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Análise: Senren Banka (Switch) é uma bela visual novel ecchi sobre amores e maldições

Arte belíssima e boas cenas românticas com as personagens.


Senren Banka
é uma visual novel romântica ecchi que conta a história do jovem Arichi Masaomi, que vai ajudar seu avô, proprietário de uma tradicional hospedaria de águas termais na pequena cidade de Hoori, uma vila tão pequena e distante que nem mesmo os trens chegam lá. Esse isolamento é um incômodo, claro, mas também ajudou a preservar o ar provinciano e a manutenção das tradições locais.

Um desses costumes está na maior atração turística local, a espada sagrada Murasamemaru, que os turistas tentam remover da rocha em que está incrustada — uma paródia da fábula do Rei Arthur. Masaomi é convidado a fazer o teste e, como você deve ter adivinhado, consegue realizar a proeza. Quer dizer, parcialmente, pois a espada quebra com a tentativa. E com isso, ele precisa arcar com as consequências, que são… casar com a donzela do templo local.


Logo descobrimos que a espada sagrada não é apenas uma lenda, pois a região está realmente infestada de demônios, que precisam ser combatidos. E nesse turbilhão, nosso jovem protagonista precisa lidar com demônios, ajudar na hospedaria do seu avô, ir à escola e, talvez o maior desafio de todos: lidar com o amor e os sentimentos das garotas que conhecerá nessa trama.

Uma espada, seis garotas

Durante a campanha, Masaomi conhecerá pessoas muito interessantes, como sua noiva prometida, Yoshino, uma garota determinada e dedicada à sua função como donzela do templo, que a princípio não gosta nada da ideia de casar com um forasteiro desconhecido. Há também a kunoichi Mako, de uma família de ninjas que há gerações protege e serve à família de Yoshino; Lena, a estudante de intercâmbio, que luta para se integrar ao idioma e cultura japoneses.

O rapaz também reencontra rostos conhecidos, como sua veterana Roka, um pouco mais velha que ele, e sua priminha Koharu, um pouco mais jovem, que ele não vê há tempos.


Ao criar um elo com a espada sagrada, Masaomi também liberta Murasame, o espírito da espada na forma de uma jovem e bela garota com cabelos verdes. Por ser uma entidade espiritual, Murasame não pode ser vista por pessoas comuns e também não pode interagir com objetos do mundo físico, como se fosse um fantasma.

Todas essas garotas são potenciais interesses românticos do rapaz, e dependendo das escolhas que você fizer durante a campanha, terminará a história de mãos dadas com uma delas.

As incertezas do amor

A trama principal de Senren Banka não é muito chamativa. O roteiro é linear, previsível e com muitos clichês, além de possuir um ritmo bastante arrastado. Durante a chamada “rota comum”, que você percorre até que aconteçam as bifurcações para seus interesses românticos, a história é bem pouco atraente.

Porém as coisas melhoram muito quando entramos nas rotas românticas específicas. O brilho de Senren Banka está no envolvimento emocional do protagonista com as garotas, pois cada uma delas tem um drama pessoal específico ou algo que pode impedir a felicidade do casal. Esses dramas são bem escritos e conduzem a cenas tocantes e memoráveis.


Nem todas as rotas possuem a mesma qualidade, algumas delas me deram a impressão que o romance não era algo natural. Por outro lado, outras rotas são bastante marcantes, daquelas de ficar uma lágrima no canto do olho. Dramas que todos nós passamos como medo de rejeição, incerteza pelo futuro, receio pela reação da nossa família, tudo isso é retratado de forma sensível e faz com que o jogador crie empatia pela situação apresentada.

Como é um jogo ecchi, existem cenas picantes, mas não com todas as personagens. Algumas situações mais íntimas são descritas por textos, não pelas imagens. E sim, existem certas rotas em que os personagens vão às vias de fato. Por isso, ainda que não possua muitas imagens calientes na versão de Switch, definitivamente não é um jogo recomendado para menores de idade.

O curioso é que as cenas com envolvimento mais íntimo são descritas por diálogos, e não por imagens. As situações mais profundas são conduzidas por uma combinação de artes sutis, música de fundo tocante e texto bem conduzido, algo que, pelo menos para mim, foi mais interessante do que uma imagem explícita do acontecido. De um modo geral, o jogo tende mais ao emocional do que ao erótico.


Existem alguns trechos chamados Another View que representam cenas que acontecem quando o protagonista não está presente. Esses trechos enriquecem a experiência, alguns deles com cenas humorísticas, outros com cenas profundas e personagens questionando seus sentimentos mais profundos.

Artes belíssimas e muitas opções

Senren Banka oferece uma série de extras interessantes, como uma galeria de arte em que podemos curtir todas as CGs já vistas durante o gameplay. As artes são belíssimas e certamente um ponto alto do título, especialmente as personagens femininas, que estão magnificamente retratadas. Os cenários também são belos, mas por se tratar de uma história que se passa em uma cidade pequena, há pouca variação de locações.

No Scene Replay é possível assistir os sete filmes principais presentes no jogo: a abertura e os seis finais individuais, um para cada garota. Cada encerramento possui uma bela cena em CG, com o objeto que representa a garota na história, como uma espada para Murasame, uma kunai para Mako e a adaga cerimonial para Yoshino, acompanhado de uma música exclusiva e um flashback das cenas mais marcantes.

A interface é bastante limpa e o jogo oferece uma série de ferramentas e comodidades úteis. A melhor delas é o Flowchart, uma representação gráfica da estrutura de capítulos e da árvore de escolhas da campanha. Com essa ferramenta é possível visitar partes específicas do roteiro, além de facilmente visualizar e mudar escolhas para alterar em qual dos finais você concluirá a história.


As configurações de jogo permitem controlar detalhes muito específicos como habilitar ou desabilitar animações, vibração, velocidade e cor do texto, além de ajustar individualmente os volumes das vozes de cada personagem, efeitos de som e música de fundo. Ou seja, você pode configurar a interface de jogo exatamente ao seu gosto pessoal.

A trilha sonora é muito boa, seguindo em sua maior parte o estilo tradicional japonês, combinando com o contexto do cenário. Um detalhe discreto é que o nome da música da cena atual aparece no canto da tela sempre que há mudança da faixa, algo que achei muito legal para poder curtir melhor a trilha sonora novamente nos extras.

A dublagem é praticamente integral, com todos os diálogos, exceto os do protagonista, narrados, com excelentes atuações. Em algumas cenas as personagens até mesmo cantam. Existe um sistema de save exclusivo, dedicado para guardar falas marcantes.


Há suporte total para a tela sensível ao toque do Switch, permitindo que joguemos sem a necessidade de controles físicos. Também é possível jogar nos Joy-Con e usando controles externos. Infelizmente, nem todos os itens da interface podem ser selecionados com controles físicos, exigindo às vezes que você recorra ao touchscreen.

As mil cores do amor

Senren Banka é uma visual novel com artes belíssimas e que emociona pelas belas cenas de romance e drama. É uma obra artisticamente muito bem conduzida e, apesar do ritmo lento e pouco interessante da trama principal, fica muito melhor quando entramos nas rotas específicas dos interesses românticos. É na descrição das incertezas do amor, e não no apelo ao erótico, que está a maior força dessa visual novel.

Prós

  • Arte belíssima;
  • Muitas opções de configurações e extras;
  • Totalmente compatível com a tela sensível ao toque do Switch;
  • Sistema de visualização de árvore de decisões;
  • Dublagem integral, exceto pelo protagonista;
  • Situações dramáticas muito bem narradas.

Contras

  • Ritmo demasiadamente lento;
  • Alguns itens não podem ser selecionados com controle físico, exigindo o uso do touchscreen;
  • Não possui localização para português brasileiro;
  • Não é recomendável para menores de idade.
Senren Banka - Switch/PC - Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Cristiane Amarante
Análise produzida com cópia digital fornecida pela NekoNyan

é engenheiro eletrônico e tem uma filha fofinha que tenta morder os controles do papai. Curte jogos de luta, corrida e ação.
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