Blast from the Past

Advance Wars (GBA) 20 anos: o jogo que trouxe a saga Wars para o Ocidente

Uma guerra com muito estilo e diversão.


Já aconteceu de você ficar tão empolgado com um jogo, que comprou o cartucho antes de possuir o console? Foi o meu caso com Advance Wars, game de estratégia militar em turnos da Intelligent Systems, que me conquistou desde que vi sua caixa em uma loja do bairro da Liberdade em São Paulo. As ilustrações mostravam um mapa em forma de tabuleiro em que o jogador controlaria unidades militares cartunizadas, com um visual bonito, que parecia muito promissor.

O resultado foi que comprei-o ali mesmo, porque só havia um e eu não queria correr o risco de perdê-lo. Comprei o Game Boy Advance no mês seguinte, quando consegui juntar dinheiro. Por muito tempo, Advance Wars foi meu único jogo para o GBA, mas ele era tão bom que isso não foi realmente um problema.
A caixa do Advance Wars, que me conquistou de cara

Uma nova abordagem

Advance Wars vem de uma família de jogos táticos de guerra que iniciou com Famicom Wars (NES) de 1988, sucedido por Game Boy Wars (GB) em 1991 e Super Famicom Wars (Satellaview) em 1998. A série do Game Boy foi produzida pela Hudson Soft e teve três títulos, enquanto os demais foram produzidos pela Intelligent Systems.
Famicom Wars: só saiu no Japão
Nenhum desses títulos foi lançado no Ocidente, pois acreditava-se que o público ocidental não se interessava por games táticos em turnos. Entretanto, quando a IS foi incumbida de fazer a versão para Game Boy Advance, decidiram uma abordagem comercial diferente, com o objetivo de criar um produto que agradasse aos ocidentais. Em Advance Wars, foi introduzida uma campanha com história, visual colorido, trilha sonora caprichada e personagens carismáticos.

O design é bastante cartunizado, com gráficos coloridos e roteiro bem-humorado, algo que não exatamente combina com a realidade de uma guerra. A direção de arte foi direcionada dessa forma para que o produto fosse atrativo para públicos de todas as idades. Como acreditava-se que os ocidentais teriam dificuldade com um sistema de combate tático mais complexo, foi incluso um tutorial extenso, em que as primeiras missões explicam as mecânicas de um modo bem detalhado.
Aprenda direitinho todas as técnicas com a comandante Nell.
Com foco no Ocidente, Advance Wars foi lançado inicialmente na América do Norte, em 10 de setembro de 2001. Curiosamente, o lançamento em outras regiões do mundo, inclusive no Japão, foi adiado devido aos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos. Na Europa o lançamento foi em 11 de janeiro de 2002, completando 20 anos recentemente.

A arte da guerra

Advance Wars é um jogo tático que se passa em mapas com grades de espaços quadriculados, como num board game. Em cada estágio, dois a quatro exércitos se enfrentam em turnos, com o objetivo de capturar a base inimiga ou abater todas as unidades dos oponentes.

O jogador assume o papel de um Oficial de Comando (CO), que pode controlar as unidades pelo mapa. Essas unidades incluem infantarias, tanques, artilharias, baterias antiaéreas, unidades de transporte, unidades aéreas e navais. Cada tipo de unidade possui suas próprias forças e fraquezas contra outras unidades, além de características próprias de movimentação, alcance e combustível.

Emprego novo em Orange Star.

O charme de Advance Wars, que o diferencia de seus antecessores, está nos COs. Cada um tem sua própria personalidade, trilha sonora, pontos fracos e habilidades únicas, que afetam drasticamente a jogabilidade e que acrescentam possibilidades estratégicas e carisma, pois cada jogador escolhe seus COs favoritos para concluir as missões.

As quatro principais nações representadas no jogo são vagamente inspiradas nos Estados Unidos (Orange Star), Rússia (Blue Moon), Japão (Yellow Comet) e Alemanha (Green Earth), combatendo um inimigo comum, Black Hole.

No modo Campanha, o jogador começa como um oficial da Orange Star, defendendo seu país de uma invasão do vizinho Blue Moon. Conforme avançamos na campanha, a trama mostra-se mais complexa do que parece, e um inimigo mais perigoso se apresenta. O jogador pode jogar com Andy, o jovem e inexperiente oficial que é um mago em reparos mecânicos; Max, o fortão cuja maior habilidade são os combates diretos; e Sami, a destemida especialista em infantaria e captura de cidades. Ela é minha personagem favorita, suas infantarias mecanizadas (mechs) são devastadoras nas montanhas!
Hora do Mech Lanche Feliz!!!
Além da campanha, existem desafios individuais, que podem ser jogados contra a CPU ou contra amigos. Nestes modos, é possível jogar com COs de qualquer nacionalidade, que podem ser desbloqueados com pontos obtidos no jogo. O GBA não possui conexão com a internet, mas é possível jogar em multiplayer local via cabo, com até quatro jogadores simultâneos. O jogador também pode criar mapas e compartilhá-los com outros jogadores, de modo que a rejogabilidade de Advance Wars é praticamente infinita. 

Quatorze anos de espera

Advance Wars não foi exatamente um estouro comercial, vendendo menos de um milhão de unidades, e seus cartuchos originais não são fáceis de encontrar. A caixa do meu infelizmente não resistiu ao tempo, mas tenho o cartucho até hoje, que fica guardado na resistente caixa de plástico do Advance Wars - Days of Ruin (DS).
Felizmente as caixas de DS tem um espaço para guardar cartuchos de GBA.
Mesmo não vendendo milhões de unidades como outros exclusivos da Nintendo, o jogo foi aclamado pela crítica e pelo público, o suficiente para garantir as sequências Advance Wars 2: Black Hole Rising (GBA), Advance Wars: Dual Strike (DS) e Advance Wars: Days of Ruin (DS), que tem uma temática completamente original. O primeiro título também foi disponibilizado no Virtual Console do Wii U.

Segundo o designer Kentaro Nishimura, Advance Wars mudou a forma como a Nintendo encarava os gostos do público ocidental, incentivando também os esforços da empresa em investir em outra franquia tática da Intelligent Systems: Fire Emblem, que foi resgatada para o gosto popular em seu décimo terceiro título, Fire Emblem: Awakening (3DS).

Tristemente, o sucesso de Awakening desviou os esforços da Intelligent Systems, que praticamente abandonou a série Advance Wars, relegada a um hiato de quatorze anos, e que deixou seus fãs órfãos até o anúncio de Advance Wars Re-Boot Camp 1+2 para Switch, que aguardo muito ansiosamente.
Toma essa, garoto!
Advance Wars tem um significado especial para mim, facilmente é o game que eu mais joguei em um portátil, superando até as horas que passei com Pokémons. Mal posso esperar para ver como ficou a versão repaginada desse antigo amor e atravessar as montanhas com minhas tropas, com a trilha sonora da Sami tocando ao fundo. Felizmente, dessa vez eu já tenho o console para rodar o jogo.

Revisão: Davi Sousa

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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