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Análise: Lyrica 2: Stars Align (Switch) traz novamente um jogo de ritmo de alta qualidade ao console híbrido da Nintendo

A sequência do jogo rítmico que combina tradição oriental e músicas modernas continua charmosa e envolvente.

Em 2019, foi lançado no Switch uma versão do jogo mobile Lyrica. Cheguei a fazer uma análise dele e me encantei profundamente com a experiência na época, sendo um dos meus jogos favoritos daquele ano. Com isso, não era surpreendente que eu tenha ficado particularmente ansioso pelo lançamento de Lyrica 2: Stars Align no Switch. O jogo continua a história do anterior com novas músicas e arranjos de algumas já conhecidas.

Retornando aos poemas chineses

O conceito por trás de Lyrica é um tanto peculiar. Suas músicas buscam combinar estilos musicais modernos com letras inspiradas em poemas chineses tradicionais. Não é o caso de todas, havendo também músicas japonesas no estilo pop, uma que é cantada toda em inglês e algumas sem letra. Todas as trilhas são bem charmosas, mas, assim como no primeiro jogo, eu pessoalmente me sinto mais investido escutando as que combinam modernidade e tradição.

Ao todo, o jogo conta com três modos (História, Música e Desafios), cada um com suas peculiaridades. O primeiro funciona como uma espécie de visual novel, cujos trechos de história são liberados conforme o jogador realiza determinados desafios, como fazer tantos pontos ou manter um combo de acertos de tamanho X.

O modo História é o que melhor representa a linha de transição entre tradição e modernidade. Por um lado, é possível ver um pouco da vida de alguns poetas chineses clássicos como Li Shangyin e Du Mu. Por outro, a história mostra as tribulações de jovens músicos modernos.

As vidas desses personagens se interceptam de formas curiosas durante a história, que é simples, mas tem uma pegada emocional. Vale destacar que a narrativa continua os eventos do primeiro jogo, sendo focada agora na vida de Bai e Shiue e na formação da banda sonhada por Chun e Yang. Curiosamente, o nome deles juntos forma o nome de um poema/música que faz parte da literatura clássica chinesa conhecido como “Chun Yang Bai Xue”, a qual é mencionada como “Chun Yang Bai Shiue” no enredo.

Explorando um legado musical

Os outros dois formatos de jogo já são inteiramente focados no gameplay rítmico. O modo Desafios é apresentado na forma de pergaminhos com missões similares às presentes no História. Ao cumprir o objetivo, o jogador preenche parte do texto, avançando para um próximo desafio. A quantidade de ideogramas obtidos depende do nível de dificuldade da música e concluir o pergaminho desbloqueia novas músicas. Esse sistema é maleável, se adaptando às habilidades do jogador e o visual combina bem com a proposta de reviver a tradição.

Por fim, o modo Música funciona como outros jogos tradicionais do gênero, sendo possível escolher entre uma lista de canções já liberadas. É possível escolher a dificuldade e o modo serve para desfrutar livremente da obra ao invés de se preocupar com objetivos específicos. Nesse menu também é possível ver uma transcrição das letras das músicas, assim como descrições sobre sua origem e cantores. Nem todas possuem o mesmo nível de atenção, sendo algumas mais detalhadas. Além disso, não há tradução das letras nem uma romanização (a escrita das palavras na sua língua original, porém no alfabeto romano utilizado por países como Brasil, Estados Unidos, entre outros), o que dificulta o entendimento para quem compreende apenas o inglês dentre os idiomas presentes.

Esse não é o único problema da tradução para o inglês. Há erros de digitação, como também algumas frases que ocasionalmente soam mal escritas ou desconexas. Além disso, no menu de Desafios, há também um termo que acabou sendo mantido em chinês. De forma geral, houve uma queda perceptível de qualidade no aspecto da tradução em relação ao jogo anterior.

Porém, o jogo também resolve o principal problema que mencionei na análise de seu antecessor. Em Lyrica 2, temos finalmente a opção de usar botões ao invés da tela de toque. Com isso, é possível jogá-lo na dock também. Esse novo modo de jogar é diferente, retirando a noção espacial da experiência e focando totalmente no ritmo. Foi uma boa adaptação que basicamente cria outra possibilidade de jogo.

Assim como no jogo anterior, gostaria de destacar que Lyrica 2 é uma boa entrada no gênero rítmico. Além da variedade de dificuldades, os jogos tem uma janela ampla de acerto e não há game overs, fatores que reduzem o nível de frustração tipicamente associado ao gênero. Ao mesmo tempo, o nível mais difícil das músicas não deve ser subestimado e a vontade de fazer um All-Perfect (acertar 100% dos inputs no timing perfeito) em todas certamente renderá várias horas mesmo para veteranos de outros jogos rítmicos.

Uma obra que novamente chama a atenção

Lyrica 2: Stars Align
é uma excelente adição à biblioteca do Switch. A charmosa combinação de músicas modernas com tradição oriental continua chamando a atenção. Apesar de alguns probleminhas de tradução enfraquecerem a experiência, a obra definitivamente vale a pena tanto para fãs de jogos rítmicos quanto para novatos.

Prós

  • Músicas charmosas com estilo moderno e um toque de tradição oriental;
  • Gameplay simples com vários níveis facilita a entrada de novatos do gênero e oferece uma boa experiência para os veteranos;
  • A possibilidade de usar os botões ao invés da tela de toque adiciona outro modo de jogar;
  • O novo sistema de desafios é maleável e chama a atenção.

Contras

  • Alguns erros de tradução.
Lyrica 2: Stars Align - Switch - Nota: 8.5
Revisão: João Gabriel Haddad
Análise produzida com cópia digital cedida pela COSEN


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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