Os cinco anos de Pokémon GO (Mobile)

Relembre a trajetória do aplicativo e veja sua evolução ao longo de seus cinco anos de existência.


O ano era 2016. Há pouco menos de um mês do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a Niantic lançava o que seria um dos maiores fenômenos mundiais da década: Pokémon GO, um jogo free-to-play que permitia ao usuário capturar os monstrinhos de bolso no mundo real através de realidade aumentada. O fôlego momentâneo do aplicativo esmoreceu tão rápido quanto sua ascensão, mas nem por isso ele deixou de fazer sucesso até hoje. Vamos relembrar alguns eventos que marcaram a história de Pokémon GO e ver como ele evoluiu até chegar a sua forma atual.

Uma brincadeira que virou realidade

O conceito do que viria a ser o aplicativo remonta ao ano de 2014, quando o Google, às vésperas do dia 1º de abril, divulgou um vídeo no qual desafiava pessoas do mundo inteiro a saírem às ruas e capturar Pokémon espalhados nos mais diversos ambientes utilizando o Google Maps. No fim das contas, era apenas uma pegadinha de Dia da Mentira feita em colaboração com a Nintendo e a The Pokémon Company, mas ali estavam as raízes do futuro sucesso de downloads.


Pokémon GO foi anunciado oficialmente no dia 10 de setembro de 2015 junto com um trailer muito mais cinemático do que condizente com a realidade do lançamento. Durante o discurso de apresentação do jogo, Tatsuo Nomura, designer-chefe do aplicativo, homenageou Satoru Iwata, ex-presidente da Nintendo, falecido em julho do mesmo ano e que esteve envolvido no projeto desde seus estágios iniciais, trabalhando nele, inclusive, até mesmo em seu leito de hospital. A responsável pelo desenvolvimento seria a Niantic, que até então havia produzido apenas o jogo Ingress, de onde Pokémon GO retira sua base.


Durante a E3 de 2016, pouco antes da estreia oficial do jogo, a Nintendo anunciou o Pokémon GO Plus, um acessório que permitia ao usuário capturar Pokémon e coletar itens nas Poképaradas sem a necessidade de abrir o aplicativo no smartphone a todo momento. O aparelho nunca chegou oficialmente ao Brasil, de modo que, até hoje, só é possível comprá-lo importado em algumas lojas.

Um acessório útil, mas com um preço salgado para o bolso do brasileiro

A sensação de 2016

Em 6 de julho de 2016, menos de um ano após seu anúncio oficial, Pokémon GO foi lançado para Android e iOS. Sua estreia inicial ficou restrita apenas aos Estados Unidos, Austrália e Nova Zelândia, devido ao grande fluxo de jogadores que sobrecarregavam os servidores da Niantic. Assim, conforme a empresa resolvia os problemas de instabilidade, o jogo chegava aos demais países do mundo. Por aqui, o aplicativo ficou disponível oficialmente no dia 3 de agosto, na mesma semana que se iniciaram os Jogos Olímpicos Rio 2016, o momento ideal para começar uma jornada rumo a se tornar um Mestre Pokémon.




Pokémon GO foi um estrondoso sucesso logo nas suas primeiras semanas. Nos EUA, o aplicativo alcançou o topo da App Store em 24 horas e a marca de 10 milhões de downloads na primeira semana, batendo o recorde que pertencia a Clash Royale, além de conseguir 21 milhões de usuários ativos, o suficiente para superar até o clássico Candy Crush Saga nesse quesito. As ações da Nintendo dispararam e todas as companhias envolvidas no projeto obtiveram um enorme lucro com o jogo, o qual arrecadou 207 milhões de dólares apenas no mês de seu lançamento.

Durante o verão do hemisfério norte e os Jogos Olímpicos, parecia que a febre Pokémon havia se reacendido no mundo inteiro, a exemplo do que ocorreu no final dos anos 90 e início dos anos 2000, quando os monstrinhos de bolso explodiram em popularidade pela primeira vez. Até setembro de 2016, era possível ver pessoas das mais diversas faixas etárias andando em grupos atrás de mais um registro na Pokédex. Famílias jogavam em seus passeios e amizades eram feitas entre novos e velhos fãs da franquia. Nessa época, o jogo marcou presença em notícias na mídia, algumas engraçadas, como a multidão em Nova York perseguindo um Vaporeon e um homem capturando um Pidgey enquanto a esposa estava em trabalho parto; já outras eram mais sérias e trágicas, como o jogador assaltado durante uma transmissão ao vivo e mortes relacionadas ao aplicativo no Japão.



Após uma ascensão meteórica, Pokémon GO, que chegou a ter mais de 200 milhões de usuários em seu ápice, não conseguiu manter grande parte dos jogadores e, no final de 2016, menos de 50 milhões ainda estavam ativos no aplicativo. Naquela altura, apenas a primeira geração de Pokémon (sem seus lendários e com exclusividade regional para algumas espécies) estava disponível para ser capturada e, além disso, existia um sistema de ginásio que permitia batalhas entre os Pokémon para capturar o local do time adversário, mas que era extremamente favorável aos defensores, e também beneficiava a equipe mais popular (Mystic) em detrimento das outras duas (Valor e Instinct). Até dezembro, algumas novidades já haviam sido introduzidas no jogo, como a chance de checar os IVs dos monstrinhos obtidos, a possibilidade de escolher um Pokémon como seu companheiro, andando com ele para ganhar mais doces, e um evento de Halloween que aumentava as chances de encontrar Gastly, Haunter e Gengar. Entretanto, essas atualizações não foram capazes de causar um grande impacto e Pokémon GO fechou o ano sem ver seus números voltarem a subir.
A tela de carregamento original

Menos pessoas, mais atualizações

Em 2017, a Niantic começou a implementar novos elementos com o intuito de recuperar a base perdida de jogadores e movimentar novamente o jogo. A segunda geração de Pokémon (novamente sem os lendários e com exclusividade por região) chegou em fevereiro e tornou possível encontrar pouco menos de 100 novos monstrinhos pelo mundo. Em junho, foi a vez dos ginásios passarem por uma necessária renovação. Todos eles ficaram indisponíveis por alguns dias, como se realmente estivessem fechados para obras, e foram reabertos com um novo sistema, o qual não se modificou significativamente até hoje: agora, apenas seis Pokémon de espécies diferentes poderiam defender o ginásio. Além disso, todos eles perderiam força com o tempo, conforme suas respectivas motivações diminuíam. Para conquistar o local, era preciso reduzir o Poder de Combate (PC) de todos a 0, o que era muito mais fácil de fazer quando o Pokémon adversário já estava há várias horas no local. Era possível jogadores da mesma equipe aumentarem a motivação dos defensores com frutas, mas, de modo geral, o balanceamento estava mais justo do que antes.

A mesma atualização que reformulou os ginásios também trouxe as Batalhas de Raid, que chegaram primeiro em versão beta e, em julho, já estavam disponíveis para o grande público. Essa atividade incentivava as pessoas a trabalharem em equipe, já que era impossível derrotar sozinho a maioria dos Pokémon que surgiam como chefes, sobretudo os lendários, que finalmente fizeram sua estreia. No início, apenas Articuno e Lugia podiam aparecer, mas logo Moltres e Zapdos tomaram seus lugares, seguidos de Entei e muitos outros que se sucedem até hoje como chefes de Raid. Nessa época, avistar pessoas reunidas em praças, monumentos ou muros se tornou uma cena comum em alguns lugares. As redes sociais ajudaram os jogadores a se organizarem através de grupos no Whatsapp e Facebook, além de ser uma forma simples de saber se havia alguma Raid acontecendo ou prestes a acontecer por perto. A colaboração entre os participantes reflete bem o espírito de amizade e companheirismo que a série sempre pregou através dos anos.




Já no final do ano, durante o evento de Halloween, a Niantic começou a introduzir a terceira geração de Pokémon com Duskull, Dusclops, Shuppet, Banette e Sableye. Diferente das outras duas gerações, que chegaram com a maioria das criaturas de uma só vez, os monstrinhos originários de Hoenn vieram em algumas levas, com mais de 50 fazendo sua estreia em dezembro. Junto a eles, também foi implementado um sistema de clima dinâmico, o qual varia de acordo com o tempo real da sua região e que influencia no aparecimento dos diferentes tipos de Pokémon, além de fornecer bônus para determinados ataques. Por exemplo, um tempo chuvoso irá fazer monstrinhos aquáticos aparecerem com mais frequência e fortalecer ataques de água. Essa mecânica chegou em um momento apropriado, tendo em vista que Hoenn é a região conhecida pelo seu conflito climático gerado pelas equipes Aqua e Magma.

Apesar de todo esforço da Niantic e de várias atualizações interessantes, Pokémon GO fechou o ano com ainda menos jogadores do que em 2016 e com uma receita de 589 milhões de dólares, 29% menor do que os 832 milhões de dólares do ano anterior. Ao que tudo indica, as mudanças não surtiram o efeito desejado e o aplicativo parecia fadado ao esquecimento. No entanto, os desenvolvedores não estavam dispostos a abandonar o jogo e muitas coisas ainda estavam por vir.

Os anos de retomada

Os anos seguintes mostraram que Pokémon GO não estava morto e ainda tinha muito a oferecer. No primeiro trimestre de 2018, várias novidades deram as caras no aplicativo, como mais pokémon da terceira geração, o primeiro Dia da Comunidade - um evento no qual um monstrinho específico com um ataque diferente apareceria em massa durante algumas horas - e a implementação das pesquisas de campo, que consistem em desafios obtidos em Poképaradas e que rendem recompensas quando são concluídos. Completar pesquisas ao longo de sete dias, sejam eles consecutivos ou não, fornece um prêmio ainda melhor e a possibilidade de encontrar um Pokémon lendário. Eventualmente, o próprio Professor Willow começou a passar pesquisas especiais de várias etapas que, no final, costumam contemplar o jogador com a chance de capturar um Pokémon mítico, como Mew e Celebi.

Em meados de 2018, a Nintendo anunciava Pokémon Let’s GO Pikachu/ Let’s GO Eevee, os primeiros jogos da franquia no Switch e espécie de remake de Pokémon Yellow. A diferença é que os títulos teriam a presença apenas da primeira geração e suas formas Alola, mecânicas mais simplificadas e um sistema de captura similar ao de Pokémon GO, no qual seria necessário apenas jogar as Pokébolas com o Joy-Con, sem o tradicional processo de enfraquecer o pokémon selvagem. Além disso, pela primeira vez, seria possível transferir monstrinhos capturados no Pokémon GO para um jogo principal da série. Let’s GO Pikachu/ Let’s GO Eevee foram lançados em 16 de novembro e serviram como uma ponte entre celulares e consoles, feita para atrair jogadores mais casuais ao Switch.




Ainda em 2018, o sistema de amizade e trocas também deu as caras em Pokémon GO, algo que era muito requisitado desde seu lançamento, já que, tradicionalmente, a troca de monstrinhos é algo muito presente na franquia. Também passou a ser possível batalhar contra seus amigos e outros treinadores que estivessem próximos de você na rua, o que, futuramente, foi expandido para uma Liga, onde é possível lutar contra pessoas aleatórias sem precisar sair de casa. Outro detalhe dessa mecânica é a possibilidade de enviar e receber presentes de seus amigos contendo itens e um novo ovo de 7 Km, que concederia uma forma Alola quando fosse chocado. No mês de setembro, um novo e misterioso pokémon surgiu exclusivamente no aplicativo: Meltan, que até hoje só pode ser obtido e evoluído para Melmetal no próprio app. Por fim, em outubro, foi a vez dos pokémons da quarta geração começarem a aparecer no jogo, o que expandiu ainda mais a Pokédex.

Entre eventos, novidades e atualizações, o balanço final do ano foi positivo, com a Niantic vendo a quantidade de jogadores aumentar novamente e sua receita chegar aos 816 milhões de dólares, um patamar bem próximo ao alcançado em 2016. Mesmo com o bom desempenho, a empresa manteve o foco e, no ano seguinte, continuou a implementar mecânicas e melhorar o que já existia.




Pokémon GO teve um ano ainda melhor em 2019. Mais pokémon da quarta geração chegaram ao jogo e os primeiros monstrinhos de Unova começaram a aparecer no mês de setembro. Em julho, a Equipe Rocket GO tomou de assalto as Poképaradas e, até hoje, precisam ser derrotados em batalha para serem expulsos. Ao vencê-los, eles deixam para trás os pokémon sombrosos, que podem ser capturados e purificados pelos jogadores. Apesar dos esforços, os criminosos continuaram invadindo o mundo do aplicativo e, no mês de novembro, seus líderes - Cliff, Sierra e Arlo - saíram das sombras para se tornar mais uma ameaça à ordem. Eventualmente, o próprio Giovanni, chefe supremo da organização, surge como um poderoso oponente e sua derrota proporciona o encontro com um pokémon lendário sombroso.
Purifique os monstrinhos e deixe-os com uma cara amigável novamente!
















Para terminar 2019, Pokémon GO recebeu uma reformulação no sistema de Pokémon Companheiro, uma das mecânicas mais antigas do jogo. Renomeado para Aventuras com Companheiro, agora os treinadores podiam aumentar o nível de afeto, medido em corações, de seus pokémon favoritos, além de ganhar bônus especiais conforme o vínculo entre vocês aumenta. Essa renovação trouxe uma camada mais interativa com seus monstrinhos, ao contrário do sistema básico e raso original.




2019, definitivamente, foi um excelente ano para a Niantic. Pokémon GO, além de continuar com uma grande quantidade de usuários, conseguiu uma receita de 894 milhões de dólares, maior do que em 2016, quando a pokémania estava em alta. O jogo já havia percorrido um longo caminho desde sua estreia e, através de inovações, conseguiu recuperar parte do público perdido. Porém, um percalço inesperado surgiria em 2020.

Um novo desafio

O início da nova década trouxe novidades interessantes para Pokémon GO, como mais monstrinho da quinta geração e a evolução por troca, que é uma alternativa a grande quantidade de doces que alguns pokémon requerem para assumir sua forma mais avançada. Também tivemos, em março, o início da Liga de Batalha GO, que é uma forma de batalhar online com treinadores do mundo inteiro e ganhar recompensas ao subir de ranking. Talvez, uma das maiores novas funcionalidades seja a interação com o Pokémon HOME, um aplicativo com a função de armazenar pokémon na nuvem, de maneira semelhante ao Pokémon Bank do 3DS. Agora, seria possível transferir seus monstrinhos do Pokémon GO para Pokémon Sword/Shield e não apenas para Let’s Go Pikachu/ Let’s GO Eevee.

Os meses de fevereiro e março marcaram o início da pandemia da COVID-19, o que ocasionou o lockdown e o incentivo ao distanciamento social ao redor do mundo. Fundamentalmente, Pokémon GO é um jogo que promove a interação entre as pessoas e o movimento ao ar livre, como foi visto nas notícias de 2016, então, como proceder diante dessa situação excepcional? A Niantic parece ter encontrado a forma correta de responder a isso e, demonstrando responsabilidade, criou formas de estimular os jogadores a permanecerem em casa e andarem o mínimo possível. Para isso, a distância necessária para chocar os ovos foi cortada pela metade, a quantidade de poeira e Pontos de Experiência foi triplicada na primeira captura do dia e ofertas especiais ao custo de 1 Pokémoeda passaram a ser oferecidas semanalmente na loja. Outras formas de se adaptar à nova realidade foi dobrar o alcance de interação dos ginásios e introduzir o Passe de Raid a Distância, o qual permitia aos treinadores lutar em Raids sem precisar estar fisicamente no local da batalha.
Faça como os pokémons e use máscara. Cuide-se!


















A Equipe Rocket GO parece ter se fortalecido nesse ano e, a partir de julho, começaram a aparecer em balões perto dos jogadores, além de invadirem as tradicionais Poképaradas. Em outubro, os líderes da organização começaram a fornecer estranhos ovos de 12 Km ao serem derrotados, que contêm monstrinhos do tipo Venenoso ou Sombrio. Somado a isso, ainda tivemos a chegada das formas Galar e de pokémons da sexta geração.

O balanço final de 2020 foi extremamente positivo para a Niantic, que conseguiu um faturamento de mais de 1 bilhão de dólares, o maior de todos até então. A quantidade de usuários se manteve estável e a empresa soube se ajustar à situação mundial, realizando as modificações necessárias para estimular a jogatina sem colocar as pessoas em risco.





Ainda temos que pegar todos

Pokémon GO chegou ao seu quinto aniversário firme e forte, com uma base estável de jogadores, resultados lucrativos para a Niantic e muitos Pikachus especiais de eventos. Apesar de não alcançar os mesmos níveis de popularidade de 2016, o aplicativo continua relevante no cenário mobile e evoluiu de maneira admirável ao longo dos anos, com a implementação de recursos necessários e que engajam ainda mais os treinadores. Essa aventura em realidade aumentada está longe de acabar e, ao que tudo indica, a Niantic continuará dando o suporte necessário para que Pokémon GO permaneça como um gigante da indústria. E você, leitor? Tem boas memórias relacionadas ao jogo? De qual equipe faz parte? Compartilhe conosco nos comentários!













Revisão: Felipe Fina Franco

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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