Jogamos

Análise: MLB The Show 22 (Switch): beisebol para todos

Franquia estreia em um console da Big N com um excelente desempenho.

Verdade seja dita: apesar de adorar esportes, curtir e acompanhar os jogos olímpicos, o beisebol nunca esteve no meu radar. Mesmo nos games, minha experiência com a modalidade se resume ao que é oferecido no Wii Sports (Wii) - e que me garantiu bons momentos de diversão.


Aqui no país do futebol, talvez minha vivência seja semelhante a de muitos brasileiros: a brincadeira infantil chamada taco (ou “bats”, dependendo da sua região), que era o nosso beisebol possível, sem o campo e equipamento adequados. Agora, com o Switch, podemos deixar de lado o pedaço de madeira que fazia o papel de bastão e a garrafa pet que emulava a “casinha” (ou base) e conhecer melhor este esporte através de MLB The Show 22.

Estreia inesperada

É no mínimo curioso colocar o game para rodar no híbrido da Nintendo e ver o símbolo do PlayStation Studios na tela. Enquanto a Big N e a Microsoft têm mantido uma boa relação nos últimos anos, a Sony possui uma postura um pouco mais fechada. Contudo, um acordo comercial possibilitou a presença desse título no Switch.
O game ganhou um espaço de divulgação no último Nintendo Direct
A série de jogos MLB The Show se iniciou no PlayStation 2 e PSP e se manteve exclusiva nas plataformas da Sony desde então. No final de 2019, porém, a Sony Interactive Entertainment (SIE) anunciou que, para renovar o contrato para produzir games da franquia, foi condicionado que futuros lançamentos seriam disponibilizados em outras plataformas. Essa decisão foi acertada entre a SIE, sua produtora San Diego Studio, a Major League Baseball (MLB) e a Major League Baseball Players Association (MLBPA).

Em 2021 ocorreu o primeiro passo, com a série chegando ao Xbox One e ao Xbox Series X. Neste ano, finalmente, MLB The Show 22 marca a primeira vez que a franquia é disponibilizada em um hardware da Big N.

Navegando em águas desconhecidas

O jogo apresenta diversos modos de jogo, do mais básico e casual até a experiência mais completa possível dentro do esporte. Tal variedade é extremamente positiva, pois contempla os mais diversos perfis de jogadores. Some-se a isso o fato de que há uma boa gama de opções de dificuldade, e assim MLB pode ser aproveitado por qualquer um que se aventure por aqui. Ainda há modos de jogo que ajustam a dificuldade de acordo com o seu desempenho na partida, aumentando gradativamente o desafio.
Há um modo em que é possível jogar apenas usando o botão B
É possível jogar um amistoso, customizando o tempo de duração, clima e outras configurações. Interessante ressaltar a opção de escolher entre um modo "retrô", com controles e visual mais simplificados, e um "normal'', com todas as características que o jogo apresenta. Por mais que a opção casual possa ser uma boa porta de entrada para aprender as regras básicas do esporte, eu particularmente preferi mergulhar na experiência completa, onde o aprendizado foi igualmente tranquilo.

Há opções de partidas rápidas, que consistem em desafios curtos. Um deles se chama Home Run Derby, focado em uma disputa para ver quem consegue rebater mais bolas para fora do estádio (o famoso home run), uma ótima oportunidade de se preparar para as partidas do campeonato.

MLB The Show 22 segue o exemplo de outros games esportivos, oferecendo várias formas de curtir a modalidade, tanto online quanto offline. Ainda assim, o título brilha mesmo em seus quatro modos principais.

Road to the Show é o modo carreira, onde é possível criar um personagem e ditar os rumos da sua vida profissional. O jogador precisa passar por treinamentos, eventos e partidas, construindo sua história na liga de beisebol americana. De acordo com o progresso, é possível melhorar os atributos e customizar os equipamentos.
Os desafios trazem um dinamismo impressionante ao jogo.
Outro modo é o Diamond Dynasty, onde a ideia é montar o seu time dos sonhos, composto por jogadores obtidos na forma de cartas. Para consegui-las, é preciso disputar torneios, realizar missões especiais e ganhar de outros jogadores. É uma interessante forma de levar para os games a cultura de colecionar cartões de jogadores de beisebol, algo muito forte nos Estados Unidos e presente em diversos produtos (inclusive no filme dos Vingadores).

Finalmente, temos os modos chamados March to October e Franchise, onde é possível escolher um time da liga e acompanhar sua trajetória na MLB. A abordagem, contudo, é diferente. No primeiro, vivemos somente momentos cruciais de determinadas partidas-chave da campanha, como por exemplo o sétimo inning (tempo) com um ponto atrás no placar. Já Franchise é a disputa real da temporada, jogando integralmente todas as partidas.

Um belo show

A apresentação de MLB The Show 22 é limpa e organizada. Seus menus possuem legendas claras e diretas, deixando a navegação tranquila. Mesmo com uma grande quantidade de itens e elementos, a exploração é bem simples. O mesmo vale para as informações que aparecem em tela durante a partida, que não deixam o visual poluído.
Foi realizada a captura de movimentos dos jogadores profissionais para o game.
As imagens in game também não deixam a desejar. Evidente que os gráficos não se comparam à versão dos outros consoles, mas as características principais estão presentes aqui. Por exemplo, a torcida não é uma massa uniforme. Cada espectador se move de forma independente, o que dá vida e naturalidade ao jogo.

Outro detalhe que contribui para que a movimentação dos personagens pareça real se dá no momento do lançamento da bola. O arremessador e o apanhador trocam sinais, e o estilo é diferente dependendo do personagem que está em jogo. Já o rebatedor mexe os dedos pelo bastão enquanto aguarda o lançamento, movimento bastante retratado em filmes.

MLB The Show 22 também está bem servido no quesito som. A narração, disponível apenas em inglês, se encaixa bem com as partidas. Já a trilha sonora conta com ótimas canções licenciadas, como acontece nos outros games de esporte.
Será que consegui pegar a bola antes do rebatedor chegar à base?

Para além do bastão

Os controles são bem responsivos, e o tutorial (que pode ser desligado a qualquer momento) é bem simples e de fácil aprendizado. Para rebater, tem três opções de botão (X, A e B) que correspondem a forças e alturas diferentes, precisando traçar estratégias dependendo do arremesso do jogador adversário. Para arremessar, são diversas opções de botões, que equivalem a bola curva, bola rápida etc.

Apesar de rebater - e atrapalhar a rebatida do adversário - ser o grande momento da partida, há a possibilidade de jogar em outras posições, como o apanhador que fica imediatamente atrás do rebatedor ou os outros que ficam posicionados para recepcionar as bolas rebatidas. É uma interessante maneira de variar a jogabilidade e ofertar outras maneiras de experimentar esse esporte.

Mesmo sem ter nada a reclamar da jogabilidade, senti falta de uma coisa. Considerando que esta é a primeira entrada da franquia no Switch, seria interessante que tivessem aproveitado a oportunidade para utilizar os controles de movimento. Infelizmente, aqui não é possível segurar o Joy-Con como um bastão e se sentir no estádio.

Conquistando as bases


Para os donos de Switch que são fãs de beisebol, MLB The Show 22 é um título obrigatório. Para os amantes de esporte em geral, o jogo é altamente recomendado por sua jogabilidade precisa, seus visuais competentes e sua variedade de modos, incluindo os desafios que trazem dinamismo às partidas.

Prós

  • Jogo de beisebol completo e divertido;
  • Dificuldade ajustável: manual e automaticamente;
  • Jogabilidade precisa e com possibilidade de atuar em diferentes posições;
  • Visuais de boa qualidade, incluindo jogadores e torcida;
  • Muitos modos de jogo diferentes para curtir as partidas;
  • Narração que combina com a proposta e trilha sonora envolvente.

Contras

  • Não há adaptação para controle de movimentos.
MLB The Show 22 - Switch/PS4/PS5/XBO/XBSeries - Nota: 9,5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital cedida pela Sony

Nascido no mesmo dia que Manoel Bandeira (mas com alguns anos de distância), perdido em Angra dos Reis (dos pobres e dos bobos da corte também), sob a influência da MPB, do rock e de coisas esquisitas como a Björk. Professor de história, acostumado a estar à margem de tudo e de todos por ser fora de moda. Gamer velho de guerra, comecei no Atari e até hoje não largo os mascotes - antes rivais - Mario e Sonic.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


Disqus
Facebook
Google