Os jogos e acessórios anunciados em E3 que nunca foram lançados

Conhecidos como vaporware, muitos games e acessórios da Nintendo acabaram não conseguindo ver a luz do dia, para a tristeza de muitos fãs.



Com a E3 2021 se aproximando, o trem do hype se intensificando e muitos rumores começando a ser difundidos dentro da comunidade, é momento também de se lembrar de que nem todos os anúncios na grande celebração dos games, sejam de jogos ou de periféricos, conseguiram chegar aos lares dos fãs ao redor do mundo. Muitos simplesmente não convenceram, tiveram problemas no processo de desenvolvimento ou, por razões nunca conhecidas, acabaram ficando ainda com um gosto de quero mais.

Na iminência de novos anúncios para o bem-sucedido console híbrido da Nintendo, vale a pena colocar nossas expectativas em níveis realistas. Vale recordar também que nem tudo aquilo que já foi anunciado conseguiu atingir as prateleiras das lojas ao redor mundo, por mais empolgantes que possam ter sido seus anúncios. Assim sendo, confiram alguns destes vaporware que nunca foram para além dos palcos da E3.

Project Giant Robot (Wii U)

O jogo foi anunciado na E3 de 2014, ainda com uma demo jogável nos estandes da Big N, para Wii U, console que já passava por maus bocados em seu fracasso comercial. A Nintendo procurava portanto apresentar soluções e alternativas diferentes com o Wii U GamePad para mostrar a todos o diferencial do aparelho e como ele poderia ser decisivo para mais uma mudança na experiência dos jogadores. 


Para tal, o próprio Shigeru Miyamoto, criador das franquias Zelda e Mario, foi escalado com a importante responsabilidade de ousar trazer novas maneiras de se jogar, além dos redundantes mapas e inventários na tela auxiliar. 

Foram apresentados, então, três projetos para o Wii U, em que apenas dois conseguiram chegar às prateleiras sob os títulos de Star Fox Zero (Wii U) e Star Fox Guard (Wii U). O terceiro título apresentado, chamado de Project Giant Robot, nunca chegou a originar um game oficializado, até mesmo após feedbacks bem mistos da demonstração na feira. 

A ideia era utilizar grandes robôs em cenários cheios de arranha-céus para batalhas de mecânicas totalmente focadas nos controles de movimento do GamePad. Pouco foi falado a respeito do game, mas Miyamoto comentou que não conseguiram aprimorar muito do que foi apresentado na demonstração para justificar o lançamento de um game completo baseado naquelas mecânicas.

Wii Vitality Sensor (Wii)

No auge da era Wii, qualquer que fosse o lançamento da Nintendo para o console era sinônimo de uma mina de ouro, por mais pitorescos que fossem os aparelhos como a Wii Balance Board, os periféricos de Wii Sports (Wii) e Wii Sports Resort (Wii) até os tacos para Wii Play (Wii).


Numa tentativa de novamente ousar novas maneiras de se jogar com um aparelho que já havia quebrado diferentes conceitos da indústria, foi anunciado o Wii Vitality Sensor, com a premissa de que definitivamente qualquer pessoa poderia utilizá-lo, basta ter um dedo e respirar.

Utilizando-se, então, dos dados biométricos do pulso do jogador, o aparelho seria capaz de utilizar as diferentes oscilações do corpo como um jogo. Nenhum gameplay foi jamais mostrado com o aparelho e, apesar de ter feito um certo barulho no período de seu anúncio, a Nintendo nunca voltou a falar a respeito dele.

Foi somente em 2013, quatro anos após o anúncio, que o então presidente Satoru Iwata confirmou que o aparelho havia sido cancelado, muito pela diferença biológica humana que fazia com que o aparelho funcionasse apenas com 90% dos usuários. A Ubisoft chegou a anunciar um aparelho parecido em 2010, com gameplay, inclusive, mas que também foi abandonado sem maiores explicações.

Roll-O-Rama (Kirby Tilt ’n’ Tumble 2) (GameCube)

Na controversa apresentação nintendista da E3 de 2003, muito focada na amizade entre o Game Boy Advance e o GameCube, um título interessante dentre os vários anunciados foi a reformulação da continuação Kirby Tilt ’n’ Tumble 2, sequência do game original de Game Boy Color, que reaparecia com todas as referências a franquia da bolota apagadas, em um título chamado de Roll-O-Rama. 


A mecânica inicial do jogo consistia em colocar o jogador controlando um Kirby esférico à la Kirby Canvas Curse (DS) através de labirintos e percursos acidentados com o uso do giroscópio do Motion Pack, um acessório pouco utilizado do GBA, bastando, assim, inclinar o console para controlar a bolota rosa.

Nessa continuação, a interação funcionava de uma maneira até interessante, com Kirby caindo da tela tridimensional do GameCube na extensão do cenário disponível no Game Boy Advance conectado, fazendo o jogador acompanhar o jogo por duas telas diferentes como uma premonição do Wii U. Mesmo com a exclusão do protagonista em Roll-O-Rama, as premissas continuaram, mas sem nem metade do glamour da franquia, o que contribui para a quase inexistência de conteúdo a respeito do game na internet. 

O game foi cancelado pouco tempo depois, mas a reutilização do Kirby bolota continuou e é ainda hoje um estilo frequente em uma gama de títulos spin-off do protagonista comilão rosado.

Sadness (Wii)

Com o sucesso da plataforma de movimento nintendista, não demorou muito para que o console ficasse lotado de games de baixa qualidade, focados em party-games ou ainda com pouca complexidade narrativa, buscando atrair o grande público casual presente na plataforma e desconhecido do mercado de games.


Antes mesmo desse contexto se popularizar, um game bastante diferente foi anunciado para o Wii na E3 de 2006: Sadness (Wii), da desenvolvedora polonesa estreante Nibris. As primeiras informações que acompanharam o anúncio do game mostravam influências diretas da série de quadrinhos Sin City, em um estilo gráfico totalmente em preto e branco e em uma atmosfera depressiva e aterrorizante. Vindo de um estúdio novo, o projeto parecia ousado e empolgante, talvez até demais.

Após o anúncio da parceria firmada com a Frontline Studios para proporcionar a tentativa de realizar tudo o que fora prometido, o acordo foi quebrado um ano depois, supostamente por divergências artísticas entre as duas colaboradoras. A ausência de uma demonstração técnica sempre colocou o projeto sob suspeitas e, de fato, após muita enrolação, foi confirmado o seu cancelamento juntamente com o fechamento da Nibris em 2010.

Houve uma tentativa de ressuscitar o game para o Wii U, com os direitos comprados pelos pequenos estúdios Cthulu Games e HullBreach Studio, que infelizmente também não vingou. 

StarFox RedZone (Virtual Boy)

Durante a E3 de 1995, a Nintendo tomava mais uma ousada decisão em prosseguir com os visuais tridimensionais rubro-negros do Virtual Boy. A história do console — e consequentemente do seu fracasso — são bem conhecidas pelo público geral, mas a biblioteca de games do mesmo, ou ao menos aqueles títulos que foram prometidos mas que nunca chegaram às prateleiras é pouco difundida.


Dentre esses games, um deles se destacou bastante justamente pelos seus visuais e por ser uma sequência de uma franquia consagrada da Nintendo, o que certamente ofereceria um maior peso na decisão dos consumidores de adquirir o console. Trata-se de Star Fox RedZone(VB) apresentado pela Big N na feira.
 
Apesar de ser um dos destaques do evento da gigante japonesa, a descontinuação do console que o hospedaria acabou também com qualquer esperança de lançamento do game, que teve poucos detalhes divulgados naquele tempo e que permanece desconhecido em sua maior parte até hoje.

 Rumores apontam ainda que a sua proximidade com o lançado Red Alarm (VB) pode indicar tanto que os recursos do jogo foram empregados no desenvolvimento do título estreante ou que a semelhança era tanta que dificultou ainda mais a justificativa de lançamento do game na plataforma de mesa tridimensional.

Survivor Day One (Nintendo 64)

Durante a E3 de 1998, a Konami, já naquele momento uma grande publicadora da indústria, anunciou o jogo Survivor Day One (N64), prometendo uma real aventura realista espacial para o console nintendista. 


O game se passaria dentro de um nave vagando pelo espaço e o protagonista precisaria escapar do local o mais rápido possível e a todo custo. No caminho, alienígenas malignos e problemas na estrutura da aeronave seriam empecilhos para a aventura que trazia conceitos ambiciosos para a tecnologia da época. 

Após a divulgação do material do game, incluindo screenshots de trechos de gameplay, é possível observar que o game estava ainda muito aquém daquilo prometido, com gráficos datados, controles de câmera péssimos típicos da época e poucas ideias justificáveis praticamente.  

Pouco tempo depois, Survivor Day One foi cancelado ainda em estágio inicial e nunca mais viu a luz do dia enquanto um projeto para um console da Nintendo.

Bônus: E3 de 2020

Após a própria organização do evento anunciar que a gigante japonesa estaria sim presente no evento, o ano de 2020 se desenrolou de uma maneira totalmente inesperada para toda a humanidade, com o advento da pandemia do Sars-Cov-2. 


Assim, repetidas vezes confirmada pela própria organização poucos meses antes do início planejado para a feira, a edição de 2020 do evento foi finalmente cancelada, disseminando o conteúdo das apresentações em pequenos teasers ou eventos individuais das publicadoras, ou até mesmo na ausência de novidades por bastante tempo, como ocorreu com a Nintendo

Project H.A.M.M.E.R. (Wii)

Durante o barulhento anúncio do Wii na E3 de 2006, a Big N divulgou uma grande quantidade de títulos para justificar e demonstrar o poderio da nova plataforma de movimento. Dentre várias utilizações do Wii Remote como espada, tacos de beisebol e raquetes de tênis, foi justamente retratando um poderoso martelo que a plateia ficou mais empolgada.


O título foi apresentado como um jogo de ação onde o protagonista possuía um martelo gigantesco e saía pelos Estados Unidos destruindo robôs, com um visual extremamente hardcore e com um apelo mais sério dentre tantos jogos coloridos para a família. 

Como um dos destaques do evento à época, com cenas de gameplay divulgadas e até mesmo uma demonstração jogável disponível nos estandes da Big N, o game, no entanto, nunca chegou a ter um lançamento anunciado, ou mesmo um título final divulgado, com a paralisação da produção confirmada em 2007 e nenhuma outra informação divulgada posteriormente.




O jogo se tornou um mito dentre os fãs da gigante japonesa e é comumente relembrado na comunidade em fanarts, pedidos de participação no Smash Bros. e memes nas redes sociais.

Um futuro sem garantias

Com tantos jogos que ficaram apenas no desejo sendo figuras presentes ao longo das conferências nintendistas, vale cogitar que o mesmo continue acontecendo no período de incertezas que vivemos, seja por atrasos na produção, dificuldades de trabalho remoto ou ainda outros fatores externos à pandemia. 

Basta torcermos para os anúncios da Big N refletirem não apenas grandes títulos à caminho do Switch mas também a consolidação do trabalho de vários programadores e designers por detrás das telas, que dedicam tempo e energia para conseguirem ver seus projetos tomarem vida.
E você? Se lembra de ter ficado curioso com algum anúncio que nunca viu a luz do dia? Lembra de algum outro anúncio nintendista que nunca se concretizou? Conte-nos nos comentários
Revisão: João Gabriel Haddad

Curioso, empolgado e positivo: os ingredientes ideais para criar o Felipe perfeito...ou quase! Estudante de Engenharia no crachá, programador aos fins de semana e designer às quintas-feiras. Na dúvida, viajar pelos mundos de Kingdom Hearts ou caçar monstros em Hyrule são sem dúvidas uma boa aposta! Conheçam-me! @felipe_lemos12
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