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Análise: Vera Blanc: Ghost in the Castle (Switch) falha ao reaproveitar as mecânicas de seu antecessor

Mesmo sendo uma continuação direta do primeiro título, o game está mal trabalhado e não é nem a sombra de seu irmão mais velho.

Caso você ainda não tenha jogado Vera Blanc: Full Moon e esteja interessado em saber como tudo começou, recomendamos que comece pela lua cheia para depois se aventurar com fantasmas. Vera Blanc: Ghost In The Castle oferece uma recapitulação que explica as origens da detetive paranormal, mas falha ao não apresentar fatos do que aconteceu em Full Moon, indo contra o que simboliza uma recapitulação. Isso certamente fará uma grande diferença para a sua diversão, já que a história principal parte do final do anterior; ou seja, algumas interrogações em relação às ações de Vera poderão surgir.

A protagonista é uma investigadora psíquica-paranormal e seu papel é desvendar um mistério nos moldes do famoso cachorro Scooby-Doo, desmascarando vilões no último instante da trama. Você se move para locais a partir de um mapa muito simples, iniciando conversas com os personagens aqui e ali. Mas é quando as coisas ficam dramáticas que Vera Blanc: Ghost In The Castle mostra suas nuances; conforme a história progride, Vera Blanc se torna algo como um livro de quebra-cabeças que pode ser comprado em bancas de jornais.

Um friozinho no ar

Assim como em Full Moon, temos a volta dos minigames que representam as habilidades psíquicas de Vera, e embora elas sejam adequadas à proposta do game, a falta de inovação é algo que pega um pouco, uma vez que por ser uma continuação, Ghost in the Castle poderia explorar melhor os poderes de Vera para aprimorar a experiência do jogador. Ainda assim, esta é uma ótima forma para aprimorarmos o inglês, pois como não há ação de fato, a leitura e a interpretação são tão fundamentais quanto a resolução do mistério. Infelizmente, a falta de uma localização para o português brasileiro pode se tornar uma barreira para jogadores que não dominam tão bem a língua.

Com o passar do tempo, torna-se maçante a repetição desses desafios, embora eles sejam necessários para a resolução dos mistérios. Novamente temos a possibilidade de jogar sem a presença deles, mas toda a ideia que envolve esse tipo de jogo é meio desperdiçada. Logo, se você busca um desafio, sugerimos deixá-los ativados. Nem mesmo a presença de múltiplos finais torna a aventura interessante, pois a função de acelerar o texto com certeza será utilizada, a fim de evitar as partes mais simples e sem impacto na história.

O cenário da vez é a cidade de Bari, Itália, e somos contratados por um milionário chamado Roberto Anastasi para investigar um fantasma que assombra o castelo herdado por ele. Em poucos minutos de história, um fotógrafo local é encontrado pendurado em uma árvore, supostamente instigado por um garçom que estava lhe servindo uma iguaria da cozinha italiana momentos antes. A partir disso, você e seu parceiro Brandon Mackey partem em uma investigação sabendo que o fantasma pode ter sido a causa disso tudo.

As aparências enganam

Em termos de transferência de erros, os quebra-cabeças do primeiro jogo foram de úteis a lamentáveis. A temática de jogo da forca funcionou bem, por exemplo, mas o jogo dos 7 erros está longe de ser útil. Você não pode segurar o analógico para mover o cursor e, em vez disso, precisa tocar continuamente para mexê-lo (quem sofre com o drift dos Joy-Cons, se prepare!).

Há ainda as fotos, que em vez de ter uma diferença clara entre si, como um chapéu de outra cor ou roupas diferentes para os figurantes, por assim dizer, apresentam apenas riscos estranhos na imagem, como se o artista escorregasse pela pressa ou deixasse cair um cabelo sem querer. Há erros de tradução em alguns momentos de diálogo e frases que se repetem, como se o texto tivesse sido copiado ao invés de recortado.


Em Vera Blanc: Full Moon havia um certo apelo pela boa aparência de Vera, que era retratada como uma mulher incrivelmente atraente e que sempre estava com pouca roupa em certos pontos da história. Em Ghost In The Castle, esse aspecto é tão utilizado que merece até uma medalha de honra (ou desonra, no caso). Não é brincadeira: absolutamente todos os personagens comentam sobre sua boa aparência nos primeiros cinco segundos do encontro, tentam te apalpar, olham de cima-baixo e, no caso das mulheres que você conhece, totalmente odeiam a protagonista por sua beleza. Completamente forçado e fora do foco da história.

Fantasma no castelo

Em virtude do “boicote” que o jogo traz para si mesmo, Vera Blanc: Ghost In The Castle é mais do mesmo. O diálogo é bem trabalhado, porém ocasionalmente mal traduzido, o mapa é estranhamente difícil de usar (por que é tão difícil ver a área destacada?), e há momentos que fazem você sorrir, graças à estranha realidade paralela em que todos vivem, algo bem característico das histórias em quadrinhos.

Vera Blanc: Ghost In The Castle é, assim como seu título, um espectro do que seu antecessor foi, sendo semelhante só que com uma história rasa, menos ameaçadora, que não dura tanto.

Prós

  • A história, ainda que simplória, entretém;
  • Aprimoramento do inglês;

Contras

  • Recursos mal reaproveitados comprometem a experiência;
  • Jogabilidade imprecisa que dificulta a navegação;
  • As reações em torno do sex appeal da protagonista são forçadas e desnecessárias;
  • A falta de polimento nas imagens denota pressa;
  • Ausência de localização para o português brasileiro.

Vera Blanc: Ghost In The Castle — Switch/PC/PS4/XBO — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games


Fã de carteirinha da franquia Pokémon desde os oito anos de idade, teve seu primeiro contato com os monstrinhos de bolso no Game Boy Color e de lá para cá, são mais de 25 anos de alegria. Fanático por vídeo-games, gostaria de poder jogar mais tempo do que trabalha.
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