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Análise: Catlateral Damage: Remeowstered (Switch) é um terapêutico simulador felino

Cause destruição e caos na pele de gatinhos encapetados.



Catlateral Damage chegou em 2015 com a interessante proposta de simular a vida de um gatinho doméstico, na qual o tédio e a inquietude levam a consequências desastrosas para os humanos que ousaram desafiá-lo. Em 2018, Chris Chung, o principal desenvolvedor do jogo, decidiu reconstruí-lo do zero para implementar melhorias e novos conteúdos, ao invés de simplesmente portá-lo para consoles. Assim nasceu Catlateral Damage: Remeowstered.


Com uma remiausterização (já vai se acostumando aos trocadilhos) considerável, sobretudo na aparência dos bichanos e no conteúdo jogável, essa versão definitiva é, sem sombra de dúvidas, um passo na direção certa em relação ao seu antecessor, mas será que isso se traduz em um bom simulador das diabruras aprontadas pelos nossos amiguinhos rebeldes?

Bagunça felina que eu não preciso limpar depois? Só se for agora!

Algo que me animou logo de cara em Catlateral Damage: Remeowstered é que ele vai direto ao ponto. Inicialmente, a única escolha disponível além do menu de opções é o rápido tutorial do jogo, que mostra os comandos e dá algumas explicações básicas. Não é possível rejogá-lo após sua conclusão, mas isso é facilmente corrigível em uma atualização futura.




A missão é simples: no controle de um revoltado gato, percorra diversos ambientes causando o maior estrago possível. Derrube objetos no chão, rasgue cortinas, desenrole rolos de papel higiênico, elimine ratos e mariposas, quebre itens frágeis e interaja com brinquedos, como um poste de arranhar.

A destruição termina quando a barra de energia do felino acaba ou quando ele entra em uma caixa criada unicamente para esse fim. Sua disposição pode ser restaurada por meio de sonecas e comendo certos alimentos, e um pacote de erva para gatos pode ser consumido para desacelerar o tempo e parar temporariamente o gasto de energia.

Cada fase tem uma lista de objetivos, que envolvem derrubar, coletar ou brincar com peças específicas. Além dessa lista, nas cinco primeiras fases da campanha principal, denominada Objetivos, há uma barra de metas que precisamos bater, que podem ser de quantidades de objetos derrubados ou de valores em dano causado; fotos de gatinhos para encontrar e usar para liberar novos personagens; e chaves escondidas que só aparecem depois de cumprirmos pelo menos metade dos objetivos de alguns estágios, e que desbloqueiam localidades com trocadilhos felinos dignos de um episódio de A Praça é Nossa.




As recompensas pela conclusão dessas tarefas variam. Os objetivos principais e as metas garantem sinos, que servem para acessar os estágios da primeira metade da campanha. A partir da segunda metade, os sinos são substituídos por Petiscos, usados para comprar fotos no menu de coleções e melhorias para os atributos dos gatos, inseridos em um interessante, mas limitado sistema de árvore de habilidades. Fazer 100% de uma fase nos dá um bônus de dez Petiscos, e completar todas elas nos rende mais cem deles.

Todo personagem tem quatro atributos — Energia, Movimento, Pulo e Patada — que podem ser reforçados e recebem efeitos adicionais, como aumentar a energia recuperada pelas sonecas e refeições ou dar uma poderosa patada carregada. A árvore de habilidades é lamentavelmente pequena, portanto acaba sendo rapidamente preenchida, deixando a utilidade dos petiscos apenas para a compra das fotos.




Felizmente, Remeowstered brilha forte nesse quesito, nos brindando com 300 imagens fofíssimas entre gatos reais e ilustrações, que incluem participações especiais de amigos caninos e até de lagartos e sapos. No que diz respeito à rejogabilidade, esse acervo me deixou bem empolgado. Que incentivo pode ser melhor para revisitar fases e coletar Petiscos do que apreciar fotos de bichinhos? Afinal, a gente já faz isso desde os primórdios da Internet.

A única ressalva que eu deixo em relação a essa vasta coleção está no tamanho das fotos, que ficam muito pequenas no modo visualização e não têm uma ferramenta de zoom. Isso piora ainda mais no modo portátil do Switch, que por sinal tem controles de movimento totalmente dispensáveis. Felizmente, dá para desativar esse recurso, o que eu aconselho fortemente por ele ocasionar em algumas inclinadas bem chatas na câmera.

Destruição dentro e fora do cronograma

Além do modo Objetivos, Catlateral Damage: Remeowstered tem outras duas opções de jogo: Procedural e Caixa de Areia. No Procedural, as fases têm as mesmas temáticas que as da campanha principal, mas a cada nova tentativa o ambiente muda em quantidade, tipo e disposição dos objetos. Os objetivos também são gerados aleatoriamente, e ganhamos Petiscos ou novas fotos ao realizá-los.




Esses níveis procedurais são ótimos para conseguir novas fotos rapidamente e completar a lista de objetos derrubados, mas se você já passou pelas versões regulares antes de jogá-los, muito do valor é perdido, e eles acabam servindo mais para completar a galeria do que pelo entretenimento em si.

A mudança no cenário sempre que recomeçamos não é suficiente para evitar um incômodo sentimento de repetição após pouco tempo, e para piorar, alguns dos ambientes gerados me deram objetivos impossíveis de cumprir, como matar quatro mariposas em um local onde só havia três. Não foi um problema tão frequente, mas não deixa de ser bem frustrante dar voltas e voltas até perceber que não há nada que possamos fazer.

O modo Caixa de Areia vai por um caminho mais casual e despreocupado. Aqui, não há limite de tempo, objetivos ou barra de energia — nossa única preocupação é perambular pelo lugar escolhido destruindo o que der na telha, coletando Petiscos e recolhendo novas fotos. As fases podem ter sempre a mesma configuração ou ser geradas proceduralmente, e podemos ainda habilitar a presença de ratos, mariposas e do robô aspirador.




Apesar de representar a opção de jogo mais terapêutica entre as três existentes, a Caixa de Areia sofre ainda mais de um baixo fator replay que o modo Procedural. Sim, ela é perfeita para jogatinas mais tranquilas, em que você pode causar confusão à vontade sem ficar constantemente conferindo se cumpriu objetivos ou se a energia do gatinho vai acabar, mas a ausência das tarefas dá uma empobrecida que me fez preferir a versão padrão dos estágios. Ainda assim, não deixa de ser uma alternativa válida se você cansar de procurar o único brinquedinho que falta para completar os 100% de uma fase.

Aquela repaginada bem-sucedida na jogabilidade e no visumiau

Catlateral Damage ganhou um trato de respeito para essa nova versão, e não apenas no visual. A progressão foi completamente refeita; novos objetos, fotos e objetivos foram adicionados; as habilidades e os reforços nos atributos vieram de maneira permanente; os bichanos contam com modelos e animações renovados; e houve melhorias gerais de interface de usuário, animações e efeitos. A diferença é impressionante, deixando tudo visualmente mais agradável.

Os três modos de jogo oferecem uma quantidade e variedade de conteúdo que atende dos jogadores mais casuais aos mais dedicados, com uma atenção especial aos colecionadores, que podem se deleitar preenchendo a enorme lista de objetos derrubados e curtindo cada novo bichinho que aparece nas impressionantes 300 fotos reunidas pela equipe de desenvolvimento.




Curiosamente, o conceito de sair por aí trombando com o que estiver na nossa frente, causando confusão sem se preocupar com o tamanho do prejuízo e recolhendo objetos do cotidiano, me lembrou bastante os jogos da franquia Katamari. É claro que a obra da Manekoware não chega nem perto do tom bizarro e cômico que permeia as aventuras do Príncipe de Todo o Cosmos, mas a sensação de baguncinha boa e aleatória é bem parecida.

No fim das contas, Catlateral Damage: Remeowstered é um game que tem seus momentos empolgantes e instigantes, mas que no geral passa uma atmosfera tranquila e despojada, pontuada pela faca de dois gumes que é ter em seu lar um gatinho adorável, porém insuportavelmente diabólico — mas que a gente ama mesmo assim.

Prós

  • Vai direto ao ponto, com um tutorial que ensina o básico de maneira simples e uma campanha com objetivos diretos;
  • Uma remasterização de qualidade, com um excelente conteúdo novo, mudanças positivas bem evidentes no visual dos gatos e melhorias gerais de interface, animações e efeitos;
  • Modos de jogo adequados tanto a jogadores casuais quanto aos mais aficionados por cumprir objetivos e encontrar itens escondidos;
  • Uma vasta coleção de fotos de gatinhos e outros bichos de estimação, que incentiva bastante a rejogabilidade.

Contras

  • A mecânica da árvore de habilidades é bem-vinda, mas a árvore em si é curta e pouco inspirada, sendo rapidamente preenchida;
  • Tirando a campanha principal, os outros dois modos de jogo apresentam um baixo fator replay;
  • Às vezes, o modo Procedural passa objetivos impossíveis de cumprir;
  • A coleção de fotos tem um péssimo modo de visualização, com imagens pequenas e sem uma ferramenta de zoom, o que é ainda pior na tela portátil;
  • Controles de movimento irritantes e completamente dispensáveis.
Catlateral Damage: Remeowstered - Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XBX - Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Manekoware

Apaixonado por jogos desde criança, principalmente pela Nintendo. Seja Indie ou AAA, os videogames vão estar sempre no meu coraçãozinho, com um espaço especial para multiplayers!
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