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Análise: Eiyuden Chronicle: Rising (Switch) convida o jogador a Nova Nevaeh em um RPG de ação divertido, mas mal conduzido

O prólogo de Eiyuden Chronicle oferece uma boa entrada apesar da sua condução artificial.

Eiyuden Chronicle é um RPG que está sendo desenvolvido pela Rabbit & Bear Studios como um sucessor espiritual do clássico Suikoden, tendo em sua equipe criativa alguns dos membros relevantes da franquia. Porém, enquanto o jogo está em desenvolvimento, a equipe contratou a Natsume Atari para fazer Eiyuden Chronicle: Rising, um prólogo que introduz o universo para o público.

Eiyuden Chronicle: Rising é um RPG de ação cujos eventos se passam antes da grande guerra que move a trama do jogo principal. Tudo começa como uma simples caça ao tesouro em uma cidade em construção nos arredores de uma mina antiga, porém, em pouco tempo, é perceptível sentir uma força sinistra que se move nas sombras.

Uma jovem forasteira chega a Nova Nevaeh

Eiyuden Chronicle: Rising conta a história de uma jovem caça-tesouros chamada CJ. Ainda criança, ela teve que sair de sua cidade natal para cumprir um rito de passagem, e a missão da protagonista é encontrar um tesouro maior do que os encontrados por seus antecessores.

Ao saber da abertura das escavações na cidade de Nova Nevaeh, ela parte em busca do sonho de conseguir uma lente enorme. Inicialmente, CJ está sozinha na jornada, porém ela também contará com o apoio de dois outros personagens: o ex-mercenário Garoo e a prefeita interina Isha. Cada um desses personagens possui um estilo de combate diferente, com CJ sendo mais ágil, Garoo tendo golpes mais poderosos e Isha é habilidosa com a magia.

Vale destacar que o jogo demora um tempo para liberá-los. Apesar de não ter uma campanha muito longa para o gênero, sendo possível terminá-la em aproximadamente 10 horas, a obra demora a deixar o jogador mais solto para realmente explorar o mundo de Nova Nevaeh. Há inclusive uma forte sensação de artificialidade na forma como a história é conduzida, tanto por esse motivo quanto pela forma como a obra insiste constantemente em backtracking que não é introduzido organicamente.

Porém, gostaria de destacar que o mundo em si tem um forte carisma. Nova Nevaeh é populada por muitos personagens curiosos, que vão dos protagonistas aos secundários mais mundanos. Esse ponto é ressaltado por um roteiro convincente que consegue fazer com que todos os personagens  tenham sua própria voz e estilo. Em português, essa escrita mais informal é muito bem respeitada, oferecendo uma leitura fluida e consistente, apesar de ter alguns pequenos errinhos ocasionais.

Explorando as dungeons

Como um RPG de ação, um elemento fundamental do jogo é o seu combate. A ideia aqui é que o jogador controle um personagem e possa alternar para os seus aliados em um comando ágil. Cada um deles está associado a um botão, sendo possível mudar o atacante no meio de um combo para aproveitar um efeito de câmera lenta.

As áreas são exploradas em visão lateral como um jogo de plataforma. Além de atacar os inimigos que estão no caminho, o jogador precisa pular para alcançar determinadas localidades. Também é possível obter itens quebrando elementos do cenário ou abrindo baús, porém a capacidade de carga do jogador é limitada por uma bolsa até a saída da dungeon (momento em que ela é esvaziada).

Os golpes também podem ganhar poderes elementais a partir de um determinado ponto da trama. Usando runas específicas, será possível tanto explorar as fraquezas dos inimigos quanto quebrar grandes formações rochosas coloridas para entrar em pontos anteriormente inacessíveis das dungeons.

Além dos ataques e do pulo, cada um dos aliados possui habilidades especiais únicas. Garoo consegue defender e defletir alguns ataques com sua larga espada, Isha é capaz de quebrar escudos mágicos e CJ pode usar dash. Outras técnicas, como pulo duplo, podem ser desbloqueadas com aprimoramentos nas lojas de Nova Nevaeh.

Uma cidade em expansão

Um dos aspectos que foram mencionados para o jogo em suas páginas da loja era o elemento de construção de cidade. Porém, não se trata realmente de um simulador que o jogador precisa gerenciar, como o termo normalmente evoca, mas sim de uma consequência da realização de quests secundárias. Ao ajudar os lojistas, os pequenos comércios da cidade aumentam de nível, o que também amplia a seleção de suas mercadorias.

Aproveitar esse sistema abre muitas possibilidades ao jogo, adicionando não apenas formas de comprar itens, mas também aprimoramentos para os equipamentos dos personagens, com aumentos de parâmetros, como ataque e defesa, e técnicas especiais, como pulo duplo para CJ ou levitação por tempo limitado para Isha. Fazer uso desses sistemas será fundamental para uma experiência mais tranquila durante a campanha.

Porém, vale destacar que, apesar do jogo contar com uma boa quantidade de quests para realizar, elas são bastante similares entre si. Essa falta de variedade com algumas missões, como ir de um ponto a outro do mapa ou buscar itens na primeira área, acaba dando uma sensação de que a obra está "enrolando" em prol de ter um pouco mais de duração.

Felizmente, o menu conta com uma opção de viagem rápida. Graças a ela, ir para qualquer ponto do mapa fora das dungeons é instantâneo, passando apenas por uma breve tela de carregamento. Dentro das dungeons, o jogador só pode fazer uso desse sistema para ir de uma placa a outra. Esses elementos do cenário também servem como pontos de save e estão presentes apenas em algumas telas, incluindo as proximidades de chefes.

Gostaria de destacar também dois outros pequenos problemas do jogo. Primeiramente, alguns inimigos, incluindo um chefe, foram feitos para treinar o jogador no uso dos personagens Garoo e Isha. Infelizmente, caso esse personagem morra e o jogador não conte com um item de cura, pode se tornar impossível lutar contra eles. Como não é possível fugir da área de alguns encontros, o resultado pode ser bastante desastroso.

Além disso, o autosave do jogo é bem raro, ativado principalmente na mudança de capítulos. Ao perder para um inimigo mais forte, o jogador recebe um game over e precisa recomeçar do último save. Felizmente, é possível fazer salvamentos manuais, mas a ausência de alguma opção de tentar novamente é curiosa e algo normalmente evitado em jogos similares atualmente.

Nos aspectos positivos, vale destacar que o jogo faz uma bela combinação de 2D e 3D. As áreas são bastante variadas e charmosas, especialmente em seu uso de iluminação. Esse estilo é similar ao HD-2D atualmente empregado pela Square Enix em alguns de seus títulos, mas os sprites de personagens são mais alongados e detalhados.

Um mundo que vale a pena conhecer

Eiyuden Chronicle: Rising é um RPG de ação que faz uma boa introdução ao universo de Eiyuden. Trata-se de um mundo vívido que, pelo menos neste prólogo, vale a pena conhecer, apesar de a condução artificial da progressão de narrativa e de gameplay ser um ponto que desvaloriza um pouco a obra.

Prós

  • Gameplay sólido cujas possibilidades de ação podem ser expandidas nas lojas da cidade;
  • Texto bem humorado com uma tradução para o português que respeita o tom da obra;
  • Visualmente agradável em sua mistura de 2D e 3D;
  • Possibilidade de viagem rápida entre áreas reduz consideravelmente o tempo para realizar algumas quests mais banais.

Contras

  • Progressão passa uma forte sensação de artificialidade devido ao início bastante limitado e o grande foco em backtracking;
  • Quests secundárias bastante repetitivas;
  • Alguns inimigos dependem totalmente do uso de um dos personagens, fazendo com que sejam invencíveis sem ele;
  • Não há opção de continuar no game over, sendo necessário retornar ao último save, e o autosave é raro;
  • Pequenos errinhos de tradução.
Eiyuden Chronicle Rising — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela 505 Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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