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Análise: Super Mario 3D World + Bowser’s Fury (Switch) — o triunfo duplo do encanador com bigodes felinos

Com duas jornadas divertidas, o jogo é um presente grande para os apaixonados por Mario, aventuras tridimensionais, gatos e a família do Rei Koopa.

Elegante como um gato, Super Mario 3D World + Bowser's Fury é um pacote completo com duas aventuras divertidíssimas do encanador, ambas contando com o que há de melhor na jogabilidade tridimensional e no guarda-roupa de power ups da série. Assim, tanto no título originalmente lançado para o Wii U quanto no novíssimo modo que leva o nome do Rei Koopa, o desfile do italiano e sua trupe é de gala, roubando os aplausos até mesmo do pequeno vilão Bowser Jr..

Topo da colina

Para aqueles que tiveram o infortúnio de perder Super Mario 3D World no Wii U, saiba que essa é sua chance de ouro para presenciar um dos grandes títulos da franquia. Em seu relançamento para o Switch, o game de 2013 continua fascinante, recheado de encantos que unem o melhor dos conceitos de plataforma 2D com o 3D. Dessa forma, gera-se uma combinação distinta de outras iterações suas, como Super Mario 64 e Odyssey.

Em Super Mario 3D World, as fases, que são disponibilizadas em um hub bem tradicional, abrigam uma linearidade obrigatória em que se segue um caminho até aparecer o mastro icônico da saga; em outras palavras, o fim do estágio. Esse contexto se diferencia da coleta de estrelas, sprites e luas de outros Marios 3D, que trabalham com conceitos de maior exploração em mundos amplos.

Com estágios numerados de forma crescente, nosso dever é avançar na jornada para salvar as Princesas Sprixies, fadas anãs que são capturadas por Bowser na cutscene inicial. Aprisionadas em um pote – como Link faz em The Legend of Zelda –, elas foram espalhadas pelas diferentes regiões do Reino Sprixie; desse modo, cabe a nós libertá-las do vilão Bowser e seus aliados do universo.

Para isso, nós ganhamos a possibilidade de jogar com outros personagens além de Mario, como Luigi, Peach e Toad, que somam forças e são selecionáveis no início de cada nível. Cada um conta com suas singularidades, em uma disposição de atributos como a feita originalmente em Super Mario Bros. 2, de 1988.

Luigi, por exemplo, pula mais alto, enquanto Peach consegue flutuar por alguns segundos; Toad, por sua vez, é o mais veloz de todos, ao passo que Mario é o mais equilibrado. Portanto, lembre-se de usar essas características para superar os diferentes desafios de cada estágio, que contam com um design riquíssimo, mecânicas inteligentes e um estética visual e sonora requintada, conferindo-lhe o título de um Super Mario genuino.


Jogando como um gato

Ao lado da estreia das Sprixies, Super Mario 3D World também é o palco de batismo da cat suit, que transforma-nos em gatinhos adoráveis capazes de escalar paredes e golpear inimigos com garras afiadas. Sem dúvidas, a roupa representada pelo Super Guizo é a cara do título, que tem muito de sua estrutura voltada para o uso dela – como segredos e plataformas que só podem ser alcançadas ao vesti-la, por exemplo.

Essas e outras roupinhas fashion podem ser coletadas e usadas em fases que seguem o estilo de Super Mario 3D Land, do Nintendo 3DS, praticamente seu antecessor espiritual. Essa ramificação da franquia apresenta, geralmente, níveis curtos, mas sempre muito inventivos e com pequenos puzzles criativos. No fim, o fato das fases serem lineares e com menos espaço explorável não representa problema algum.

Quanto ao gameplay, se compararmos a versão do Wii U com a do Switch, há um fator — que inclusive foi divulgado previamente pela Nintendo — que mudou bastante o nosso jeito de se jogar: o aumento na velocidade de movimentação dos personagens, que estão bem mais rápidos do que no console anterior.

No intuito de polir o título e deixá-lo mais dinâmico, essa aceleração é notável especialmente para quem já o jogou no Wii U ou até mesmo para quem já teve qualquer contato com outros momentos tridimensionais da franquia. Arrisco dizer que, aqui, nós controlamos o bigodudo mais veloz neste formato 3D da série, superando Super Mario Sunshine, por exemplo, que até então era tido como um dos mais frenéticos da marca. 

De qualquer maneira, é uma modificação fácil de se adaptar, até mesmo quando controlando Toad, que ficou mais rápido do que nunca e vai alegrar os speedrunners. Em nenhum momento ela chega a figurar como um empecilho à jornada, pois tudo corre bem nessa jogatina – precisa e dinâmica, bem à la Mario. 

Por aqui, os cenários das fases são de tirar o fôlego, indo de praias tropicais com Koopa Troopa a castelos em chamas que abrigam embates marcantes. O jogo mistura bem nossos inimigos, figurando com clássicos, como os Goombas, e novidades alegres, como os ratinhos Skipsqueaks. Assim, Super Mario 3D World é um título digno da franquia, montado cuidadosamente para envolver de início ao fim.

Para os veteranos da série, cabe alertar que você pode sentir uma facilidade além da normal em Super Mario 3D World, especialmente nos primeiros níveis. De fato, essa não é uma das jornadas mais desafiadoras do bigodudo, com uma campanha fácil de se completar. Porém, felizmente, algumas surpresas aparecem em sua extensão, como os adesivos e as Estrelas Verdes – colecionáveis que podem estender o gameplay daqueles que querem suar o bigode.

Assim sendo, com o magnífico Super Mario 3D World apresentado, chegou a hora de conhecer a outra aventura inclusa no mais novo “pacotão” da saga: Bowser’s Fury. De certa forma, com algumas semelhanças mas um jeito muito diferente de se jogar, pode-se até dizer que eles se completam, mesmo que sem dividir qualquer intriga ou temporalidade.



O outro lado da moeda

Para esclarecer, Bowser’s Fury é uma aventura separada de Super Mario 3D World que pode ser iniciada quando bem entender; é só escolhê-la ao iniciar o jogo. Logo, caso esteja morrendo de curiosidade para saber do que se trata, você tem todo o direito de iniciar por ela — ou, também, você pode simplesmente ler o resto dessa análise.

O título se passa no Lago Lapcat, uma terra de águas cristalinas onde praticamente tudo ganhou traços de gato, como os portais, inimigos e ornamentos que agora exibem orelhas. A localidade corre perigo por abrigar um Bowser que misteriosamente cresceu em uma forma gigantesca e ficou fora de controle, destruindo seus arredores. Seu filho, Bowser Jr.,diante de tamanha situação, deixou seus princípios de lado e propôs uma parceria inusitada com Mario para juntos trazerem o Rei Koopa ao normal e salvarem o lago.

Embora Mario seja controlado com praticamente os mesmos movimentos que você encontra em Super Mario 3D World, como saltos, piques de velocidade e wall jumps, o que acaba diferenciando Bowser’s Fury de Super Mario 3D World, além da história, é o conceito de exploração, muito baseado no que falamos acima sobre os jogos bi e tridimensionais da franquia. 

No título que leva o nome do vilão, a jogabilidade é em mundo aberto e nos concede um cenário muito mais amplo para ser desbravado. Por motivos de comparação, o controle de câmera e a movimentação com poucas limitações nos faz lembrar do funcionamento de Super Mario Odyssey, por exemplo. 

Para cumprir nossa missão, nós devemos iluminar a região com os Sóis Felinos, coletáveis que se assemelham às estrelas e aos shine sprites. Eles são necessários para recuperar o funcionamento dos faróis espalhados pelo lago, que foram danificados por Bowser em seus ataques de fúria; consequentemente, essas torres pararam de funcionar, eclipsando ou apagando algumas áreas.

Assim, contra os inimigos tradicionais em uma terra vasta, Bowser Jr. nos auxilia golpeando com o seu pincel mágico, que também pode ser usado para interagir com elementos do cenário. A junção inesperada é extremamente alegre, também servindo como base para um modo de dois players, onde cada um pode controlar parte da dupla para recuperar o esplendor do Lago Lapcat.

Desse modo, não há uma conservação conceitual dos títulos bidimensionais da série, em que uma sequência propriamente dita de níveis é apresentada progressivamente. Apenas precisamos explorar o lago e seus segredos na busca pelos Sóis Felinos, que usualmente são encontrados em pequenas ilhas do lago. Nelas se encontram algumas tarefas a serem executadas, tais quais coletar medalhões, batalhar contra inimigos, coletar moedas azuis e vencer provas de tempo.

Ou seja, são desafios bem tradicionais dos Marios tridimensionais — mas que ainda funcionam muito bem, mesmo com anos de uso. Assim, com uma sensação íncrível de liberdade, essa progressão de reativar os faróis e novas áreas no mapa geral lembra, a grosso modo, as torres Sheikahs de The Legend of Zelda: Breath of the Wild, que complementam Hyrule e liberam novos desafios. Mas só a grosso modo, mesmo.

Giga aventura

Seguindo a tarefa de coletar os Sóis Felinos, eles também são responsáveis por ativar os Giga Guizos, elementos essenciais para a trama. Para entender sua função, primeiro teremos de abordar o comportamento do Bowser gigante. Ao chegar no lago, você perceberá que ele altera entre dois estados: ora repousa em seu casco e não nos importuna, ora está em fúria e causa chuvas fortes e destruição. Essa mudança de comportamento é completamente aleatória e ocorre de tempos em tempos, afetando no gameplay, dado que o vilão atira objetos e provoca chuvas fortes quando está furioso.

Quando estamos em proporções regulares, não há (e nem é possível ter) um conflito físico direto com Bowser, o que é bom, pois a comparação de tamanho entre o encanador italiano com o vilão engrandecido é desproporcional. Logo, o único jeito de atacá-lo seria se tornando gigante também, certo? E é com o uso dos Giga Guizos que podemos fazer isso. 

Há alguns deles espalhados pelo Lago Lapcat, e eles podem ser ativados quando completamos a coleta de um certo número de Sóis Felinos. Quando cumprido o requisitado, o elemento que representa a cat suit será habilitado para quando Bowser estiver em sua fase ativa. Desse jeito, é só correr até o Giga Guizo para se tornar um Cat Mario gigantesco, dando início a uma batalha de titãs intensa.

Ademais, não são só as batalhas entre gigantes que encantam no Switch, pois o novo conteúdo é adorável e divertidíssimo por inteiro. Ainda que seja uma aventura breve (como explicaremos a seguir), podemos compará-lo com outros Marios tridimensionais por conta de seus desafios empolgantes e mecânicas de exploração recompensadoras. Assim, Bowser’s Fury é um Giga motivo para adquirir essa dobradinha, até mesmo para quem já terminou Super Mario 3D World muitas vezes antes.

Uma diversão quase plena

Como de praxe nos jogos de plataforma do encanador, é difícil de encontrar falhas na obra como um todo. Portanto, penso que não há nada que torne a experiência menos fascinante ou menos divertida, mas há elementos que podem limitá-la. Um deles é a ausência de uma opção de dificuldade mais alta em Super Mario 3D World, como mencionado anteriormente. Da mesma forma, a campanha de Bowser’s Fury, por mais amável que seja, acaba sendo muito curta, podendo ser completada ao longo de três ou quatro horas. Ou seja, são pequenos detalhes que podem desagradar jogadores de certo tipo.

Tratando de sua estética, Super Mario 3D World está visualmente magnífico no Switch, tanto no modo docked ou no modo portátil, mantendo a taxa de frames por segundo nas duas funções. O aumento da velocidade dos personagens contribuiu para tornar o jogo mais dinâmico, sem prejudicar o gameplay. Assim, com as fases mais expressas, ele é um ótimo companheiro para jogar com o Switch por aí.

Bowser’s Fury, todavia, passa por alguns engasgos visuais quando em modo handheld, afetando sua taxa de quadros por segundo: de 60 fps quando docked, ele passa para 30 fps no portátil. Embora nunca tenha me incomodado muito com as mudanças de modalidade do console híbrido — pois, usualmente, o tamanho menor de tela e a portabilidade compensam nas potenciais redução — dessa vez não foi bem o que senti aqui.

O modo com o nome do Rei Koopa é notavelmente prejudicado quando fora da dock, evidenciando a queda de quadros por segundo. Isso significa que correr pelo Lago Lapcat e movimentar a câmera com o analógico direito, por exemplo, pode não ser tão maravilhoso como quando é feito na TV. Desse jeito, essa foi uma das primeiras aventuras lançadas pela Big N que me fez priorizar bastante pelo modo docked

Bons momentos em dobro (com ou sem a Double Cherry)

Guardando outras cartas na manga, como o multiplayer online de Super Mario 3D World que será avaliado nos próximos dias aqui no Nintendo Blast, o pacote se completa com dois jeitos distintos de se viver tridimensionalmente as aventuras do bigodudo, tornando-se ideal para a celebração de 35 anos da franquia. Desse jeito, não há dúvidas que Super Mario 3D World + Bowser’s Fury é uma diversão de mão dupla, capaz de preservar elementos do passado e pincelar novidades majestosas ao seu redor, como Bowser Jr. faz com seu paintbrush no novo e fascinante Bowser’s Fury.

Prós

  • Duas aventuras encantadoras em um pacote que se completa;
  • Bowser’s Fury é uma adição maravilhosa, que agora merece um título independente;
  • Visuais e trilhas sonoras no ponto (como sempre);
  • Super Mario 3D World está muito mais rápido, sendo algo que funciona bem;
  • Cat suit e Bowser Jr. por todos os lados.

Contras

  • Campanha de Super Mario 3D World pode ser fácil demais;
  • Queda de fps notável no modo portátil de Bowser’s Fury, que, por sua vez, também é bem curto.
Super Mario 3D World + Bowser’s Fury — Switch — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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