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Análise: Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 (Switch): o caminho para ser o mestre das manobras no skate digital

Lançado na onda de remakes clássicos da Activision, o port do Switch faz bem ao legado da série e revive com maestria os jogos do início do século.


Há duas décadas, a quinta geração dos consoles era a febre do momento, e com ela muitos jogos de sucesso marcaram as crianças, jovens e adultos da época. Entre eles, a série Tony Hawk’s Pro Skater fez sua estreia e marcou o coração de muitos fãs. Porém, os anos passaram e a franquia não conseguiu manter seu legado, emplacando um fracasso atrás do outro à sombra dos dois títulos originais. Agora, na onda dos remakes de clássicos dos anos 2000, a Activision e a Vicarious Visions apostaram em reviver tais pérolas com o remake dos títulos 1 e 2 da franquia de skate.

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 (Switch) se propõe a entregar uma experiência completa em skate e cumpre com maestria sua missão divertindo os jogadores e incentivando-os a treinarem e ficarem cada vez melhores na arte das manobras. A excelência do jogo está em permitir que esse objetivo possa ser alcançado de inúmeras formas, seja por meio dos objetivos da campanha principal e do modo multijogador, ou através de desafios diários e prêmios colecionáveis. Aqui, você não encontrará atalhos ou modos de dificuldade reduzida: será preciso se tornar um skatista profissional.

O modo Skate Tour: desafio na dose certa

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é um jogo sobre skate e, quando você começar, perceberá que ele pode ser uma simples brincadeira de fazer manobras, mas também pode ser sobre combos complexos de várias habilidades para atingir pontuações fenomenais. Com controles intuitivos, o primeiro tutorial te ensina como fazer cada um dos movimentos dos skatistas e te dá uma breve introdução sobre como se tornar um bom atleta, preparando-o para o tour que vem pela frente.


O centro das atenções é o modo campanha de Pro Skater 1+2, chamado de Skate Tour. Aqui, é possível escolher escolher entre as progressões do primeiro ou segundo títulos dos anos 2000 e avançar cada etapa ao concluir um número fixo de objetivos das fases anteriores.

Os desafios em cada estágio podem ser atingidos atingindo pontuações pré-definidas ou executando manobras específicas. Além disso, colecionáveis como as letras S-K-A-T-E estão espalhados e também podem contribuir na contagem. Assim, novos estágios são desbloqueados e mais desafios tornam-se disponíveis.

A premissa é perfeita tanto para os que querem uma experiência simples quanto para os que desejam o aperfeiçoamento nas manobras, por meio de objetivos de pontuação, coleta de itens e execução de manobras. Conforme você avança, porém, verá que fica cada vez mais complicado atingir as metas sem melhorar suas habilidades. Os colecionáveis vão para locais cada vez mais ocultos, os limites de pontuações sobem e as manobras exigidas são difíceis e perigosas.

Cumprir os objetivos garante a contagem para desbloquear o próximo estágio.

Por isso, é sempre importante destacar que Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é um jogo muito difícil de dominar. Isso não se deve aos controles, que são altamente precisos, nem à curva de aprendizado, já que os tutoriais e comandos são fáceis. O grande desafio está em tentar muitas vezes, observar outros jogadores, aprender padrões e, principalmente, ser rápido nos gatilhos para executar as manobras perfeitas.

A adaptação ao Switch

A versão lançada para Nintendo Switch é um port de lançamento tardio das versões disponibilizadas para os outros consoles há quase um ano. Por isso, é inevitável a comparação gráfica e de desempenho, que não pode ser deixada de lado nesta análise. Se, por um lado, há a vantagem da experiência em um console híbrido, o desempenho pode não agradar a todos os tipos de jogadores.

Entre as maiores mudanças que o jogo passou para que fosse possível jogá-lo no Switch está a diminuição na taxa de quadros por segundo, estável em 30 fps. Isso não seria um problema se não fosse a natureza mais ágil de jogos da série Tony Hawk’s. Em geral, isso pode não incomodar, principalmente se você ainda não experimentou o jogo em outras plataformas, garantindo uma “primeira impressão” dentro dos padrões do Switch. Porém, o patamar de conforto visual alcançado com 60 quadros por segundo é muito superior e pode, inclusive, trazer uma sensação de feedback mais ágil aos comandos e gatilhos.

Os modelos 3D vieram direto dos anos 2000.

Além disso, aqueles que migrarem de outras plataformas perceberão algumas perdas na qualidade do Switch, principalmente nas texturas e efeitos de iluminação, cortados para garantir o desempenho. Nesse caso, porém, o prejuízo é apenas estético, deixando o jogo com uma roupagem da geração passada e os personagens repletos de expressões vazias e movimentos artificiais. O importante é que nas pistas as mudanças são poucas e imperceptíveis, ficando claras apenas em uma comparação lado a lado.

Conteúdo que não acaba mais

Não é por acaso que o primeiro lançamento de Tony Hawk’s Pro Skater está entre os maiores jogos de todos os tempos. Se os controles precisos, mecânicas de manobras diversas e o modo Skate Tour completo e longo não são suficientes para que este jogo entre para a sua lista, então ainda há mais uma grande leva de conteúdo que pode te atrair.

Entre as opções que se destacam no remake está o modo multijogador, disponível desde o início. Nele, é possível experimentar partidas casuais entre jogadores de todo o mundo, criar salas privadas, jogar localmente e, também, entrar no modo competitivo. Modos como a disputa pelo maior combo e maior pontuação estão entre os tipos de duelo que os jogadores podem enfrentar, estendendo toda a experiência da campanha single-player para um modo de replay infinito com progressão de níveis.


Alguns engasgos nos servidores fizeram parte da minha experiência, mesmo que ocasionais, exigindo o reinício do jogo para acessá-lo novamente. Além disso, enquanto busca por partidas ou as carrega, a queda no desempenho do console fica clara, com menus, comandos e gráficos travados. Por outro lado, o problema se mantém apenas nos carregamentos, sem prejudicar a jogatina online.

Por fim, a criação de skatistas personalizados e customização dos vários famosos existentes traz um pouco mais de conteúdo àqueles que gostam de deixar sua experiência com a sua cara. O cumprimento dos desafios diários ou dos desafios específicos para cada skatista garantem pontos de experiência e dinheiro, que darão acesso a novos itens na loja.

Falando em criação, um último modo de interação entre toda a comunidade são as pistas personalizadas, que podem ser criadas por qualquer um e compartilhadas na internet. Quando enjoar das pistas tradicionais — que por sinal já são muito completas e complexas —, basta dar uma volta nas criações dos jogadores pelo mundo.

Se tamanha quantidade de conteúdo não impressiona à primeira vista, é importante entender que Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é uma experiência que conecta tudo isso de forma muito fluida. Uma primeira visita ao modo multiplayer, por exemplo, fará parecer que o jogo é impossível, mas você perceberá que se trata da prática, e isso só será possível visitando a campanha, as pistas da comunidade, o tutorial e até os guias da internet de uma comunidade muito ativa.

Aquela sensação de estar sempre caindo...

No fim, este jogo é uma experiência completa, e a impressão que tive é que tudo se complementa. Uma primeira visita às pistas iniciais me fez, de fato, pensar que o jogo era difícil e não encaixava em meu perfil. Vi que estava enganado após treinar melhor no tutorial, entender as mecânicas em tutoriais online e brincar no multiplayer para, então, fazer uma segunda visita e obter pontuações muito melhores nas mesmas pistas. São muitas possibilidades para aprender e se desafiar e, certamente, todos os perfis de jogadores podem encontrar um local que os agrade neste jogo.

Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 é o remake de uma (ou duas) experiências completas de gerações passadas dos videogames, refinando o que já tinha dado muito certo e adicionando novos modos que tornam a experiência muito mais prazerosa e menos cansativa. Seus controles são ágeis; suas manobras, diversas; e suas recompensas justas. Aos que puderem abrir mão de um pouco de desempenho, tão importante em jogos de ação rápida como este, o Switch é uma excelente escolha, dando ainda a oportunidade de levar os skatistas do mundo em sua mochila.

Prós

  • Movimentos simples, intuitivos e precisos;
  • Incentivo constante ao treino das habilidades em manobras;
  • Infinidade de modos e experiências para aproveitar.

Contras

  • Desempenho gráfico limitado a 30 quadros por segundo;
  • Alguns engasgos no modo multijogador online.
Tony Hawk’s Pro Skater 1+2 — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch
Análise produzida com cópia digital cedida pela Activision
Revisão: Icaro Sousa

É diretor de redação do Nintendo Blast e fã de games desde pequeno, quando começou sua jornada com Mario e Zelda lá no SNES. É formado na área das engenharias e trabalha com desenvolvimento de software. Quando sobra um tempinho entre as jogatinas e o dia a dia, aparece lá no Twitter como @niccomch.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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