Jogamos

Análise: The Legend of Tianding (Switch) é uma obra-prima que merece mais atenção

O título da taiwanesa CGCGC é um plataforma de ação de altíssima qualidade.

Desenvolvido pela Creative Games Computer Graphics Corporation e publicado pela Neon Doctrine, The Legend of Tianding é um jogo de plataforma baseado em uma figura histórica lendária de Taiwan. Ele conta a história do jovem Liao Tianding, uma espécie de Robin Hood local que se opunha às imposições do governo japonês que controlava a área no fim do século XIX e início do século XX. Com gameplay e atmosfera muito bem construídos, o título oferece uma experiência simplesmente imperdível.

Força de resistência

Liao Tianding é uma figura popular da história taiwanesa. Em meio a um governo opressor japonês que comandava a região, o rapaz frequentemente enfrentava a polícia e roubava das pessoas mais abastadas. Ao longo dos anos, ele se tornou uma inspiração para várias obras como livros, peças de teatro, filmes e séries de TV na região.

Em The Legend of Tianding, cabe ao jogador explorar várias regiões da Taipei dominada pelo governo japonês durante o início do século XX. Além de interagir com moradores locais e conhecer mais sobre as suas realidades, o jogador realiza uma série de missões, arruinando os planos dos grandes poderosos e ajudando a resistência local.

O gameplay segue um ciclo em que primeiro o jogador explora a cidade encontrando novos personagens e depois vai para áreas especiais em que ocorrem batalhas contra chefes. Um aspecto interessante do jogo é que a cidade é cheia de pedintes. Cabe ao jogador dar a essas pessoas o dinheiro que obtém em combate, sendo assim possível desbloquear habilidades passivas variadas. Há também uma loja com função similar, mas com habilidades mais caras.

Existe um trabalho significativo em representar bem a localidade e a época. Isso se reflete de forma clara na trilha sonora, que utiliza instrumentos orientais tradicionais. Os aspectos visuais também chamam a atenção com seu uso de cores terrosas e uma reprodução de ambientes bem variados. Em termos de personagens e cutscenes, a obra opta por um estilo mais cartunesco inspirado em elementos de quadrinhos chineses. Existe um bom contraste entre personagens e cenários, e a cidade de Taipei realmente passa uma sensação de uma localidade viva, recheada de pessoas e bem detalhada.

Durante as missões, que usualmente marcam o fim dos capítulos, o jogador explora regiões como esgotos, cavernas e trens, havendo também batalhas contra alguns chefes dentro de prédios. Esses cenários oferecem uma boa variedade e escondem tesouros em áreas não tão óbvias. Caso o jogador não encontre todos, não há problema, já que é possível reviver a experiência entrando em contato com um dos moradores da região. Isso é particularmente útil para quests opcionais, que pedem que o jogador encontre alguns desses itens.

De forma geral, esse elemento de tesouros escondidos valoriza a exploração das áreas. Ao retornar, o jogador também passa a ter um contador de tesouros disponíveis, o que simplifica consideravelmente a procura. Há também um item que pode ser obtido próximo do fim do jogo que permite identificar as zonas de tesouros com mais facilidade. Porém, mesmo com essas comodidades, senti falta de mapas detalhados dessas áreas.

Aprendendo kung-fu

Um aspecto que chama muito a atenção em The Legend of Tianding é o seu sistema de combate. O personagem tem uma habilidade bem interessante de roubar as armas dos seus oponentes quando eles são enfraquecidos. O resultado é que, além de sua faca básica, o jovem ladrão tem acesso a equipamentos variados da polícia como cassetetes, armas de fogo e espadas, assim como coquetéis molotov e pedras como projéteis de distância.

Além das armas, é possível utilizar golpes como socos e chutes potentes, que além de ampliar o arsenal servem para movimentação pelos cenários. De fato, a capacidade de se locomover é outro atributo forte de Tianding, que se torna cada vez mais versátil conforme o jogo avança. Inicialmente munido com um gancho assim como a possibilidade de desviar de obstáculos e realizar pulo duplo, o personagem também poderá pular contra a parede e realizar pulos triplos posteriormente.

O resultado de todos os padrões de golpe e movimento disponíveis é um jogo fluido e muito gostoso de explorar. Sem sombra de dúvidas, o combate de The Legend of Tianding está entre os melhores que já tive a oportunidade de experimentar em jogos de plataforma. E o melhor de tudo é que o controle é bem simples, apenas adicionando padrões bastante naturais às opções de ação.

Porém, o jogo brilha ainda mais nos chefes. São eles que oferecem padrões mais desafiadores e que testam toda a capacidade do jogador de controlar Tianding. Desviar dos golpes desses inimigos implica em realmente dominar as possibilidades oferecidas pelo jogo. São poucos chefes, mas todos eles são verdadeiramente diferentes uns dos outros, profundamente charmosos e inesquecíveis.

Gostaria de mencionar que no Switch há algumas quedas de performance, porém isso ocorre muito raramente. De fato, isso é quase imperceptível e não chega a ser um problema, sendo muito fácil recomendar essa versão.

Um jogo de plataforma lendário

The Legend of Tianding
consegue se firmar como um jogo de plataforma de altíssima qualidade. Com uma atmosfera oriental muito bem construída e um combate caprichado, trata-se de uma obra praticamente perfeita no que se propõe e um título obrigatório para qualquer jogador, sem exceções.

Prós

  • Sistema de combate sólido com várias opções de armas;
  • As batalhas contra os chefes oferecem padrões interessantes e bons desafios;
  • Movimentação fluida que recebe melhorias variadas com o progresso na história;
  • Estilo visual cartunesco e que ao mesmo tempo representa de forma vívida as características regionais da cidade de Taipei durante o período;
  • Trilha sonora com instrumentos orientais tradicionais;
  • Side quests e tesouros escondidos valorizam a exploração.

Contras

  • Ausência de mapas para as áreas;
  • Raríssimas quedas de performance.
The Legend of Tianding — Switch/PC — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Neon Doctrine

é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google