o jogador pular por tudo que desejar, sabendo que não há razão para forçar uma relação arrastada entre as Kansen, mas sim tentar ao menos proporcionar algumas risadas.


Simples do propósito à execução

A jogabilidade em Azur Lane: Crosswave toma forma em uma série de missões curtas, a grande maioria das quais são facilmente finalizadas — ainda com conceito máximo e em menos de 2 minutos de gameplay. Em cenários 3D com modelos em cel shading, o jogador tem à sua disposição uma equipe de uma até três Kansen, com a possibilidade de até mais três como suporte e assistência. Porém, é possível controlar apenas uma de cada vez, deixando as demais por conta de uma IA, que cumpre bem o seu papel. Nesses conflitos, somos colocados à frente de navios, aviões ou mesmo outras Kansen, em busca de provar quem é mais forte.





Os controles são simples e funcionam bem. Os quatro botões de comandos correspondem às armas equipadas e às habilidades especiais de cada Kansen, enquanto a movimentação é controlada com o direcional esquerdo e a mira e a câmera com o direito. Há uma mira automática que funciona bem desde que você tenha os alvos dentro do seu campo de visão geral, resumindo assim o combate a permanecer sempre em movimento e atirar o máximo possível de vezes, com todas as opções disponíveis.

Há diferentes tipos de classificação de Kansen — destróieres, porta-aviões, fragatas, etc —, e essa variedade fica bem evidente especialmente pela quantidade de tipos de armamentos voadores, marítimos, de longa ou baixa distância, entre outros. O problema está, muitas vezes, na falta de incentivo para que o jogador experimente muitos tipos de navios e armamentos, uma vez que encontrada uma combinação que funcione, ela dificilmente ficará obsoleta ou necessitar de upgrades.




A dificuldade de Azur Lane: Crosswave é realmente muito baixa e, desde que os jogadores sigam a fórmula de andar e atirar, eles não terão nenhum problema. A única possibilidade de desafio vem se você, por vontade própria, deixar suas personagens subequipadas ao não coletar os itens gratuitamente distribuídos no mapa de seleção de fases.

A grande exceção à regra vem para a batalha final do jogo. A diferença colossal de dificuldade entre todo o game e o seu boss final mostra que ele claramente parece ter sido feito apenas para os jogadores que dedicaram muito do seu tempo ao conteúdo adicional para conseguir que suas garotas-navio fossem as mais poderosas possíveis. 




Um jogo de portátil... ou mobile?!

As mecânicas de coleta de itens, gerenciamento de dinheiro e interface de melhoras, apesar de não tão complicadas, parecem ter sido apenas copiadas e coladas de sua versão-mãe para os dispositivos mobile. Tudo na tela parece ser propositalmente complicado para que o jogador optasse pagar em cash ou demais possibilidades de pagamento em dinheiro real, típicas de jogos mobile. A versão de Switch, infelizmente, não é diferente. Apesar de haver uma coleção já extensa de DLCs disponíveis desde o lançamento, não existem de fato mecânicas pay-to-win, apenas maneiras pouco amigáveis de se desenvolver enquanto enfrentamos os diferentes cenários do game.

Com o decorrer da campanha, mais Kansen são desbloqueadas por meio dos pontos conquistados nas batalhas, e consequentemente mais eventos paralelos ficam disponíveis. Esses eventos pouco têm a acrescentar à história e servem apenas para colocar mais pimenta em certas relações, já que há a opção de "casar" com uma Kansen caso você tenha um nível de relacionamento suficientemente alto, ou mesmo para dar vida ao elenco já bastante variado. Há também um modo de fotografia, mas que serve apenas para observar melhor as garotas e registrar momentos para os mais entusiastas.




Definitivamente o ponto alto do game, no entanto, é todo o design envolvendo as artes das personagens e navios. O estilo anime é muito bem incorporado e desenhado, se adaptando naturalmente ao ambiente das Kansen, à sua personalidade e ao cenário de um mundo onde navios e garotas não são tão diferentes assim. Há pouco a se comentar a respeito do áudio do game, muito pelo fato de ele ser simples, direto e objetivo, com diálogos em japonês e efeitos sonoros que cumprem bem seu papel.  

Azur Lane: Crosswave é categórico ao se manter bem próximo à sua experiência mobile e agradar o seu nicho dedicado. Não se trata de um jogo arrasa-quarteirão e ele nem pretende sê-lo, mas propõe sim dezenas de horas leves e divertidas, servindo bem aos fãs de anime do estilo ecchi, harém ou demais segmentos do gênero tudo-são-garotas para o qual foi pensado.

Prós

  • Design de personagens muito bem-feito;
  • História leve, divertida e engraçada;
  • Prato cheio para os fãs do estilo tudo-são-garotas.

Contras

  • O jogo é fácil demais na maior parte do tempo;
  • Muitos diálogos que não acrescentam absolutamente nada à história
  • Progressão bastante repetitiva.
Azur Lane: Crosswave — Switch — Nota: 6.5

Revisão: Davi Souza
Análise produzida com cópia digital cedida pela Idea Factory International 


Curioso, empolgado e positivo: os ingredientes ideais para criar o Felipe perfeito...ou quase! Estudante de Engenharia no crachá, programador aos fins de semana e designer às quintas-feiras. Na dúvida, viajar pelos mundos de Kingdom Hearts ou caçar monstros em Hyrule são sem dúvidas uma boa aposta! Conheçam-me! @felipe_lemos12
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