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Análise: Chess Knights: Shinobi (Switch) é mais um puzzle de xadrez da brasileira QUByte

Nova entrada no gênero de xadrez não reinventa a roda, mas agrada quem curte o tradicional jogo ou ao menos gostaria de aprendê-lo


O xadrez é certamente um dos jogos mais clássicos, de origem centenária e que no decorrer da indústria dos games se traduziu em diversos títulos espalhados pelas várias plataformas disponíveis, seja em grandes títulos ou em pequenas coletâneas de “jogos de tabuleiro”. 

As produtoras de videogames estão constantemente lançando jogos da modalidade para todos os níveis, pegando embalo no sucesso da série da Netflix "O Gambito da Rainha". A série tem repercutido em um boom na prática do esporte, tanto fisicamente quanto na indústria dos games. Chess Knights: Shinobi (Switch) é mais um reflexo desse movimento.

Para jogar e aprender xadrez sem se atolar com as regras.

A publicadora brasileira QUByte e a desenvolvedora Minimol têm produzido jogos de quebra-cabeças de xadrez frequentemente ao longo do último ano, e enquanto eles sempre oferecem seus próprios conjuntos de quebra-cabeças, o sentimento que fica é de que eles estão começando a se misturar, tamanha a sua similaridade. Seja em Chess Knights: Viking Lands (Multi) ou em Knight's Retreat (Multi), todos sugerem ser apenas mais do mesmo. 

A franquia Chess Knights bebe dessas mesmas fontes sendo uma série de jogos que fazem você utilizar o movimento da peça do cavalo para chegar até um determinado espaço. Deixando de lado as inspirações nórdicas de Viking Lands, nos figuramos desta vez nas terras ermas da geração Edo do Japão, mas se você já jogou qualquer um dos dois títulos que vieram antes dele, você saberá exatamente o que esperar e isso não é necessariamente um problema.


A premissa básica consiste em mover sua peça de cavaleiro — ou cavalo para os mais íntimos — em torno de uma série de níveis bem projetados, trabalhando a icônica estrutura de movimentação da peça (o famoso formato em L) à medida que você avança. Alcançado o espaço marcado como objetivo, você irá automaticamente para o próximo, sem mais, nem menos.

É uma ideia simples que é mais do que capaz de proporcionar níveis de severa dificuldade com a chegada de novas peças adversárias. Os inimigos são simbolizados por peças brancas feitas de palha de combate e parecem estar usando Kasas, que são chapéus japoneses tradicionais ou mesmo vestidos de Samurai.  

A maior parte aparece na forma de um Bispo, de uma Torre ou da Rainha, com cada peça se movendo como no jogo de xadrez clássico: pelas diagonais, vertical ou horizontalmente e na combinação de todos, respectivamente. 


Algo meio complicado de início é que as peças aqui não são exatamente idênticas às do xadrez tradicional, então mesmo que você já esteja familiarizado com ele, é normal assumir que uma peça é uma rainha quando na verdade é um bispo, etc.

Assim como no xadrez convencional, se você se posicionar na linha de alcance destas peças inimigas, você perderá seu cavalo, e então será levado de volta ao início do circuito, para assim ter que planejar uma tática diferente.

Tudo começa com bastante facilidade, se formos honestos, com a necessidade de passar por inimigos individuais muito simples em termos de jogabilidade. Então surgem múltiplos oponentes, aumentando consideravelmente as coisas. 

O interessante é que o tutorial, que ajudará a se posicionar nos primeiros jogos e no qual você aprenderá rapidamente os movimentos das peças, é totalmente opcional, o que faz deste jogo quase um instantâneo plug-n-play. 


Outro ponto notório é que ganhamos alguns companheiros no decorrer dos níveis, o que também adiciona uma camada de estratégia distinta, haja vista a possibilidade de se sacrificar algumas peças para que um cavalo consiga chegar no destino.

Há características extras incluídas neste jogo em relação à entrada anterior, desde a inclusão de arbustos que permitem que sua peça seja escondida da vista do inimigo até portais de teleporte que levam você de um espaço para outro. 

No geral, foram boas adições, o que aumenta a dinâmica de alguns quebra-cabeças e realmente faz pensar em novas maneiras de se terminar o trajeto. De qualquer forma, não se preocupe se você falhar, já que você pode sempre tentar novamente por indefinidas vezes.


O jogo possui 50 níveis com 10 níveis secretos, cada um vindo com uma variedade de idéias visuais e mecânicas. Os primeiros níveis são bastante simples e quebram muito bem o gelo para iniciantes, mas a dificuldade começa a aumentar rapidamente e os quebra-cabeças começam a se tornar um verdadeiro desafio. 

Você não precisa ser capaz de jogar xadrez como um russo para poder vencer estes quebra-cabeças, mas você se sente um pouco mais à vontade se estiver familiarizado com as regras, já que assim você tem mais chances de planejar suas próximas jogadas após sua jogada atual. Ao contrário do xadrez, você não pode levar as peças inimigas. Você tem que evitar o caminho de ataque dos inimigos e alcançar o ponto de saída.

O ponto mais negativo do game, no entanto, é o seu esquema de controles. Utilizamos o polegar direito para mover os ângulos de câmera, ou mesmo o touch da tela do Switch, mas raramente você se sente à vontade para mudar. Ainda que proporcione melhor visão de alguns desafios, quebra a maneira de se controlar.


Isto porque quando você vira a câmera para ajudar a fazer seus movimentos, o eixo de movimentação da sua peça não muda com o ângulo da câmera. Portanto, se você estiver apontando para a esquerda esperando mover sua peça naquela direção, nem sempre será o caso. Você tem que reverter a visão para a visão padrão para que a seta de mira corresponda onde você está segurando o analógico esquerdo.

Questionável também está a decisão de ajustar os movimentos com o analógico esquerdo ao invés de simplesmente direcionar o espaço desejado, como em games de RPG tático. Ao menos é possível clicar nos espaços desejados para se mover, caso esteja jogando no modo portátil. 

Apesar de excessivamente escuro em alguns trechos, o resto do visual é suficientemente sólido, brilhante e colorido, com elementos ao redor do tabuleiro que remetem ao Japão da era Edo, ou ao menos o que resta no imaginário popular deste período.

Xeque-Mate

Chess Knights: Shinobi é mais um jogo para aprender xadrez e se divertir com táticas da modalidade, sem revolucionar em nenhum aspecto. A jogabilidade é bastante simples, mesmo que um pouco duvidosa e as peças de xadrez e o design de nível capturam suficientemente bem a era Edo japonesa. 

Os quebra-cabeças vão desde o mais simples e rápido até o insanamente difícil muito rapidamente, assim passar pelo jogo completo certamente será uma tarefa árdua e desafiadora. A música é agradável e ajuda a ambientar o período histórico do game, mas também não é surpreendente. No fim, o game apela principalmente aos amantes do xadrez que desejam uma aventura de peças em seu Switch, mas não passa de apenas mais um dentre os vários games da publicadora e que veio junto da onda de fama da modalidade.

Prós

  • Bem ambientado ao estilo Edo;
  • Não perde tempo com tutoriais excessivos;
  • Ajuda a entender mecânicas de xadrez;

Contras

  • Esquema de controles poderia facilmente ser melhor;
  • Similar demais com os outros games da série;
  • Iluminação dificulta alguns níveis de maneira desnecessária;
Chess Knights: Shinobi - Switch/PC/PS4/XONE - Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Icaro Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela QUByte Interactive

Curioso, empolgado e positivo: os ingredientes ideais para criar o Felipe perfeito...ou quase! Estudante de Engenharia no crachá, programador aos fins de semana e designer às quintas-feiras. Na dúvida, viajar pelos mundos de Kingdom Hearts ou caçar monstros em Hyrule são sem dúvidas uma boa aposta! Conheçam-me! @felipe_lemos12
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