Jogamos

Análise: OlliOlli World é um irado e relaxante rolê de skate no Switch

O terceiro título da série OlliOlli entrega uma experiência completa, divertida e desafiadora.


Abraçando o conceito dos runners, dos jogos de skate e do todo o gênero de plataforma com seus controles simples, intuitivos e igualmente desafiadores, tanto OlliOlli quanto sua sequência OlliOlli 2: Welcome to Olliwood deixaram sua marca no panteão dos grandes jogos indie da primeira metade da década passada. 

Em 2022, sete anos após o lançamento do último game da série, enfim parece ter chegado a hora de experimentarmos a evolução definitiva da franquia. Certamente evocando o impacto cultural de Super Mario World com o seu título, OlliOlli pula sua “parte três” e ganha o seu próprio mundo em OlliOlli World, uma aventura relaxante, desafiadora e que oferece uma experiência completa do começo ao fim.

Vivendo (e andando de skate) em um milkshake de morango


O visual e a jogabilidade de OlliOlli nunca foram aspectos problemáticos, porém ambos foram repaginados de forma vigorosa em OlliOlli World. Os gráficos, que antes se apresentavam por meio de um adorável e funcional aspecto pixelado retrô, recebem agora uma pincelada de tons pastéis que traz uma soberba de vida e cor para a totalidade da atmosfera do jogo.

A predominância do rosa e do verde azulado do ambiente cartunesco consegue relaxar os olhos (e inclusive as mãos) precisamente na frequência acolhedora da fantástica trilha-sonora chill da franquia, que por si só já chama a atenção desde o primeiro jogo — e agora continua perfeitamente integrada à experiência de se render ao skate e esquecer da vida exterior.


Poder “surfar” pelos muitas vezes tensos, porém estrategicamente colocados, obstáculos de uma realidade imersa nessa estética “milkshake de morango” e alcançar um flow orgânico similar ao de um jogo de ritmo é um verdadeiro deleite. OlliOlli World consegue nesse sentido ultrapassar a barreira de um simples videogame e se tornar um lugar de acolhimento, desde os menus até o gameplay. Antes de tudo, é aconchegante existir, mesmo que por alguns instantes, dentro desse mundo; algo que é acentuado ainda mais pelo simpático elenco de personagens que o habita.

Lembrando bastante a estética do aclamado desenho Adventure Time, os personagens são praticamente uma cobertura extra de ternura e leveza adicionados à doçura já citada. Em questão de conteúdo, talvez esse elenco de skatistas exóticos que o acompanha durante a aventura não acerte bem o ponto, ressoando palavras um pouco forçadas e até mesmo bregas em alguns momentos. No entanto, o foco da experiência definitivamente não são esses breves lapsos de narrativa — que pode, por sinal, ser 100% pulada com um simples clique de botão. 


Visualmente, os personagens, assim como o seu próprio avatar skatista totalmente customizável, apenas adicionam ainda mais a esse paraíso de cores pastéis, objetos inusitados e acessórios interessantes desenvolvido por OlliOlli World. Na verdade, a estética se apresenta desde o começo como peça central do game. A customização, por exemplo, é tão encorajada que funciona como a principal recompensa de todos os desafios propostos pelo jogo.

Dada a atmosfera altamente relaxante mencionada, é possível avançar na simples história de se tornar um grande mago do skate e alcançar o Gnarvana (uma versão skatista do Nirvana, aproveitando a gíria estadunidense gnarly) apenas seguindo em frente. Claro que “seguir em frente” se torna gradualmente mais difícil durante o seu progresso, mas o objetivo realmente nunca é mais complexo do que isso. Há uma longa lista de desafios disponíveis para cada estágio, cada mundo e cada truque aprendido, mas tudo é opcional e rende apenas novas roupas e peças de skate para o seu personagem. 


Parece simples, e realmente é, porém existe uma boa quantidade de camadas nessa fórmula. A narrativa do jogo, avançar pelos cinco mundos e alcançar o Gnarvana, funciona quase como um tutorial, ensinando aos poucos as várias nuances e mecânicas de uma jogabilidade bastante instintiva focada quase exclusivamente na alavanca analógica. OlliOlli World respeita o tempo do jogador como poucos títulos existentes, e oferece uma experiência altamente customizável que vai muito além de meras “roupinhas” para o seu boneco.

A sensação realmente é a de um jogo infinito, no qual, se você apreciar o gameplay (algo que provavelmente irá acontecer), é fácil se perder por horas, por dias e por meses. Além do seu próprio desafio pessoal de vencer os objetivos opcionais de cada fase, elementos que retiram você totalmente da sua zona de conforto e promovem a experimentação de uma forma orgânica, há um verdadeiro mundo de possibilidades quase infinitas esperando quem estiver disposto a alcançar o mais alto nível da jogabilidade. 


Tirando todos os estágios (muito bem) desenvolvidos da trama principal, ainda é possível gerar os seus próprios de forma aleatória ou competir por pontos em novas fases online em um sistema de ranques. Se você quiser apenas relaxar, pegar o skate e seguir em frente, o mundo aqui apresentado irá recebê-lo de braços abertos. Entretanto, se o seu objetivo for dominar as mecânicas e ser o melhor, há mais do que o suficiente presente no game para desenvolver as suas habilidades de forma ilimitada.

Fechando com chave de ouro, não só a trilha sonora acolhe os ouvidos sem deixar nada a desejar aos outros grandes jogos de skate como o sound design em geral também é primoroso. O mundo pode ser colorido e etéreo, mas os sons parecem presentes, são cheios de textura e bastante táteis, obedecendo o que deve ser seguido para um game do gênero. Em relação à liberdade, a fluidez e à sensação “física” do skate, o título acerta em cheio da melhor forma possível — tudo isso respeitando os 60 quadros por segundo até mesmo em modo portátil. 

Uma bela (e radical) viagem em busca do Gnarvana


OlliOlli World não é o jogo perfeito, mas entrega o que propõe de forma quase impecável. Há quem irá achar alguns trechos difíceis demais ou que a jogabilidade é repetitiva, no entanto o título está pronto para acolher quase todo tipo de jogador, permitindo uma experiência descontraída e customizável, assim como entregando uma série de desafios tensos para os mais destemidos. 

Com uma bela estética, trilha sonora fantástica e uma jogabilidade de primeira, é bem fácil recomendar essa aventura. Se você gosta de jogos de skate, plataformas no estilo runner ou apenas deseja relaxar em grande estilo no Switch, tenha em mente que o mundo colorido e radical de OlliOlli está sempre ao seu dispor.

Prós

  • Estética bastante agradável em tons pastéis;
  • Trilha sonora de primeira qualidade;
  • Gameplay simples de aprender e difícil de dominar;
  • Uma experiência tão relaxante e tão hardcore quanto você quiser que seja.

Contras

  • Dificuldade elevada em alguns momentos;
  • História e diálogos com pouca presença e relevância;
  • Pode parecer repetitivo para quem não fica encantado com a jogabilidade.
OlliOlli World - Switch/PC/PS4/XBO - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: João Gabriel Haddad
Análise produzida com cópia digital cedida pela Private Division

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google