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Análise: #DRIVE (Switch) — dirigindo sem parar em um simples e estiloso jogo de corrida

Este jogo do gênero infinite runner chama a atenção com seu belo visual, mas decepciona com mecânicas limitadas.


Jogos do estilo “corrida infinita” existem aos montes e são ótimas opções para relaxar ou passar o tempo. #DRIVE é mais um representante desse gênero e ele se destaca com a ambientação e visuais estilosos inspirados em filmes de ação da década de 1970. Lançado inicialmente para dispositivos móveis, o jogo chega ao Switch em uma versão que ainda carrega consigo a filosofia (e os problemas) de títulos free to play.

Caindo na estrada

O conceito de #DRIVE é bem simples: escolha um carro na garagem, selecione uma fase e dirija infinitamente, tentando chegar o mais longe possível. As estradas estão repletas de obstáculos, como postes e outros veículos, e há outras preocupações, como o nível de combustível e até mesmo a polícia, que nos persegue às vezes. Pelo caminho há vários itens para coletar, como gasolina, rosquinhas para despistar a polícia e power ups diversos.

Tampinhas de garrafa coletadas pelas corridas é a moeda do jogo e há muito uso para elas. Além de desbloquear novos carros, é possível melhorar as características dos automóveis (como aceleração e velocidade), liberar novas cores e até mesmo comprar visuais alternativos. Existem também missões diversas que, quando completadas, desbloqueiam veículos. O jogo conta com mais de 90 carros com estatísticas bem distintas, oito estágios, placares online e um sistema interno de conquistas — ou seja, há muito para ver.
 


Atravessando belas rodovias

As partidas de #DRIVE não têm mistério e são bem diretas. O carro acelera automaticamente e viramos o volante para desviar dos obstáculos. As estradas costumam ser estreitas, logo é importante ter cuidado para não acabar batendo em várias coisas, sendo essencial utilizar o freio em alguns momentos. O ciclo de jogo é simples e charmoso, achei perfeito para relaxar — há, inclusive, um modo “zen”, focado em aproveitar os visuais.


Alguns detalhes trazem alguma complexidade ao jogo. Ao segurar um botão, é possível derrapar na pista, o que aumenta o multiplicador de pontos. Como as estradas são bem estreitas, fazer drift é um desafio — gostei de tentar fazer combos longos. Além disso, o combustível acaba rapidamente e o dano na lataria pode ser um problema. Sendo assim, precisamos ser ágeis para coletar itens para recuperar essas características. Cada carro tem atributos e particularidades diferentes, oferecendo experiências distintas de direção.

O que mais me agradou em #DRIVE foi sua direção de arte marcante. Os gráficos são estilizados e muito bonitos, com muitas localidades belas e variadas: um deserto nos EUA, florestas de pinheiros na Alemanha, uma cidade japonesa e até mesmo uma metrópole em Marte. Até mesmo os menus são estilosos com sua combinação de preto e branco que lembram histórias em quadrinhos, sendo que a interface se movimenta de acordo com a inclinação do console — algo simples, mas que chama a atenção. O título conta com um modo de fotografia simples, mas ótimo para criar cenas legais para fotos.
 


Muitos obstáculos pelo caminho

#DRIVE oferece uma experiência descompromissada, mas logo suas origens mobile se revelam e comprometem a experiência. Para começar, a jogabilidade é extremamente básica e repetitiva, como é de praxe do gênero infinite runner. Estágios e missões tentam compensar esse problema, mas falham: as fases são praticamente idênticas fora o visual e as tarefas opcionais se resumem a fazer ações triviais inúmeras vezes.


Os controles também são um pouco problemáticos. Podemos guiar o carro com a alavanca analógica ou com os botões ZL e ZR, mas a sensibilidade é muito alta: basta um toque levemente mais longo para o veículo se descontrolar e bater em paredes. Para piorar, só há uma opção para aumentar ainda mais a sensibilidade, o que intensifica o problema. Com treino e alterando as características dos veículos eu me acostumei com essa configuração, mas acredito que as partidas seriam mais agradáveis com controles mais precisos.

Por fim, a economia do jogo é extremamente desequilibrada. Desbloquear qualquer coisa exige tampinhas de garrafa, porém muitos conteúdos são caríssimos: boa parte dos veículos custa 8 mil tampinhas ou mais, no entanto, em uma partida muito boa, é possível obter por volta de somente 200 unidades. Por causa disso, para liberar os carros, é necessário jogar uma quantidade imensa de partidas, e nem sempre é garantido conseguir um bom dinheiro. É fácil ver que na versão free to play era possível usar dinheiro de verdade para adquirir tampinhas, o que justifica os requisitos exorbitantes, mas esse tipo de característica precisa passar por ajustes quando o jogo vai para um console — algo que não aconteceu aqui.
 


Uma diversão breve

#DRIVE é uma boa escolha para partidas descompromissadas. É interessante e relaxante dirigir infinitamente pelo mundo do jogo, principalmente por causa do ótimo visual e das mecânicas simples. Além disso, há muitos carros para desbloquear e o modo de fotografia é uma boa opção para registrar momentos interessantes. No entanto, a herança de ser um título originalmente mobile pesa com grande necessidade de grind, estágios similares demais e controles imprecisos. No mais, #DRIVE oferece alguma diversão, porém não é nada memorável.

Prós

  • Mecânicas principais simples e descomplicadas;
  • Ótimo visual estilizado;
  • Muito conteúdo para desbloquear.

Contras

  • Controles sensíveis demais atrapalham as partidas;
  • Estágios praticamente idênticos trazem sensação de repetição;
  • Grande necessidade de grind para desbloquear o conteúdo.
#DRIVE — Switch — Nota: 6.0
Revisão: Vladimir Machado
Análise produzida com cópia digital cedida pela PM Studios

é brasiliense e gosta de explorar games indie e títulos obscuros. Fã de Yoko Shimomura, Yuzo Koshiro e Masashi Hamauzu, é apreciador de roguelikes, game music, fotografia e livros. Pode ser encontrado no seu blog pessoal e nas redes sociais por meio do nick FaruSantos.
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