Análise: Hermitage: Strange Case Files (Switch) aborda curiosos mistérios sobrenaturais

Hermitage: Strange Case Files é um jogo de aventura desenvolvido pela Arrowiz e publicado pela Giiku Games. Com um formato prioritariamente visual novel, a obra envolve a investigação de uma série de casos misteriosos com tons sobrenaturais.

Uma livraria incomum

Hermitage é uma livraria esquisita, repleta de obras antigas e incomuns. Como o gerente desse lugar, você acaba recebendo alguns clientes atípicos ocasionalmente. Desde o início, o jogo dá pistas de que o seu personagem não tem um passado comum e, conforme casos sobrenaturais começam a acontecer na cidade, ele será obrigado a mergulhar nas investigações.

Inspirado em obras como "O Chamado de Cthulhu", de H.P. Lovecraft, a obra trabalha com o conceito de horrores cósmicos. Coisas sinistras estão acontecendo na cidade e elas realmente têm um fundo sobrenatural ao invés de uma explicação mais racional. A qualidade da narrativa em si oscila bastante entre os casos, mas de uma forma geral é interessante vê-los sendo desenvolvidos.

Boa parte da obra também se baseia na apresentação e desenvolvimento de personagens que auxiliam o gerente na resolução dos casos. Essa equipe é curiosa, e é interessante ver o impacto causado pelo contato dessas pessoas com o sobrenatural. Esse aspecto pessoal dos problemas, assim como o peso real de suas resoluções são elementos que podem muito bem manter o jogador intrigado.

Infelizmente, a tradução para o inglês acaba tendo muitos erros. Além de questões de digitação, algumas frases soam bem artificiais e travadas, dificultando a leitura. Como um jogo prioritariamente baseado em texto para o seu desenvolvimento, esse problema é grave, já que prejudica o entendimento da narrativa e a progressão.

Lidando com o sobrenatural

A investigação dos casos inclui não apenas os trechos lineares de diálogo, como também navegar na internet e ler livros deixados por um negociante bastante suspeito. Esses momentos levam o jogador a obter pistas que precisam ser selecionadas corretamente em trechos de dedução lógica.

As perguntas que o jogador precisa responder envolvem a escolha de um conjunto de três pistas que, juntas, indicariam a resolução. Esse sistema pode ser um tanto vago e complicado em alguns momentos. São ao todo três chances, mas o jogo não indica adequadamente os erros cometidos. Falhar não implica em game over, continuando a história até que o jogador inevitavelmente chegue a um final ruim para o caso daquele capítulo e, aí sim, tenha que recomeçar ou abrir um save antes do erro.

Há também outras mecânicas, como uma espécie de exploração de labirinto ou examinar a postura de um personagem durante o diálogo. Infelizmente essas ferramentas são raramente utilizadas e não são muito bem explicadas. Em particular, é uma pena que a análise de postura não tenha impacto significativo no jogo.

Gostaria de destacar que em termos visuais, o jogo oferece um belo design. O traço marcadamente escuro de personagens e ambientes, assim como a interface estilosa chamam a atenção. A trilha sonora com um toque de jazz ajuda a reforçar o clima, mesmo sendo simples e pouco variada. Há até mesmo pequenas animações em algumas cenas, reforçando o tom de calamidade do encontro com os monstros.

Por fim, uma das coisas que os fãs de visual novels e obras de aventura no Switch e outros dispositivos móveis provavelmente sentirão falta é a tela de toque. É impossível utilizá-la para avançar diálogos, o que acaba reduzindo a praticidade do modo portátil. Apesar de não ser um problema grave, isso acaba impactando a experiência.

Casos estranhos e curiosos

Hermitage: Strange Case Files traz uma experiência interessante de mistérios sobrenaturais. Infelizmente, a narrativa acaba tendo um ritmo ruim e os erros de tradução dificultam o entendimento. Porém, caso o jogador consiga relevar isso, há uma obra bem curiosa para aproveitar aqui.

Prós

Mistérios interessantes em um universo em que o sobrenatural existe;
Atmosfera sombria que, de forma geral, trabalha bem os horrores cósmicos;
Design de interface que chama a atenção e combina com a obra;
Trilha de jazz envolvente, apesar de simples.

Contras

Erros de tradução para o inglês, alguns dos quais atrapalham o entendimento da narrativa;
Mecânicas mal explicadas e subutilizadas;
Não utiliza a tela de toque.