Super Mario 3D World + Bowser's Fury (Switch) — testamos o novo sistema de multiplayer online

Os aspectos bons e ruins presentes na recente adição que permite aventuras pelo Reino Sprixie em até quatro jogadores via internet.

Quando lançado para o Wii U em 2013, Super Mario 3D World inovou ao trazer o primeiro multiplayer integral em um jogo tridimensional da franquia do bigodudo. Da mesma forma, com o recente port que veio acompanhado do novíssimo Bowser’s Fury para o Switch, a aventura no Reino das fadas Sprixies também trouxe ares de novidade em sua republicação ao permitir que a diversão cooperativa pudesse ser online, ao lado de até outros três amigos via internet. 


Pouco mais de uma semana após o título chegar às lojas, nós testamos o novo modo de conexão (disponível apenas em Super Mario 3D World) e vamos contar o que está funcionando bem e o que poderia ser melhorado para tornar a aventura ainda mais plena, da forma que realmente deveria ser. Como uma análise, só que sem atribuir notas, a ideia é relatar experiências pessoais dentro de um formato de gameplay que, quando local, já é unanimidade no quesito diversão. Será que as nossas conexões aguentam o quilate da franquia?

Como funciona?

Para contextualizar, o multiplayer online de Super Mario Mario 3D World opera da mesma maneira do que a jogatina local no Wii U: até quatro jogadores podem escolher entre Mario, Peach, Luigi, Toad e Rosalina (caso ela esteja desbloqueada) para jogar normalmente as fases do modo história do jogo. Juntos, pode-se completar a campanha e ir além, tudo com os quatro jogadores na mesma tela, sem divisórias nem nada.

Para dar início, primeiro é preciso garantir que haja amizade com as pessoas desejadas na conta do Nintendo Switch. Depois, basta iniciar Super Mario 3D World e pressionar o botão R no hub das fases, que irá abrir uma tela com duas opções: a primeira permite formar uma sala, que será disponibilizada para os seus amigos que estiverem buscando por um jogo; a segunda possibilita justamente entrar em um grupo já existente. Pode-se optar por definir uma senha de três dígitos para controlar o acesso, mas como a sala só pode ser vista por usuários conectados pelo sistema de amizade do console, não achei muito necessário.

Ainda quanto ao funcionamento, o que muda em comparação ao modo local do Wii U fica por conta de se jogar em até quatro consoles distintos. Por si só, isso não aparenta ser um problema, pelo menos não até lembrarmos que isso consequentemente pode envolver até quatro saves distintos. Dessa forma, o título permite que apenas um progresso gravado irá guiar a jornada, contando somente com as fases que já estão desbloqueadas pelo usuário, o que também vale para a presença ou não de Rosalina. 

Infelizmente isso representa que tudo o que for completado ou conquistado, incluindo os Carimbos e as Estrelas Verdes, ficará restrito ao dono do save — que corresponde ao amigo que tiver criado a sala. Então, se por acaso você quiser ajuda para passar daquele chefão complicado ou para pegar aquele colecionável que está te dando trabalho, trate de tomar a dianteira e formar a sala antes dos outros para depois não ter que fazer tudo de novo, pois as conquistas não serão permanentemente coletivas.

Gera-se uma limitação: caso não seja o dono do arquivo, provavelmente você está tentando ajudar aquele amigo por simpatia ou está realmente envolvido no multiplayer pela diversão – que felizmente existe muito, como veremos a seguir. Entretanto, cabe o registro dessa falha potencial no quesito de coletividade, porque convenhamos: é um pouco chato se esforçar para recolher tudo o que as fases oferecem para depois não ter nada em seu save por estar jogando em uma sala alheia.

Alegria quádrupla

Já dentro das fases, o multiplayer se mostra uma joia rara, multiplicando as possibilidades de diversão em Super Mario 3D World. Como foi dito, a premissa é a mesma presente desde 2013, mas não custa nada lembrar as coisas que mudam quando se está jogando com outros amigos e o que pode aumentar ainda mais a alegria de viver a aventura.

A disponibilização dos itens, por exemplo, se reconfigura de acordo com o número de jogadores presentes. Os ? Blocks darão mais unidades de power-ups para que todos possam vestir a cat suit, criar uma réplica com a Double Cherry ou outras coisas afins. As roupinhas também poderão ser armazenadas em um número maior para que, quando necessário, se possa pressionar o direcional para cima para liberar os eventuais poderes guardados.

Ao se aproximar de um amigo, você também poderá segurá-lo, como pode ser feito com os cascos verdes e certos inimigos. Desse modo, cria-se uma espécie de totem com os jogadores amontoados. Isso pode ajudar na hora de tentar alcançar alguma plataforma mais elevada ou quando você desejar empregar um pulo mais alto. Da mesma forma, você também é capaz de arremessar o personagem que estiver segurando, projetando-o para um espaço desejado.

Isso ajuda a coletar elementos que estão fora do alcance, por exemplo, muito embora possa representar a morte de seu amigo. Felizmente, ele poderá voltar logo em seguida, dependendo do estoque de vidas. Assim, o item apanhado irá contabilizar para o progresso da fase — claro, para o dono do save e caso o estágio seja devidamente completado

Cooperação e competição

Tudo que foi falado até aqui cria um espectro realmente cooperativo: todos rumando para o mesmo objetivo, que é o mastro  ao final de cada fase, e buscando coletar tudo e pontuar o máximo possível. Para quem estiver buscando terminar a campanha ou alcançar os 100%, a união é um fator muito útil, pois, sem importar qual dos quatro possíveis jogadores coletar os itens, aquilo ficará contabilizado no save do dono da sala.

Sob o lema “unidos venceremos”, fica mais fácil derrotar os males que assombram o Reino Sprixie, além de significar que muitas vezes você não precisará retornar a algumas fases por ter deixado passar uma Estrela Verde ou porque você não estava usando o personagem necessário para apertar um interruptor e liberar um Carimbo — dado que, em até quatro, deve-se jogar cada um com um protagonista diferente. Dessa forma, a junção realmente colabora.

Porém, mesmo sendo um modo considerado cooperativo, cabe ressaltar que ele pode se tornar extremamente competitivo, por incrível que pareça. Ao final dos estágios, o jogo disponibiliza um ranking com a pontuação feita por cada jogador, dando uma coroa ao vencedor. Mesmo parecendo algo bobo, principalmente por se tratar de uma conquista apenas cosmética, é divertido se arriscar para pegar os itens antes dos outros ou atingir o topo do mastro final da fase para ser coroado o campeão da rodada.

Não é preciso dizer que isso incentiva um caos dentro da tela. Ora, mesmo que com um único objetivo e estando em um jogo de plataforma que não permite tanta exploração, há, ainda assim, muitos espaços, inimigos e objetos para se interagir no cenário tridimensional. São muitas as direções possíveis dentro de uma tela que não é dividida — ou seja, que deve contemplar a todos ao mesmo tempo. Para harmonizar esse aspecto da jogatina, caso alguém fique fora do campo de visão geral, o seu personagem entrará em um bolha que retornará até o jogador mais avançado na ocasião, demarcado o panorama do território.

Com tudo isso, a jogatina vira uma bagunça, mas não se preocupe, é uma bagunça muito boa. Os toques de cooperatividade e competitividade aumentam a diversão da experiência, praticamente quadruplicando-a quando em sua capacidade máxima. Até mesmo a discordância da tela pode virar algo aprazível, nos permitindo importunar aquele amigo que ficou para trás, fazendo-o literalmente ficar na bolha — algo que pode ser feito facilmente se estivermos usando o veloz Toad.

Então, sabendo que Super Mario 3D World fica ainda mais legal quando jogado em companhia, o que já era notório desde o Wii U, vamos ao ponto que realmente interessa aos donos do Switch: e o novo modo multiplayer online? Será que ele passa por perrengues ou se dá bem na hora de disponibilizar as aventuras do Reino Sprixie?  

Problemas de uma conexão intuitiva

Como mencionado, tudo é muito simples e prático na hora de se iniciar uma partida via internet; basta ser amigo do player no console e pressionar um botão dentro do jogo. Entretanto, o fácil pode se tornar difícil com a instabilidade de movimentação e delays nos comandos de acordo com a qualidade de conexão dos jogadores. Esse foi o único problema a me incomodar além da discordância dos saves e a permanência dos coletáveis apenas para o dono das salas.

Testei o modo com alguns conhecidos, e foi realmente preciso experimentar as combinações, pois a qualidade da performance, em especial a fluidez da movimentação, pode mudar de acordo com o dono da sala; ou seja, conforme a potência da conexão online de quem estiver hospedando o jogo. Dessa forma, em quatro, testamos todas as possíveis opções até encontrar a melhor entre elas. Isso pode complicar as intenções no modo quando consideramos as questões mencionadas sobre o salvamento do progresso, especialmente caso o amigo que precisa de ajuda não esteja com uma boa conexão.

Quando estive com o melhor líder possível, a jogatina foi quase plena. Os atrasos eram mínimos, afetando muito pouco a movimentação e sendo praticamente igual ao modo multiplayer local. Entretanto, foi assim apenas em uma das quatro possíveis configurações. Em três das quatro tentativas, a conexão era instável e o jogo se tornava artificial, inclusive quando eu estava no comando, infelizmente.

Dentro desses três casos negativos, variava também o padrão de qualidade entre eles. Alguns até eram jogáveis, embora um pouco problemáticos, enquanto outros eram bem frustrantes, a ponto de prejudicar e dificultar a jornada com o lag. Em meio a tantas mortes e erros por causa da instabilidade, era notável que não estava sendo uma experiência à altura da grandiosidade da franquia.

Tudo foi mais desagradável quando alguém (juro que não foi eu) sugeriu que tentássemos um daqueles níveis que funcionam ritmicamente, com plataformas que aparecem e reaparecem de acordo com a batida da música. Assim, no estilo disco beats, nossas vidas se esgotaram em instantes devido à instabilidade dos movimentos. Era terrivelmente difícil calcular os pulos por causa do lag nos comandos, sendo uma experiência trágica e até cômica. Ainda bem que nenhum de nós precisava progredir em uma fase daquele estilo.

Todavia, quando estávamos na “formatação certa”, com a que aparentava ser a melhor conexão liderando a sala, tivemos ótimos momentos, estando bem próximos da experiência local e toda sua glória e diversão. Sem dúvidas, se mostrou uma adição interessantíssima à série, que demorou um bocado até ter sua primeira experiência online fora dos spin-offs e outros formatos.

Só foi preciso paciência e uma possível aceitação: primeiro, para descobrir com quem tudo irá funcionar melhor; do mesmo jeito, também para aceitar que você pode ou não proporcionar a melhor experiência como host, e isso pode implicar em problemas de continuidade e progressão de acordo com suas intenções — se está jogando apenas por diversão ou se quer mesmo coletar tudo. Caso você não sofra com esses impasses, certamente é mais um excelente modo para se viver a ramificação da plataforma tridimensional da franquia do encanador bigodudo, agora também com um multiplayer via internet muito prático e intuitivo.

Novas possibilidades para se divertir como um gato

No geral, eu gostei do que vivi jogando Super Mario 3D World online, ainda mais por estarmos em tempos de uma pandemia trágica que impossibilita momentos presenciais com os amigos. Além de conectar-me com conhecidos a distância, o modo também permitiu aventuras com desconhecidos a partir de serviços como o Discord, onde, após entrar em suas salas e adicionar os usuários no Switch, jogamos descompromissadamente.

Deu pra ver que também pode ser algo bem divertido, justamente por não se estar no mesmo ambiente ou combinando estratégias. Isso espalha ainda mais o caos pelos estágios do Reino Sprixie, o que me encantou muito, incrivelmente.

Ao mesmo tempo, é notável que os problemas de conexão são infelizes e que a discordância dos saves é uma potencial adversidade de acordo com suas intenções no modo, que até chegou a funcionar beirando a perfeição, mas só em algumas circunstâncias. Em comparação a outros títulos do Switch, posso dizer que é uma experiência melhor que Super Smash Bros. Ultimate, por exemplo, que me desaponta até hoje.

Tudo perpassa por situações ocasionais, que dependem de múltiplos fatores. Por mais que isso seja comum em praticamente todos os outros jogos com funcionamento online, não serve como uma desculpa para livrar o modo de suas críticas e de apontar que ele poderia melhorar muito nos aspectos mencionados. 

Entre problemas e virtudes, ainda é uma inclusão muito válida a Super Mario 3D World, que se renovou nesse port com outros fatores além de Bowser’s Fury. O multiplayer, que já era uma unanimidade em modo local, pode ser tão divertido também online, sendo uma razão a mais para você decidir adquirir o game; só saiba que tudo irá depender de outras condições.

Com o jogo em mãos, aconselho um teste logo de início para sentir se a campanha pode ser encarada em grupo. Caso tudo corra bem, você irá perceber que a aventura, que já é maravilhosa, pode proporcionar uma experiência diferentemente divertida com até três amigos, mesmo que eles estejam cooperando ou competindo a quilômetros de distância.

Revisão: Davi Sousa

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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