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Análise: 13 Sentinels: Aegis Rim (Switch) encontra sua casa definitiva no console híbrido

O não-mais-exclusivo do PS4 traz não apenas uma grande história, como também excelente performance.

13 sentinels aegis rim switch

Fãs de ficção científica — e de uma ótima trama no geral — podem ficar tranquilos: 13 Sentinels: Aegis Rim, um dos jogos mais aclamados do PlayStation 4 em 2020, chegou ao Switch com tudo. Além de todas as características que fizeram com que o título da Vanillaware ganhasse o status de cult no console da Sony, seu port para o híbrido da Nintendo é, de longe, sua principal característica.

Ficção científica do começo ao fim

Criaturas gigantescas e monstruosas sempre marcaram presença na ficção científica, especialmente no Japão. Conhecidas como kaijus pelos nipônicos, elas são o foco em 13 Sentinels, ameaçando a vida dos moradores de uma pacata cidade. 13 jovens são então escolhidos para pilotar os misteriosos Sentinels, robôs gigantes que representam a única esperança da humanidade.

A história aposta em vários conceitos e teorias provindos da ficção científica, como loops temporais, teoria de multiversos, realidades paralelas e viagens no tempo. Mesmo que essa mistura pareça insana ou incompreensível, o resultado se mostra o ponto forte do jogo, unindo o provável e improvável com várias referências a materiais que se tornaram famosos no gênero sci-fi.

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13 heróis e multiversos: Remembrance

Desde o começo, o jogo chama a atenção pelo modo como a trama principal se desenvolve. Em vez de uma história sólida com foco nos heróis, a narrativa se dá por meio de diversas linhas temporais que trazem os acontecimentos do jogo sob a ótica de cada um dos envolvidos nessa guerra pela sobrevivência humana.

O cerne de 13 Sentinels é o modo Remembrance. É nele que fãs de ficção científica mais se sentirão em casa, embora o desenrolar seja um pouco lento, limitado e, por vezes, apresente situações um tanto quanto repetitivas. A modalidade adota ainda um estilo de jogo de aventura estilo point-and-click, no qual o jogador deve interagir com objetos dos cenários e outros personagens em momentos específicos.

Em certas ocasiões, as diferentes linhas do tempo se cruzam, fazendo com que seja necessário focar em outros personagens. Por exemplo, para avançar na história de Megumi Yakushiji, primeiro é preciso destravar um acontecimento na de Juro Kurabe; contanto, esses objetivos variam de acordo com a progressão geral no jogo como um todo.

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Sentinels versus kaijus: Destruction

Conectado ao Remembrance está o modo Destruction, no qual o jogador escolhe até seis pilotos para comandar simultaneamente. O combate acontece em tempo real e cada um dos Sentinels tem suas vantagens e desvantagens contra os diferentes tipos de kaijus; vitórias em sequência (streak) se tornam multiplicadores de pontuação para as batalhas seguintes, melhorando, dessa forma, as premiações gradativamente. Como informação adicional, as streaks não são zeradas caso o jogador opte por dar um tempo no combate.

Contudo, usar os mesmos personagens consecutivamente acarreta uma penalidade chamada Brain Overload, fazendo com que eles não possam ser utilizados até que se recuperem desse efeito colateral. Caso o jogador deseje, pode-se sacrificar a cadeia de vitórias para recuperar os pilotos acometidos, mas o aconselhável é deixar que eles se recuperem sozinhos (algo que não demora muito, pelo menos na dificuldade Normal).

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Além de um ranque final, cada combate possui objetivos extras que garantem premiações adicionais em Meta-Chips, Mystery Points e até mesmo Mystery Files (estes serão abordados mais para a frente na análise). O modo também permite que o jogador ajuste a dificuldade entre Easy, Normal e Intense, aumentando ou diminuindo a complexidade das batalhas a qualquer momento; contudo, o ranque obtido no modo Normal, por exemplo, não é transferido para o Intense — ou seja, apesar de as recompensas já terem sido obtidas, o jogo contabiliza cada dificuldade separadamente.

Remembrance e Destruction estão intrinsecamente conectados, uma vez que a progressão de um modo interfere na do outro. Por mais que possam ser jogados em ritmos diferentes, é mais interessante tentar mantê-los sincronizados para maior aproveitamento da história como um todo.

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Banco de dados: Analysis

No modo Analysis, são catalogados todos os eventos, palavras-chaves e Mystery Files adquiridos em Remembrance e Destruction, de perfis de personagens a dados técnicos sobre os kaijus. Conforme se avança nos dois outros modos, as entradas são atualizadas com novas informações — afinal, cada protagonista tem pontos de vista e impressões diferentes acerca dos acontecimentos —, então Analysis é o modo com progressão mais lenta no jogo.

Apesar de não exigir intervenção do jogador em nenhum momento, esse banco de dados, uma vez completado, coloca todas as peças em seus devidos lugares, revelando a imagem definitiva do enorme quebra-cabeça que é 13 Sentinels.

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Recompensas: Meta-Chips, Mystery Points e Mystery Files

Existem três tipos de recompensas em 13 Sentinels: Meta-Chips, que são obtidos ao completar cada ramificação das histórias e vencer as batalhas contra os kaijus; Mystery Points, conseguidos ao triunfar nos combates e ao completar seus objetivos extras; e Mystery Files, que são desbloqueados conforme a progressão em Remembrance e Destruction.

Com Meta-Chips, o jogador pode melhorar a performance dos pilotos em combate, como aumentar sua mobilidade em campo de batalha e adquirir novas habilidades para seus Sentinels, e também desbloquear funções extras para o Terminal de cada área, tais quais multiplicador de pontuação, uso total de Meta Skills por batalha e também obtenção de novas habilidades para o Terminal. 

Os Mystery Points, como o nome sugere, servem para desbloquear as informações em Analysis, já que nem todos podem ser obtidos por meio dos outros dois modos. Por fim, os Mystery Files são basicamente dados que contêm informações sobre os locais, personagens e até mesmo objetos presentes em 13 Sentinels.

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Perfomance excelente

Nestes dois anos em que contribuo para o Nintendo Blast, nunca analisei um jogo que não apresentasse algum tipo de problema (maior ou menor) na performance ou que funcionassem melhor no modo TV ou no portátil. No entanto, 13 Sentinels dá uma lição de como ports devem ser feitos: o jogo funciona de maneira excepcional, sem "engasgos" e, acima de tudo, sem queda de fps nas batalhas, que são a porção do jogo que mais contém elementos simultâneos na tela.

Curiosamente falando, 13 Sentinels é o primeiro jogo que aproveitei mais no modo portátil do que no modo TV do Switch. Não sei explicar direito o porquê disso, mas, na minha opinião, a tela menor do console deixou os detalhes visuais, especialmente em Destruction, mais nítidos.


Outra grande performance é a parte da dublagem integral, que não deixa o jogo se transformar em uma "parede de texto" ambulante. Ambos os elencos — japonês e inglês — entregam um ótimo trabalho ao dar vida aos personagens; especialmente em relação aos dubladores ocidentais, achei as vozes bem pertinentes às personalidades de cada um dos personagens, protagonistas ou não.

Por fim, a apresentação audiovisual é impecável. A trilha sonora remete às raízes sci-fi do jogo e a unicidade visual, com suas belíssimas artes em 2D, consegue captar bem os detalhes que são apresentados na trama.

Um dos melhores jogos no Switch

Nunca fui muito fã de ficção científica e muito menos de jogos de estratégia em tempo real, mas 13 Sentinels: Aegis Rim impressiona em todos os sentidos possíveis e imagináveis. A trama complexa, fragmentada em 13 partes, é extremamente competente, mesmo que às vezes possa parecer repetitiva, e o combate complexo, porém didático simultaneamente, aliados à incrível apresentação audiovisual e à excelente performance no Switch, faz com que este título da Vanillaware seja um dos melhores na biblioteca do console híbrido. Talvez a versão cancelada para PS Vita não tenha sido em vão.

Prós

  • Impecável performance no Switch em ambos os modos;
  • Unicidade visual com artes em 2D que captam os detalhes complexos da trama;
  • Três modos de jogo distintos, porém complementares entre si;
  • Trilha sonora e dublagens excelentes;
  • Diversos conceitos de ficção científica que se complementam entre si;
  • Várias referências a clássicos da ficção científica;
  • Trama complexa e intrigante desenvolvida de maneira singular;
  • Combates dinâmicos, intensos e didáticos.

Contras

  • Algumas partes do modo Remembrance podem se tornar repetitivas, sobretudo no início do jogo.
13 Sentinels: Aegis Rim — PS4/Switch — Nota: 10
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: João Pedro Boaventura
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sega

Também conhecida como Lilac, é fã de jogos de plataforma no geral, especialmente os da era 16-bits, com gosto adquirido por RPGs e visual novels ao longo dos anos. Fora os games, não dispensa livros e quadrinhos. Prefere ser chamada por Ju e não consegue viver sem música. Sempre de olho nas redes sociais, mas raramente postando nelas. Icon por 0range0ceans
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