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Análise: One-Eyed Lee and the Dinner Party (Switch) é um charmoso point-and-click

Desenvolvido por DCS, o jogo traz visuais icônicos em uma simpática experiência.

One-Eyed Lee and the Dinner Party
é um jogo no estilo point-and-click desenvolvido por DarkChibiShadow (usualmente abreviado DCS), um artista e criador de jogos não-binário que costuma lançar seus títulos no itch.io. Com um traço marcante e diálogos bem humorados, usualmente com um tom queer, é fácil reconhecer as obras de DCS. One-Eyed Lee é um bom exemplo do charme que é a marca registrada do seu criador.

Em busca de uma saída

Tudo começa quando Beracus e Lee encontram um abrigo subterrâneo e acabam ficando presos nesse lugar. Para a surpresa dos rapazes, eles encontram uma família de esqueletos vivos que parecem ser fanáticos religiosos. Apesar de serem bem acolhidos, os protagonistas querem apenas encontrar uma forma de escapar e precisarão vasculhar a área para isso.

De forma geral, a história é bem humorada com Lee sendo um personagem bem ousado. Ele não tem papas na língua e suas atitudes costumam ser um tanto egoístas. Já Beracus é uma pessoa mais centrada, porém muito comedida em relação a suas atitudes. Vale destacar que os dois estão em uma jornada para curar pessoas que sofrem com uma espécie de transtorno que também afeta Lee.

Além deles, a família de esqueletos é bem carismática, e as personalidades pitorescas ajudam a deixar os diálogos mais divertidos. Parte da história envolve descobrir mais detalhes sobre o passado desses personagens e o que motivou a família a viver nesse abrigo.

Basicamente, cabe ao jogador vasculhar todos os cantos do abrigo em busca de pistas de como prosseguir. Além de interagir com a família, o jogador precisa explorar os objetos dispostos no cenário para tentar descobrir itens e formas de avançar na história. Encontrar a próxima etapa nem sempre é trivial, e o jogo opta por não explicar o que deve ser feito tendo em vista o tempo curto necessário para terminar a história.

Além de clicar para ir a uma área subjacente, o jogador pode utilizar um mapa para viajar instantaneamente para qualquer ponto. O menu principal também conta com anotações de Beracus sobre os eventos da história, o que explora um pouco mais a perspectiva do personagem.

Vale destacar que em determinados pontos da história o jogador encontra escolhas. Em geral, Lee decide agir de forma impulsiva e é possível escolher entre pará-lo ou deixá-lo agir. Alguns finais ruins são obtidos fazendo isso, mas o jogador pode retornar ao momento anterior para evitar que eles aconteçam. Obter essas cenas desbloqueia conquistas no menu do jogo.

Uma história em andamento

Por um lado, os ambientes são bem projetados, oferecendo vários detalhes que ajudam o jogador a entender a história dos personagens e dando pistas do passado. Também é bem fácil de identificar com quais objetos é possível interagir graças aos seus outlines. Isso significa que objetos sobrepostos na tela acabam tendo um indicativo claro de que são contados separadamente.

Por outro, a história em si acaba sendo pouco desenvolvida. Ao final do jogo, ainda sabemos muito pouco sobre a condição de Lee, a relação dele com o protagonista, a motivação de Beracus, etc. O que temos são apenas pistas, o que acaba deixando o jogador com várias perguntas sem resposta. Mesmo com o prólogo disponível no menu inicial, há muitos detalhes nebulosos. Vale destacar que na página do jogo no itch.io, DCS menciona que pretende dar continuidade à história com mais três partes.

No aspecto visual, o estilo cartunesco característico de DCS chama a atenção. Os personagens têm traços fortes, porém arredondados. Suas silhuetas são marcantes e qualquer pessoa que já tenha visto outro trabalho do artista consegue identificar o seu estilo único.

Em termos técnicos, aponto que encontrei um pequeno bug de disposição visual. Ao interagir com um personagem que tinha muitas opções de fala, uma das alternativas ficou fora dos limites da tela do Switch, sendo assim impossível de ler o que estava lá. Isso não me impediu de avançar, então é um problema muito pequeno.

Na expectativa por mais aventuras

Caso o jogador queira apenas um escape the room ou um jogo mais curto, One-Eyed Lee and the Dinner Party é uma boa experiência do gênero. Porém, para fãs de obras com narrativas mais elaboradas, o título acaba deixando a desejar por oferecer apenas teases de uma excelente ambientação.

Prós

  • Estilo artístico cartunesco charmoso;
  • Personagens carismáticos com diálogos bem-humorados;
  • Ambientes bem projetados ajudam a contar a história dos personagens;
  • Mapa permite ir a qualquer área rapidamente.

Contras

  • Pouco desenvolvimento de história e personagens;
  • Ocasionalmente, a progressão não é intuitiva;
  • Em um momento, as muitas opções de diálogo podem forçar uma das escolhas para fora da tela.

One-Eyed Lee and the Dinner Party — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Ratalaika Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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