Análise: Reminiscence in the Night (Switch) nos ensina sobre o poder das lembranças

Às vezes, tudo o que mais queremos é esquecer certas coisas que aconteceram na nossa vida. Em outras, nos esforçamos para tentar lembrar — e não esquecer em hipótese alguma — acontecimentos importantes ou significativos. É justamente esse aspecto que Reminiscence in the Night, uma curtíssima visual novel interativa, tenta explorar em uma narrativa introspectiva que pode levar a vários questionamentos existenciais.

O poder da memória

Por mais que amnésia e perda de memória já tenham sido exploradas em diversas mídias, essas questões continuam sendo temas recorrentes em muitos jogos. Embora Reminiscence in the Night não se aprofunde nos mínimos detalhes, pessoas mais introspectivas com certeza se sentirão fisgadas pela sua singularidade.

Misturando elementos de point-and-click e algumas escolhas em determinados momentos, esta visual novel interativa pode, para muitos, parecer algo supérfluo e pouco desenvolvido. Olhando por um ângulo mais técnico, ela de fato o é, se levarmos em consideração o tempo total de jogatina (algo em torno de 20 minutos) e um texto escrito de maneira um tanto quanto vaga.

Contudo, a grande sacada de Reminiscence in the Night é conseguir prender a atenção daqueles que se conectam emocionalmente a pequenos detalhes cotidianos, como um presente que marcou sua infância. Particularmente falando, é uma experiência que varia de pessoa para pessoa e, mais uma vez, pode não ter o apelo ideal para os jogadores mais exigentes, especialmente para fãs assíduos de visual novels.

Isso não quer dizer que o jogo não cumpra seu papel como um projeto experimental, que deve ser jogado mais com a emoção do que com a razão, e sua belíssima apresentação audiovisual reforça ainda mais esse ponto. As escolhas feitas durante a campanha não são certas nem erradas, mas sim perguntas relacionadas a como o jogador se sente naquele momento; no entanto, são questões vagamente exploradas e podem, no fim, gerar o efeito oposto do desejado.

A brevidade chega a ser uma faca de dois gumes. Se por um lado essa característica incentiva revisitar a narrativa e tentar desbloquear outros finais, por outro, também torna a jogabilidade repetitiva. Dada a quantidade limitada de cenários (apenas uma sala e um quarto) e objetos com os quais podemos interagir, logo nos pegamos repetindo um ciclo para avançar na trama, o que para muitos pode ser entediante.

Em termos de performance, a visual novel funciona muito bem nos modos portátil e TV do Switch, com o primeiro tendo suporte à tela de toque do console híbrido. O jogo também apresenta configurações típicas de visual novels, como a possibilidade de salvar em diversos momentos e escolher a velocidade do texto na tela; em contrapartida, português não é uma das opções de idiomas disponíveis, mas dada a simplicidade do texto, não chega a ser um grande empecilho para aproveitar a breve experiência que o jogo tenta proporcionar.

Viagem introspectiva

Reminiscence in the Night é o tipo de jogo que gera efeitos diferentes em cada indivíduo, a depender do quanto estamos dispostos a investir emocionalmente nesta viagem introspectiva. A recomendação fica àqueles que gostam de tirar um tempo para si mesmos e se perder em pensamentos e devaneios. Se visto como um projeto experimental baseado em introspecção e reflexão, Reminiscence in the Night cumpre com seu papel; como um jogo, pode ser decepcionante.

Prós

Competente projeto experimental baseado em introspecção e reflexão;
Certo fator de rejogabilidade com os múltiplos finais disponíveis;
Narrativa simples, porém significativa;
Apresentação audiovisual extremamente imersiva.

Contras

Curta duração de jogo (aproximadamente 20 minutos);
Jogabilidade repetitiva depois de certo tempo;
Decepcionante como entretenimento como um todo, devido às questões vagamente elaboradas durante a jogatina.