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Análise: Captain Velvet Meteor: The Jump+ Dimensions (Switch) explora a jornada tática de um pequeno explorador diante de uma nova realidade

Este jogo estratégico da Momopi Studios explora a imaginação de uma criança ao lidar com uma mudança brusca de vida.

A Shueisha, publicadora japonesa conhecida especialmente por sua linha de mangás que inclui as séries da revista Shonen Jump, começou a se enveredar pelo ramo de jogos recentemente. Com um foco inicial no apoio a desenvolvedores indie, a empresa decidiu investir em Captain Velvet Meteor: The Jump+ Dimensions, um jogo de estratégia da Momopi Studios que explora a mente imaginativa de uma criança que de repente se vê em um outro mundo.

Um explorador em um novo mundo

Captain Velvet Meteor conta a história de um jovem garoto chamado Damien, que está passando por uma mudança brutal em sua vida: sua família se mudou da França para o Japão. Ir para bem longe dos seus amigos e de tudo o que conhecia deixou o rapaz muito chateado, e a difícil adaptação nesse novo ambiente faz com que ele se imagine como o grande capitão de uma nave espacial forçado a explorar um mundo nunca antes visto.

A narrativa alterna entre duas perspectivas: de um lado, temos Damien cumprindo tarefas enviadas por sua mãe no celular; de outro, temos Captain Velvet Meteor em combate tático contra monstros variados. O que chama atenção em termos da narrativa é que a transformação do protagonista em super-herói é uma metáfora imaginativa de como o rapaz enxerga o mundo ao seu redor.

Nesse sentido, mesmo uma coisa pequena como uma comida nova com cheiro horrendo vira um grande monstro e Damien não teria forças para derrotá-lo sozinho. Esses desafios inteligentemente remetem a perspectivas de criança que são fáceis de lembrar. Um bom exemplo disso é o quarto escuro do avô de Damien e a forma como o rapaz tem a sensação de que lá habitam espíritos porque o escuro faz a mente imaginar várias coisas quanto às misteriosas formas e vultos ao seu redor.

Aliados poderosos

Uma vez diante de algo difícil de lidar, Damien passa a encarar pequenas fases de estratégia em um modelo tático. Captain Velvet Meteor não é um RPG, então o foco está totalmente na resolução das fases sem preocupações com grinding, equipamentos ou outros detalhes de build. Com isso, o jogador fica livre para explorar as áreas como quiser.

Felizmente, Damien não estará sozinho para enfrentar os desafios, contando com o auxílio de aliados poderosos advindos das obras da revista Shonen Jump+. Entre eles, temos Kafka Hibino de Kaiju No. 8 (também conhecido como Monster #8 no Ocidente); Loid Forger de Spy x Family; Chloé Love de Ghost Reaper Girl e vários outros. Cada conjunto de áreas (“mundo”) implica na parceria do Captain Velvet Meteor com um desses personagens, cujos poderes serão necessários para avançar na campanha.

A ideia básica do sistema tático coloca o protagonista e seu aliado compartilhando o mesmo HP, que pode ser regenerado ao longo da fase derrotando os inimigos. Cada fase conta com um objetivo específico, sendo a maioria deles “avançar até a área final” ou “derrotar todos os inimigos”. No caso do primeiro, basta ativar switches e chegar ao ponto designado no mapa, enquanto o segundo vai exigir o foco total no combate.

Em todas as fases do jogo, só é possível controlar dois personagens ao mesmo tempo e não há a opção de alterá-los. Se por um lado essa limitação reduz as opções criativas do jogador, por outro a obra explora com criatividade os elementos únicos de cada aliado para oferecer fases bem variadas.

Além dos ataques individuais de cada personagem e da possibilidade de esmagar alguns inimigos menores pisando neles, Damien pode usar dois ataques combinados com cada aliado. Apesar de variar consideravelmente dependendo do parceiro em questão, a ideia geral desses golpes é que um deles tem um “efeito” que pode ser essencial para avançar pela fase, enquanto o outro é um ataque de dano massivo que só pode ser ativado após coletar três esferas amarelas derrotando os inimigos.

As fases são construídas para aproveitar ao máximo a presença do aliado em questão. Quando está com o Slime de Slime Life, você pode arremessar o seu parceiro por uma linha reta infinita que ricocheteia em espelhos e leva o personagem até switches afastadas. Quando está com Chloé Love de Ghost Reaper Girl, as áreas são escuras e os dois podem iluminar o mapa juntos, causando a paralisação dos inimigos no processo e impedindo que os fantasmas se aproximem.

De forma geral, trata-se de um jogo tático muito bem construído, que chama a atenção pela exploração das mecânicas dos aliados e pela variedade das fases. Porém, vale destacar que caso o jogador esteja muito interessado no contexto dos personagens em si, a obra não tem esse foco. O encontro de Damien com eles na sua imaginação tem um foco bastante restrito ao aprendizado que ele carrega da interação com suas histórias, sendo um caso em que essas figuras acabam tendo menos destaque do que o usual em obras crossover.

Além do combate, é possível encontrar adesivos na casa de Damien. Ao completarmos uma linha ou coluna, são liberadas fases especiais em que enfrentamos os chefes de cada área novamente dentro de um tempo específico.

Outros elementos extras que podem ser atrativos para alguns jogadores são os desafios opcionais, como derrotar os inimigos do tipo X ou fazer com que eles sejam destruídos por armadilhas da fase, e as notas escondidas que liberam as músicas do jogo para o menu.

Durante o meu tempo com o jogo, encontrei alguns bugs que levaram o combate a travar, me deixando impossibilitado de realizar qualquer ação. Até mesmo o menu ficou bloqueado quando isso aconteceu. Foram ocasiões esporádicas, mas um incômodo que espero que seja corrigido futuramente.

Uma nova página para o pequeno Damien

Captain Velvet Meteor: The Jump+ Dimensions é um jogo tático consistente e bem-executado. Explorando a imaginação de uma criança, ele mostra um pouco como pequenas tarefas e medos podem ser reconstruídos metaforicamente pelas pessoas em suas próprias mentes e o papel que a ficção tem para expandir nossos horizontes e ajudar nesse processo. Altamente recomendável para fãs de títulos estratégicos e obras infantis com forte carga emocional.

Prós

  • Gameplay tático bem-executado que envolve o uso de movimentação, poderes individuais, ataques especiais combinados e absorção de vida dos oponentes;
  • Boa variedade de áreas pensadas em torno do “aliado da vez”;
  • Narrativa sólida sobre um menino imaginativo incomodado com a mudança para outro país;
  • Sistema agradável de colecionáveis.

Contras

  • Acaba tendo um design limitado pelo foco em dois personagens por vez;
  • Alguns bugs podem causar travamento;
  • Explora pouco os personagens convidados.

Captain Velvet Meteor: The Jump+ Dimensions — Switch — Nota: 8.5

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Shueisha Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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