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Análise: Nintendo Switch Sports nos faz questionar como vivemos tantos anos longe de Wii Sports

Com seus visuais encantadores e modalidades divertidas, Nintendo Switch Sports acerta em cheio na fórmula já consolidada.


Há 16 anos, em conjunto com o lançamento do revolucionário Wii, surgiu também um dos mais conhecidos jogos de esportes, Wii Sports. O que era para ser apenas um jogo de demonstração vendido junto ao videogame se tornou uma boa lembrança para muitos dos jogadores, garantindo risadas em família, diversão e muita competitividade. Não é à toa que ele conquistou o posto de jogo de única plataforma mais vendido da história.

O tempo passou e a fórmula de sucesso ganhou uma sequência à altura: Wii Sports Resort, que ampliava os horizontes, trazia mais esportes e usava dos sensores aprimorados do Wii Motion Plus. Boas memórias foram criadas.

Depois disso, a Nintendo nunca mais conseguiu acertar. O jogo de lançamento do sucessor Wii U foi Nintendo Land, com uma proposta distante dos esportes, e o remake do primeiro título, Wii Sports Club (Wii U) não fez muito sucesso. Por isso, na abertura deste texto, fica o questionamento: como sobrevivemos tantos anos sem um jogo desse tipo?

Nintendo Switch Sports é o que muitos esperavam há um longo tempo: a possibilidade de jogar os tradicionais esportes, sem rodeios ou invenções, com controles precisos, com a portabilidade do Switch e com melhorias onde havia problemas. E é sobre isso que falaremos neste texto.


Mas, antes da sua leitura, vale destacar que a cópia digital fornecida pela Nintendo para a produção desta análise foi disponibilizada com antecedência, mas ainda sem as funcionalidades do modo online. Por isso, deixaremos para destacar tal modo em um próximo texto e divulgaremos aqui o link para a matéria.

Honrando os clássicos

Vamos começar com o mais tradicional, apelativo e essencial esporte da série: o boliche. Não é por acaso, afinal, que ele apareceu em todos os jogos. Suas mecânicas já bem estabelecidas permitiram que a modalidade continuasse excelente com poucas mudanças necessárias além da repaginada visual.

Sua jogabilidade é bastante fluida, intuitiva e, para não dizer que não houve nenhuma alteração, agora não é mais necessário soltar o gatilho (ZL/ZR) para arremessar a bola. Além disso, as boas memórias da época do Wii me dão a impressão de que há mais precisão na captura de movimentos das jogadas, tanto na velocidade do arremesso como nas viradas de mão que causam o “efeito”.


Sem mais, o boliche continua fácil e divertido para as jogatinas em família, despertando a competitividade até nas casas mais tranquilas. E nesse mesmo sentido, a Nintendo decidiu trazer também o tênis, outro esporte fácil, divertido e sem grandes mudanças.

As duas escolhas são certeiras, dada a ausência de outros jogos de esportes de qualidade na plataforma e o apelo nostálgico da época do Wii. Não é como se todos os novos jogos do gênero precisassem de grandes inovações ou viradas de enredo, afinal, o que mudou nas regras do tênis nos últimos 16 anos? É por isso que os dois clássicos agradam muito mesmo sem mudar em nada a sua essência, garantindo diversão para jogar sozinho ou em grupo.

Uma escolha mais ousada vem para finalizar o mix de esportes que retornam à série, que é o duelo de espadas do Wii Sports Resort, agora denominado de Chambara. Na modalidade, os duelistas manejam espadas não cortantes e alternam entre ataques com o movimento do controle e defesas segurando os gatilhos (ZL ou ZR). Com os sensores de movimento presentes nos Joy-Con, a orientação das espadas é detectada e você deve trabalhar com a agilidade para defender os golpes do oponente na direção perpendicular. Vence quem derrubar o adversário para fora da plataforma primeiro.


Percebe que a escolha desse terceiro esporte, apesar de mais surpreendente, vem para atender a outros tipos de públicos? Em vez de mais um clássico, como o golfe, optou-se por trazer uma modalidade desafiadora e que exige muito mais treinamento. Assim, além de trazer duelos entre a família com esportes casuais, as rixas com o seu amigo competitivo também têm lugar, e com certeza ambos treinarão em casa para vencer.

Como forma de diversificar as escolhas dos jogadores, três diferentes modos estão disponíveis: a luta com espadas “simples”; o duelo com espadas que carregam um golpe especial quando defendem com sucesso; e o duelo com duas espadas, no qual cada Joy-Con controla uma delas, o que até então não existia. Para que as mudanças não fiquem tão complexas, tutoriais rápidos e intuitivos são apresentados para os jogadores recém-chegados, assim como já era feito no Wii.

Falando em jogadores, o uso dos Miis deu lugar a personagens próprios do game (ainda que seja possível usar seu Mii como o “corpo”) e também há a opção de personalizar as roupas, acessórios e penteados. Pela disposição dos itens e filtros, é de se esperar que atualizações futuras ou recompensas do modo online disponibilizem mais desses itens aos jogadores.


Por outro lado, como um game de fato, alguns aspectos da gamificação foram retirados dos modos de jogo locais. Se você se lembra dos gráficos de evolução das pontuações do seu Mii e dos placares que apareciam no final da partida, comparando-os com os dos colegas registrados no seu console, saiba que essas funcionalidades foram retiradas. De qualquer forma, pela apresentação dos trailers do modo online, provavelmente muitas novidades trarão esse engajamento quando houver a interação com jogadores de todo o mundo.

Clássicos à parte, vamos às novidades

Se Nintendo Switch Sports decidisse por apenas honrar seu legado e trazer uma experiência similar aos esportes tradicionais do Wii com uma adição aqui e outra ali, já teríamos um game agradável para a plataforma. Mas se engana quem pensa que os novos esportes não são bons, pois na verdade é aí que mora o encanto do jogo, a começar pelo vôlei.


A nova modalidade mais dinâmica, precisa, fácil de aprender e divertida é o voleibol. Com um tutorial rápido de cinco minutos, você ensina qualquer colega o funcionamento e parte para a diversão. Nas partidas, a movimentação dos personagens é, em sua maioria, guiada pelo jogo e você deverá executar os saques, manchetes, levantamentos, cortes e bloqueios.

Para um novato, a experiência é fácil, mas o aperfeiçoamento do esporte o torna muito intenso. Todas as jogadas e passes ganham bônus, representados pela cor da bola, quando o timing correto das jogadas é atingido e para dominar tal técnica leva algumas partidas. Além disso, a movimentação do personagem na recepção dos cortes com a manchete e nos bloqueios na rede fica por conta do jogador, que também não sabe qual a direção que o oponente irá atacar, guiado pelo movimento de sua mão.


Uma segunda modalidade nova e com pegada muito mais recreativa é o futebol. Aqui, houve a liberdade de fugir um pouco das regras originais do esporte e garantir a diversão. A bola é agigantada e é mais difícil se tornar um profissional em seu domínio, já que a brincadeira aqui está em passá-la para seus amigos e tentar a sorte no chute ao gol.

Para fornecer uma variedade de modalidades, o jogo pode acontecer como um duelo ou quatro contra quatro, além dos pênaltis, que exigem o Leg Strap, acessório para prender o Joy-Con na perna. Como a nossa versão do jogo é a digital, não pudemos testar a novidade, mas essa é, por enquanto, a única modalidade que requer a versão física de Nintendo Switch Sports.


Para finalizar o leque de esportes e também encaminhar o fim desta análise, o Badminton acabou sendo a modalidade menos interessante das seis. Seja por sua similaridade com o tênis, pelo menos considerando as possibilidades de movimento do personagem, ou pela sua imprecisão dos controles, já que é muito fácil apenas chacoalhar o controle para todos os lados para rebater, a escolha pareceu um pouco infeliz e acredito que outros clássicos favoritos poderiam ter aparecido aqui, como o tênis de mesa.

No fim, não é uma modalidade menos interessante que estraga o conjunto da obra, ainda mais visto o horizonte de atualizações gratuitas que estão vindo para o jogo nos próximos meses: será possível jogar a modalidade completa do futebol com o Leg Strap e o golfe será adicionado na primavera do hemisfério sul. São garantias de que os donos do game não precisarão, pelo menos no futuro próximo, investir em DLCs pagos para que se divirtam com um ou outro esportes que fizeram falta aqui.


Nintendo Switch Sports
já nasce como um clássico do Switch e desperta o questionamento: “como vivemos tanto tempo longe de Wii Sports”? Seja por seus esportes clássicos ou suas divertidíssimas novidades, o título encanta e promete ainda algumas atualizações gratuitas para o futuro próximo. Como um jogo tão apelativo para a família num gênero já tão dominado pela Nintendo, é difícil entender como ele apareceu no console híbrido só agora, cinco anos depois de seu lançamento. Agora, pelo menos, poderemos aposentar nossos Wii nos almoços em família.

Prós

  • Apelo clássico para as origens dos jogos de esporte;
  • Visuais agradáveis tanto dos personagens quanto das interfaces de usuário;
  • Modalidades rápidas e intuitivas, incentivando os novos jogadores;
  • O vôlei destaca-se como uma das modalidades mais divertidas.

Contras

  • O Badminton não foi a melhor escolha para o mix de esportes;
  • Ausência de gamificação para jogo single-player ou local.
Nintendo Switch Sports — Switch — Nota: 9.5

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo


É diretor de redação do Nintendo Blast e fã de games desde pequeno, quando começou sua jornada com Mario e Zelda lá no SNES. É formado na área das engenharias e trabalha com desenvolvimento de software. Quando sobra um tempinho entre as jogatinas e o dia a dia, aparece lá no Twitter como @niccomch.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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