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Análise: Imp of the Sun (Switch) honra a cultura andina, mas não consegue impressionar

O metroidvania inspirado na cultura peruana tem boas intenções, mas falha em impressionar.


Inspirado na rica e diversificada cultura peruana, não tão explorada no mundo dos videogames até então, Imp of the Sun infelizmente chega como mais um metroidvania pouco marcante para o Switch. Levando em conta que este é o primeiro jogo da desenvolvedora latino-americana Sunwolf, alguns aspectos do título, como a arte e a trilha sonora, são até impressionantes, no entanto é fácil perceber uma certa falta de polidez no produto final.
 
Assim como muitos outros indies similares no console híbrido, Imp of the Sun é perfeitamente jogável durante sua curta duração, mas falha em realmente impressionar. A tradicional junção de uma boa ideia, um visual competente e algumas escolhas infelizes de game design resultam em uma experiência que pode ser classificada apenas como mediana.

Trazendo a cultura andina para o Switch

O sol foi tomado pela escuridão e o mundo de Imp of The Sun, que é inspirado tematicamente pela cultura andina, se encontra sob as sombras de um eterno eclipse. O astro-rei, utilizando todos os seus esforços e o calor do seu fogo, consegue gerar uma ínfima fagulha de luz em forma de uma pequena criatura destinada a salvar esta realidade. Portando uma arma dourada que age como uma espada e que se assemelha a uma relíquia do tempo dos incas, cabe apenas ao novo herói a missão de derrotar os quatro guardiões lendários e restaurar a ordem.



Além da relíquia em forma de arma, o diminuto fragmento de sol conta com uma gama de habilidades desbloqueáveis e a interessante possibilidade de melhorar os seus atributos utilizando fragmentos coletados de inimigos do cenário. Honrando a tradição do gênero metroidvania, é por meio da exploração do mapa e das quatro diferentes áreas que você, à medida que encontra os poderes adequados para tal, pode eventualmente seguir em frente.

Para quem não está tão familiarizado, a premissa é que o mundo está totalmente aberto para a exploração desde o começo, o problema é que você não irá possuir os meios para alcançar certas áreas até viajar para outras localidades e destravar as habilidades necessárias para continuar o seu rumo. Dito isso, Imp of the Sun cumpre esse objetivo básico do gênero de forma competente, mas passa longe de realmente surpreender com as possibilidades de interação com o mapa.


Embora o visual dos coloridos personagens desenhados à mão seja bem agradável, assim como os vívidos detalhes do cenário de fundo, o design do mapa em si, os elementos de plataforma e as interações dos seus poderes com o ambiente não se destacam muito.

A movimentação se resume a pular (incluindo pulo duplo) e utilizar um dash, mas as habilidades adquiridas não alteram nem expandem essa parte central do gameplay de forma significativa. As principais formas de progresso pelo cenário também são bastante simples. Basicamente, ativar botões para liberar passagens (um elemento já utilizado demais por maioria dos metroidvanias), passar por alguns momentos leves com foco em plataforma e superar áreas onde o combate é obrigatório para seguir adiante.


Essas três maneiras de progredir pelo jogo também resumem os vários problemas da sua execução. Além do citado level design por vezes simplório demais e que não apresenta grandes surpresas ou interações inovadoras com seu personagem, a movimentação e o combate sofrem com problemas inerentes à sua própria implementação.

A principal ação do protagonista é pular. É necessário realizar pulos de forma constante durante toda a aventura, tanto para acessar outros locais como durante o combate como auxílio na movimentação, mas o salto simplesmente não funciona de forma eficaz. O pulo em Imp of The Sun parece calibrado de forma inadequada, mantendo uma altura fixa que alcança uma velocidade rápida demais para movimentos mais precisos e fluidos. Não é exagero dizer que pular é o coração de um jogo desse tipo, e infelizmente aqui isso traz mais frustração do que qualquer outra coisa.

De forma similar, o combate nunca encontra um equilíbrio. A movimentação aparenta ser bem fluida de início, o que permite que você ataque na terra e no ar em quatro direções distintas. A questão é que a detecção de golpes também parece estar mal calibrada, tornando difícil atacar e esquivar de forma adequada em diversos momentos. Outro ponto é que não existe nada parecido a uma esquiva destinada apenas para os confrontos, transformando o ineficaz pulo na única opção para um desvio durante os momentos mais tensos.


Estes problemas da jogabilidade geram um senso de dificuldade um tanto artificial para a aventura. O jogo não parece ser tão complicado em si, porém, graças à falta de polidez de suas mecânicas centrais, situações simples se tornam bastante complexas de forma consistente durante a experiência. Infelizmente, até mesmo as batalhas com chefões, com oponentes com visuais imponentes e desafios interessantes, são afetadas por essas questões mecânicas do game.

Em geral, o título roda bem no Switch e conta com animações bem-feitas, mesmo que ainda um tanto amadoras em alguns momentos. A arte sofre com o mesmo problema de possuir um certo toque de imperfeição estética no produto final, deixando algo a desejar mesmo que ainda seja competente. A trilha sonora, por sua vez, com claras influências andinas e de música peruana, pode ser considerada o único aspecto realmente impressionante do jogo, casando muito bem o som ambiente aos cenários de cada área.

Uma boa ideia pode não ser o bastante


Imp of the Sun é uma aventura mediana com algumas boas ideias e outras péssimas execuções, o que infelizmente coloca o título junto a uma série de outros indies pouco memoráveis no Switch. Embora a parte visual e a trilha sonora consigam agradar na maior parte do tempo, problemas com a polidez da jogabilidade do título acabam arruinando grande parte do seu potencial. Como metroidvania, o jogo também falha em apresentar um cenário criativo e realmente interativo em conjunção com as habilidades do personagem. A homenagem à cultura peruana é bastante válida, mas Imp of the Sun não sabe aproveitar muito bem a sua premissa.

Prós

  • Estética interessante homenageando a cultura peruana, com personagens coloridos, um mundo vívido e animações expressivas na maior parte do tempo;
  • Trilha sonora que também honra suas raízes andinas e sabe casar bem a atmosfera com as músicas.
  • Sistema de progressão interessante, com novas habilidades e melhorias para seu personagem.

Contras

  • Level design que não aproveita a diversidade estética em suas mecânicas e não sabe interagir de forma criativa com as habilidades do personagem;
  • Ação de pular mal calibrada e pouco responsiva, o que afeta grande parte da jogabilidade negativamente;
  • Combate esquisito com problemas na detecção de ataques.
Imp of The Sun - Switch/PC - Nota: 6.0
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Thais Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Fireshine Games

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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