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Análise: One Escape (Switch) — fugindo do xilindró em uma aventura triplamente divertida

A saga de uma quadrilha formada por três animais pitorescos rende bons e breves momentos no console da Big N.

Com o selo Ratalaika Games, One Escape apresenta uma essência bastante divertida no Switch: controlando três animais humanóides por fases bidimensionais, os jogadores devem escapar de uma prisão protegida por guardas furiosos, raios laser e câmeras de segurança. Assim, mesmo sem ser uma aventura profunda, o jogo dispõe de conceitos criativos que são capazes de cativar ao longo de sua breve campanha.

Formação de quadrilha bastante inusitada

Apresentando muita ação já em sua cutscene inicial, One Escape nos introduz a uma quadrilha incomum formada por três animais com traços humanos: Dook, um pato extremamente musculoso; Gor, um gorila imponente; e Hog, um javali bípede. Baseados em esquematizações meticulosamente traçadas por eles, o trio de bichanos decide pôr em prática um plano de assaltar um banco, o que por muito pouco não acabou sendo bem-sucedido.



Detidos, os animais foram parar na cadeia e em celas diferentes, de onde começaram a orquestrar a fuga perfeita. A partir daí, os jogadores assumem o controle em One Escape, que apresenta três campanhas individuais, uma para cada integrante da quadrilha, cada qual com seus próprios 20 níveis. Elas não são conectadas ou interligadas, permitindo escolhermos com qual animal queremos jogar e com que ordem desejamos fazer isso.

As fases são ambientadas em cenários bidimensionais, exibindo uma jogabilidade de plataforma tradicional: através de pulos e corridas, devemos levar o personagem de um ponto a outro. Assim, os desafios consistem em atravessar os estágios de maneira despercebida, tendo que evitar guardas, raios de energia, câmeras de segurança e outros percalços em missões no estilo stealth. Para incrementar esta jogatina, felizmente cada animal conta com qualidades próprias, que geralmente ditam o ritmo dos estágios.

Conhecendo os meliantes no xadrez

Tido como o cérebro do grupo, Dook é o personagem com maior mobilidade entre os três, sendo capaz de se espreitar nas sombras e fugir dos campos de visão dos guardas com maior facilidade. Como habilidade única, ele consegue quebrar e entrar em dutos de ventilação. Dentro do grupo, o pato talvez protagonize as fases mais simplificadas, mas sem que isso signifique menor facilidade ou intensidade.

Enquanto isso, o presidiário Gor ostenta uma campanha majoritariamente formada por estágios cujos objetivos passam por escalar diferentes áreas. Isso ocorre pois, dentre os três, ele é o único que consegue se pendurar no teto e em paredes, o que é formidável. Dessa forma, este é o nosso principal recurso para fugir dos guardas, formando fases que requerem agilidade e destreza para saltar de forma sutil, o que é difícil, considerando que o gorila é mais lento que Dook.

O javali Hog, por sua vez, tem como habilidade exclusiva a possibilidade de movimentar elementos pelo cenário, como cubos de madeira. Com isso, suas fases costumam ser mais elaboradas, exibindo plataformas mais altas que só podem ser alcançadas com o uso das caixas que manejamos. Portando um soco potente, Hog também consegue atacar guardas pelas costas, que geralmente precisam de dois golpes para ficarem desacordados. Em contrapartida, ele é o animal mais lento e tem saltos curtos.

Apesar das singularidades, cabe ressaltar que os estágios habitualmente implicam em interagir com diversos elementos, independentemente da campanha. As ações mais comuns envolvem ligar câmeras, ativar ou desativar feixes de energia, apertar botões, liberar alavancas e, principalmente, resgatar cartões magnéticos para abrir portões. 

Assim, não temos apenas que caminhar despretensiosamente pelos cenários, mas também resolver pequenos puzzles com cuidado, que requerem as singularidades dos personagens e a interação com os elementos. Dessa forma, é comum ter de passar por diversas tentativas até entender o que é necessário para completar um estágio, em uma jogatina naturalmente divertida e desafiadora.

Virtudes e vacilos da gangue

Somando 60 níveis ao todo, a jornada de One Escape é bastante divertida no geral, com níveis viciantes e envolventes. Por serem curtos, eles podem ser encarados de forma dinâmica, o que dá uma boa fluidez à aventura. Do mesmo modo, o gameplay é agraciado com o fato de que, caso os jogadores se cansem com a campanha de um personagem específico, eles podem partir para outro e diversificar um pouco.

Acrescentando aos seus prós, também temos uma performance extremamente satisfatória no Switch, sem bugs ou problemas de desempenho. Houve apenas um caso em que, durante a campanha do Gor, foi possível notar slowdowns, mas algo breve e passageiro. Com uma estética bonita e criativa, realçada especialmente no desenho dos personagens e inimigos, temos uma exibição pomposa, que consegue cativar mesmo com simplicidade.

Entretanto, é preciso dizer que One Escape, infelizmente, é um jogo muito básico, especialmente no quesito profundidade. Apesar de contar com um tipo de coletável, que é um objeto simbolizado por uma nota de dólar, não há o que se fazer após completar as seis dezenas de níveis e obter seus poucos elementos extras.

Diante disso, a vida útil do título se mostra curta, ainda mais se considerarmos a ausência de modos alternativos, como variações de dificuldade ou suporte para multijogador. Entendo que, para o que propõe, One Escape consegue executar uma jornada bem interessante. Mas, é preciso entendê-lo como uma aventura corriqueira e com limites, que não é menos prazerosa de se encarar por causa disso.

Jornada de escapatória

No geral, One Escape é um jogo divertido e dinâmico. Sua breve jornada encanta por apresentar um level design bacana e três personagens singulares, que trazem uma diversidade que evita a campanha de se tornar repetitiva. Embora não tenha profundidade, fator replay ou outros incentivos, temos uma jornada charmosa e legal de se viver, mesmo durando pouco tempo com sua simplicidade elevada.


Prós

  • Aventura criativa de uma quadrilha peculiar;
  • Três personagens singulares, com campanhas específicas;
  • Fases divertidas e engenhosas;
  • Desafios na medida certa.

Contras

  • Poucos coletáveis e fator replay praticamente inexistente;
  • Completar as 60 fases leva pouquíssimo tempo;
  • É um jogo demasiadamente simples no geral.
One Escape — Switch/PS4/XBO/PC — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Diogo Mendes
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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