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Análise: Sumatra: Fate of Yandi (Switch) é uma aventura emocionante de retorno ao lar

O jogador assume o papel do protagonista Yandi em uma aventura repleta de puzzles e mistérios.

Análise: Sumatra: Fate of Yandi (Switch) é uma aventura emocionante de retorno ao lar

Sumatra: Fate of Yandi (Switch) é um jogo de aventura e puzzle desenvolvido pela Cloak and Dagger Games e publicado pela Ratalaika Games. O título foi influenciado pelo gênero “point and click”, com jogos memoráveis como Indiana Jones and the Fate of Atlantis (PC) e The Secret of Monkey Island (Multi). Sumatra utiliza muitos elementos presentes em games antigos, como jogabilidade e pixel art para dar um novo ar ao gênero e criar uma experiência própria. Para isso, combina aventura com puzzles que ajudam a construir uma narrativa singular e inovadora repleta de ação, mistérios, reviravoltas e lugares exóticos.


A premissa apresentada é simples: cumprir os desafios exibidos para que Yandi possa retornar para sua esposa em segurança. Sumatra: Fate of Yandi surpreende pela forma que conta a história de seu protagonista, ao mesmo tempo em que envolve o jogador em uma trama misteriosa e tocante. Embora não apresente um sistema de controle e gameplay complexos, ou diversidade nas mecânicas para alcançar tal êxito, é justamente a simplicidade que torna esta obra expressiva.

O terrível destino de Yandi

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O gameplay tem início nos apresentando o protagonista Yandi, um homem feliz e recém-casado que tem pela frente mais um dia de trabalho na empresa madeireira Pandang Logging. Ao chegar atrasado, Yandi é repreendido grosseiramente e ameaçado pelo seu chefe autoritário Bramdan. Seu melhor amigo, Ramdan, o questiona sobre como está a vida de casado e os motivos que tem feito Yandi se atrasar constantemente. Diante disso, o jogador é apresentado aos principais personagens do game.

Nos primeiros minutos de jogo, somos introduzidos a um tutorial opcional que auxilia os iniciantes a utilizarem a mecânica do point and click. É também nos minutos iniciais que uma questão problemática no jogo aparece: a conversa entre os personagens. A ausência de uma caixa de diálogos ou da descrição de quem está falando torna confusa a compreensão. As frases surgem no meio da tela com cores diferentes relacionadas a cada personagem que está enquadrado em cena, mas não fica claro quem está falando o quê. 

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Após os diálogos iniciais, Yandi e Ramdan são convocados pelo chefe a buscar troncos de árvores nas encostas da ilha de Sumatra, na Indonésia. O local estava em um período de fortes chuvas, e mesmo sendo avisado sobre os perigos apresentados o chefe Brandan assume os riscos. Sendo assim, Yandi e Ramdan são enviados para o trabalho na ilha.

Enquanto executavam a tarefa, um deslizamento de terra repentino arremessa Yandi em um rio onde ele cai inconsciente, separando-o do amigo. Ao acordar em algum lugar no coração de uma floresta selvagem, o protagonista sente-se sozinho e atormentado por questões como: onde está seu amigo? Como conseguir ajuda para sair dali? O que fazer? É a partir daí que o destino de sobrevivência de Yandi começa a ser traçado.

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Aventure-se em uma trama recheada de puzzles

Sumatra: Fate of Yandi funciona a partir de um cursor pelo qual o jogador vai clicar para interagir com os objetos no ambiente ou com algum item capturado. Não é muito simples perceber qual item pode ser coletado ou não porque não há nada que os diferencia um do outro. Por isso, prepare-se para perder alguns utensílios pelo caminho. Por outro lado, a maioria dos itens importantes são óbvios à primeira vista. Isso se dá porque as conversas com os personagens ajudam o jogador a ter em mente qual instrumento procurar. Ao selecionar algum objeto do inventário, o cursor muda de cor incorporando um ponto vermelho. Assim, fica mais fácil indicar o local preciso que realmente irá interagir com os pontos de acesso.

A mecânica de point and click é interessante, mas atrapalha em determinados momentos. Isso ocorre porque em várias ocasiões a parte superior da tela pode entrar em conflito com a indicação de uma saída. Por exemplo, ao clicar para o personagem subir em algum lugar, a tela de itens abre quando na verdade o jogador só tinha o interesse de mudar seu personagem de posição. 

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Inicialmente, eu tive a impressão que o game seria apenas mais um daqueles títulos recheado de puzzles a cumprir e no fim terminar a campanha. Eu não poderia estar mais enganado nas minhas suposições iniciais. Existem muitos puzzles a serem cumpridos, tais como: recuperar água de um riacho em uma jarra cheia de buracos, encontrar um menino perdido, coletar várias plantas importantes, buscar alimentos ou coisas do gênero. No entanto, a forma como essas missões são introduzidas ajudam a dar camadas à história, fazendo com que tudo pareça natural à trama, ao invés de apenas mais uma quest.

Um recurso louvável, que desenhou um sorriso no meu rosto, foi o de trazer as memórias de Yandi à tona durante a aventura. Ao longo da campanha, o jogador é apresentado a algumas cutscenes que contam mais sobre a vida e história do personagem. Essa mecânica revela as principais motivações do protagonista, fazendo com que o jogador tenha uma empatia real com o herói. Isso torna a jornada de volta pra casa visceral, emocionante e imersiva. Em poucos minutos é inevitável a identificação do jogador com Yandi, que tem como objetivos resgatar seu amigo e voltar para sua amada Adiratna. 

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As missões realizadas não são muito desafiadoras. Algumas demandam maior tempo do jogador, que poderá completar toda a campanha em torno de duas horas. Os puzzles normalmente envolvem combinar objetos ou realizar alguma ação específica com um deles. A mecânica do jogo não permite ações muito dinâmicas. Ao clicar no objeto e no local da interação, o personagem executa a ação sozinho enquanto o jogador torna-se um espectador.

O game não apresenta nenhum sistema punitivo. Caso a missão não seja concluída a campanha não avançará. Os quebra-cabeças apresentados, em sua grande maioria, são fáceis de serem resolvidos. Os personagens dão dicas do que fazer para avançar. Além disso, não é possível morrer no jogo, fazendo com que a experiência imersiva diminua, pois não há uma ameaça real ao jogador.

A dificuldade dos puzzles combina bem com a narrativa do game, sem deixar a experiência excessivamente simples. Diante disso, os desafios servem como um elemento que dá continuidade ao enredo da jornada de Yandi. Além disso, o sistema de controles é descomplicado e dialoga com a complexidade dos puzzles.

No coração da selva

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A aventura de Yandi é singular por conta da combinação excelente entre as mecânicas e os puzzles, pois juntos ajudam a contar uma história envolvente com início, meio e fim. Além disso, os gráficos, efeitos sonoros e trilha sonora colaboram para que esta jornada seja relevante.

Os gráficos são baseados em pixel art, estilo que agrada a muitos jogadores. Aqui, a escolha desse estilo artístico não é por acaso. Sumatra: Fate of Yandi é influenciado por jogos retrô. Sendo assim, ter os gráficos em pixel art é uma forma de localizar temporalmente as influências do jogo, assim como fornecer uma identidade visual à obra. Durante o gameplay a impressão de estar jogando um título da década de 90, com uma nova roupagem, é real.

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Os efeitos sonoros seguem a mesma tendência dos gráficos em pixel art, pois eles também referenciam os jogos do passado com muitos efeitos retrô. A trilha sonora é bastante sólida e na maioria das vezes é coerente com os momentos vividos em cada parte da aventura. Mesmo assim, desliza em algumas etapas do gameplay, onde as batidas das canções não estão de acordo com as situações vividas pelos personagens. Isso acaba sendo um problema porque muda o ritmo da ação e aventura, prejudicando a experiência imersiva.

O design gráfico acertou em cheio na ambientação da selva em Sumatra, especialmente na vida selvagem que está a todo tempo em exibição. As paletas de cores escolhidas dão profundidade à jornada de Yandi, assim como as cores vívidas fazem com o que jogador tenha a impressão de que está jogando na tela de um quadro. Por outro lado, a nitidez das cores não é suficiente para dar total realidade à floresta. Tudo é demasiadamente estático, salvo alguns momentos em que é possível ver objetos e animais em movimento.

Ao longo da campanha há uma mistura entre ação e cutscenes que ajudam a contar a aventura de Yandi de forma mais dinâmica. As cutscenes podem ser ações, como ocorre na maioria dos games ou as memórias do personagem, que servem como uma força propulsora que motiva o jogador a continuar a jornada.

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O título apresenta diálogos emocionantes que ajudam a colocar o jogador dentro daquela realidade. Conforme a campanha avança, é possível perceber que tudo tem uma razão para estar em tela. Todos os elementos presentes ajudam a contar sobre o destino de Yandi. As conversas enriquecem o gameplay, ao passo que funcionam como uma mecânica que desperta sensações no jogador.

Sumatra: Fate of Yandi é um título que consegue agradar não somente fãs de jogos de aventura, puzzle e point and click. O game é divertido, pulsante e tocante pela trama de mistérios e aventuras que constrói, fazendo com que seja ímpar não pelos gêneros que dialoga ou pelas referências que faz. O que torna Sumatra singular é como as mecânicas e os puzzles atrelados a elementos narrativos trabalham juntos para contar uma história de celebração à família e às amizades reais. Principalmente por nos lembrar do local mais seguro de todos que sempre ansiamos por retornar: o nosso lar.

Prós

  • Narrativa com reflexões sobre família e amizade;
  • Mecânicas que ajudam a construir a narrativa;
  • Elementos gráficos e efeitos sonoros referenciam games antigos;
  • Ambientação da floresta potencializada pelos diferentes tons de cores;

Contras

  • Falta de caixa de diálogos;
  • A trilha sonora, por vezes, não dialoga com o gameplay;
  • Parte superior da tela, que dá acesso ao inventário, pode entrar em conflito com a indicação de uma saída.
Sumatra: Fate of Yandi - PC/XBO/PS4/Switch - Nota 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Icaro Sousa
Análise desenvolvida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games

Doutorando em química, professor e treinador Pokémon nas horas vagas. Pode ser encontrado em algum lugar de Galar, em algum combate épico de Fire Emblem ou postando algo relacionado à química no Instagram (@prof.fagnermoura).
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