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Análise: Revita é pouco mais do que apenas uma opção adicional para os fãs de roguelikes no Switch

O twin stick shooter aparece como mais uma opção válida para o Switch, mas não é um título indispensável.


A alta prevalência dos roguelikes na esfera dos indie games pode até incomodar alguns jogadores, no entanto é inegável que o gênero veio para ficar. A verdade é que a concorrência deste nicho é alta no Switch, e já existe uma vasta seleção de títulos similares de qualidade para você escolher gastar o seu tempo, como Hades, Enter the Gungeon e Dead Cells, só para citar alguns.
 
Revita reúne todo o pacote de características base para um jogo do tipo e ainda acrescenta o tradicional visual pixelado retrô, que é igualmente super utilizado nos jogos independentes hoje em dia. O resultado é uma experiência competente que pode ser até bastante agradável para os fãs do gênero (especialmente para os entusiastas de twin stick shooters), mas que encontra dificuldades em realmente deixar a sua marca na enorme biblioteca de clássicos do Nintendo Switch.

Um trem majestoso, porém apertado

Antes de seguir em frente, é importante ressaltar que, embora os gráficos de Revita lembrem outros jogos similares, o trabalho de arte e animação impressionam no quesito qualidade. Em geral, o visual é um dos pontos mais fortes do título e é fácil se impressionar com o design dos personagens de destaque, dos chefões e, principalmente, com as vibrantes animações que amarram toda a experiência.

O game, ao contrário de muitos dos indies mais “descartáveis” da plataforma, chama atenção por sua fluidez audiovisual, unindo as citadas animações primorosas a um sound design bastante responsivo e agradável. A imersão dos sentidos começa já desde o menu inicial, que mostra um trem levando o protagonista até a estação central que dará início a sua jornada.


Revita passa longe de ser um jogo feio, porém, assim como na maioria dos seus aspectos, é impossível dizer que não ocorrem equívocos em certos momentos. Na própria parte visual, tanto o design dos repetitivos inimigos normais quanto a própria ambientação logo se tornam cansativos. A temática do trem e do progresso por vagões e estações durante a campanha de um roguelike funciona bem. O problema é a sensação de confinamento e a fadiga visual que acaba se instaurando com o tempo.

A escolha de limitar a jogabilidade apenas a pequenas salas quadradas do começo ao fim é, ao mesmo tempo, ousada e equivocada. A ideia é boa e concede uma certa qualidade estética particular às campanhas, criando um ambiente de batalha diminuto e um tanto claustrofóbico que acaba se destacando como um aspecto diferenciado do gameplay. No entanto, encarar os desafios do jogo, que são efetivamente sempre os mesmos (um pequeno número de inimigos com pouca variação entre si) em um espaço minúsculo e visualmente repetitivo, se torna cansativo bem rápido.

Uma jornada que custa sua própria vida

A jogabilidade, a cereja no bolo de todo roguelike, tende a não ser tão doce neste caso. Já de início, Revita possui um esquema de controles um pouco específico, focando todas as ações principais (pulo, dash e ataque) nos botões de cima. É possível se acostumar, mas é especialmente desagradável utilizar o pulo e o dash em um intervalo curto de tempo entre eles enquanto se mira com a alavanca da direita e atira com o ZR. Existe a solução de ativar o tiro automático no menu de opções, mas vale ressaltar que esse não é o esquema padrão.

Além dos botões em si, o maior problema ainda é a detecção de hits da sua mira. Como o twin stick shooter que é (ou seja, um jogo de tiro no qual você utiliza a alavanca da esquerda para andar e a da direita para mirar), Revita deveria, antes de tudo, entregar uma experiência impecável no aspecto dos tiros. Esse, infelizmente, não é o caso. O seu tiro nunca parece pegar exatamente onde você aponta nos pequenos inimigos, e é normal ficar mais tempo que o necessário tentando eliminar algum monstrinho pelo caminho.


É uma pena que o combate não seja tão polido e agradável quanto alguns outros dos seus aspectos, principalmente porque o game acerta no loop tradicional dos roguelikes, entregando uma série de artefatos com habilidades especiais, itens amaldiçoados e opções de upgrades e atualizações. Com a escolha de eliminar o uso de algum tipo de moeda ou dinheiro e mantendo o foco das transações 100% na própria vida do herói (os tradicionais corações), o título ainda encontra a sua própria maneira de retratar um gênero tão saturado de uma forma única.

Toda relíquia que você puder coletar durante uma campanha irá custar um pouco dos seus pontos de vida, algo que cria de forma inteligente um nível de desafio moldado pelas próprias escolhas do jogador. Ao mesmo tempo que é mais fácil seguir em frente utilizando vantagens como ataques envenenados ou um aumento no dano ou alcance dos seus tiros, também é mais difícil continuar a run com menos pontos de vida. É possível recuperar a vida utilizando almas que caem dos monstros derrotados, porém o processo acontece de forma lenta e gradual.


A experiência final não é tão difícil comparada a games mais brutais do gênero, mas é criativa e interessante o bastante. O mais importante é que o jogador domine as mecânicas e (quase) nunca seja atingido, e Revita leva essa ideia ao nível máximo, roubando até mesmo a quantidade total dos seus pontos de vida caso você queira realizar um upgrade mais significativo entre os chefões de cada área.

Essas boss battles, por sinal, são a melhor oportunidade de testar suas habilidades e realmente aproveitar as mecânicas em um espaço maior e um ritmo de combate mais variado, demostrando mais uma vez o que a aventura tem a oferecer.

Como já citado, as pequenas salas durante o gameplay “normal” do jogo entregam tudo que tem a oferecer muito rápido, e cansam ainda mais graças a combinação do pouco tempo útil de cada área com o longo tempo de loading entre elas. Para os menos empolgados com o gênero ou a premissa, é fácil perder a paciência rapidamente com as várias pequenas esperas espaçadas em momentos não tão duradouros de jogo.

Mais um roguelike para o Switch


Revita
é um título competente, com agradáveis qualidades audiovisuais e um potencial enorme para fãs de roguelikes e/ou twin stick shooters. Infelizmente, pequenos problemas em vários aspectos acabam atrapalhando a sua capacidade de se tornar um título realmente imperdível em meio a vários indies com propostas similares. Jogadores dispostos a aceitar o ritmo um tanto truncado da jogabilidade, assim como um combate não tão refinado quanto poderia ser, provavelmente conseguirão se divertir bastante nesse roguelike com uma boa premissa e um nível de dificuldade acessível.

Prós

  • Apresentação de qualidade, incluindo animações excelentes, gráficos atrativos e efeitos sonoros adequados;
  • Premissa interessante e bem executada;
  • Nível de dificuldade acessível;
  • Um roguelike competente e com bastante conteúdo para os interessados.

Contras

  • Problemas com tempos de carregamento;
  • Há uma certa falta de polidez no combate;
  • Jogabilidade constantemente confinada a salas quadradas, pequenas e repetitivas.
Revita - Switch/PC - Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: Switch 
Revisão: Janderson Silva
Análise produzida com cópia digital cedida pela Dear Villagers

Escreve para o Nintendo Blast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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