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Análise: A Monster's Expedition (Switch): para encantar e quebrar a cabeça

Um jogo repleto de carisma e puzzles dificílimos.



A Monster’s Expedition é um jogo de puzzle lançado originalmente em 2020 para smartphones e PC, que chega agora ao Switch junto com um grande update. Nessa atualização novos estágios, desafios e níveis de exploração foram adicionados. Com bom humor e design cuidadoso, o game agrada e desafia do início ao fim, e não irá decepcionar os fãs do gênero.

Conhecendo a humanidade

A premissa de A Monster’s Expedition é que estamos em uma exposição sobre a cultura humana. O monstro que controlamos (e que aparece em outros títulos da Draknek, como A Good Snowman is Hard to Build) deve passar por diversas ilhas, nas quais artefatos humanos e informações sobre o nosso modo de vida estão em exposição. As placas explicam, por exemplo, o uso de pás, a existência de sucrilhos e o porquê da obsessão das pessoas por filas. Essas explanações não são nem um pouco acuradas, o que garante a nossa curiosidade em ler as descrições. Nem tudo é extremamente engraçado, mas todos os textos apresentam tiradas interessantes e espirituosas. 

Aliás, é importante destacar que existe a opção de acompanhar o jogo em português. O trabalho de tradução é muito preciso e detalhado, garantindo total imersão nesse universo paralelo, em que a cultura humana gera engajamento apenas como peça de museu.




O estranho, contudo, é que nessa exposição em mundo aberto o trânsito não é livre. Os itens expostos estão em ilhas específicas e para ir de uma a outra é necessário derrubar algumas árvores e usá-las como elemento de conexão entre as diferentes localidades. Essa é toda a dinâmica de puzzle que o jogo oferece, com algumas pequenas variações.

No início, derrubamos árvores menores, mas depois descobrimos que podemos combinar duas árvores diminutas para criar uma pequena jangada ou derrubar árvores grandes para alcançar locais mais distantes. Quando as jangadas são colocadas próximas a rochas, é possível se apoiar nessas pedras e com um empurrão ir navegando na direção oposta, o que nos permite alcançar ambientes mais distantes.

O que parece simples e repetitivo, no entanto, rapidamente se torna desafiador. Algumas ilhas possuem mais de uma árvore e às vezes algumas rochas pelo caminho. Gerenciar quais árvores derrubar, e em que direção, vai se tornando cada vez mais complicado. Felizmente, o jogo permite, com facilidade, desfazer a ação anterior apertando o botão B, o que pode ser feito para retornar o quanto for necessário. O X, por outro lado, reseta todas as ações já feitas, o que é muito útil para recomeçar do zero após muitos erros.



Viajando sem rumo

O trajeto para acessar a exposição não é linear. Assim, é bem comum se sentir perdido, sem saber para onde ir, especialmente quando ficamos travados em algum puzzle específico. Como é possível retornar o caminho, é extremamente tentador explorar outras ilhas e procurar rotas alternativas, mas isso nem sempre é produtivo.

Apesar de ter a característica de mundo aberto, o game oferece alguns auxílios para que o jogador saiba para que lado deve caminhar se quiser descobrir novos itens de exposição e novos ambientes. O principal auxílio é a caixa de correio, que aparece em algumas ilhas. Quando entramos nela podemos viajar rapidamente para outras caixas de correio já encontradas anteriormente. Além disso, podemos ver o mapa de forma ampliada. Quando estamos perdidos, basta acessar o mapa e procurar um trajeto de pegadas em algum ponto específico. Isso significa que são essas as ilhas que devemos desbloquear para alcançar novos estágios.

O problema aqui é que às vezes nos distanciamos bastante dessas caixas de correio e é necessário voltar todo o percurso, caminhando de ilha a ilha para poder visualizar o cenário  inteiro novamente. Seria mais simples se houvesse a opção de acessar o mapa na tela de pause.

Importante dizer que as ilhas são bem variadas, com climas distintos, terrenos e árvores com cores e biomas destacados. Enquanto estamos descobrindo novos estágios, a maior parte do mapa fica ofuscada por nuvens. Mas isso muda durante a resolução dos puzzles, sendo a descoberta desses novos ambientes mais um elemento de incentivo para seguirmos em frente.



Uma tarde em um museu a céu aberto

A Monster's Expedition é praticamente perfeito em tudo o que faz. Puzzles desafiadores, mas não injustos, humor na medida certa e cenários muito bonitos e variados. Com exceção da escolha de esconder o mapa durante a maior parte do tempo, a navegação, controles e organização dos estágios em ilhas são muito bem feitos e ajustados. Quem gosta de quebrar a cabeça sem se irritar, vai se divertir como nunca nessa estranha exposição.

Prós

  • Cenários bonitos e variados;
  • Puzzles desafiadores e bem elaborados;
  • Descrições bem humoradas sobre o comportamento humano.

Contras

  • Acesso ao mapa dificultado pela escolha de design.
A Monster’s Expedition — Switch/PC/IOS — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Felipe Fina Franco
Análise produzida com cópia digital cedida pela Draknek

Pesquisador nas áreas de estética e cibercultura com Mestrado em Cultura e Sociedade (UFMA) e Doutorado em Comunicação (UnB). Além de escrever sobre jogos, produz o Podcast Ficções e tem um blog sobre literatura, filosofia e cotidiano.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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