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Análise: Return to Monkey Island (Switch) traz de volta uma série clássica dos point-and-clicks em grande estilo

O novo jogo da franquia Monkey Island é uma ótima pedida para os fãs da franquia e um bom exemplar do gênero.

Desenvolvido pela Terrible Toybox e publicado pela Devolver Digital com licença da Lucasfilm, Return to Monkey Island resgata a série clássica que é uma grande referência dos point-and-clicks. Com o criador da série, o escritor Ron Gilbert, no controle, temos uma nova jornada marcada pelo olhar já mais experiente de Guybrush.
 
Confesso que, apesar de gostar bastante de aventuras point-and-click, nunca havia jogado nenhum dos Monkey Island. Porém, é uma série cuja importância para o gênero é inegável, com fortes elementos de humor e carisma que continuam sendo relevantes até hoje. Com isso, a expectativa para voltar à Ilha dos Macacos era muito alta e, desde os primeiros momentos, consegui sentir um projeto feito com dedicação e carinho.

A vida de pirata é para mim

Return to Monkey Island conta a história de uma vez em que Guybrush Threepwood estava determinado a encontrar o Segredo da Ilha dos Macacos. Sem parceiros, o jovem pirata acaba precisando de muita sagacidade para encontrar um jeito de sair da Ilha Sopapo, viajar ao seu destino e cumprir o seu desejo após tantos jogos que nunca revelaram o misterioso segredo.
 
Como não poderia ser diferente, o protagonista acaba dando de cara com seu arqui-inimigo, o pirata zumbi fantasma do mal LeChuck. A inimizade entre os dois é um dos elementos fundamentais da história e é interessante ver como ambos acabam demonstrando traços similares de personalidade. Em prol da sua ambição, Guybrush pode fazer praticamente qualquer coisa, assim como seu rival.

Apesar disso, a jornada é majoritariamente leve e cômica, conseguindo acertar o tom das piadas e das críticas constantemente. Além de entreter mostrando as desventuras de um pirata que por vezes não parece ter nada na cabeça, há vários tópicos curiosos sobre a sociedade em que vivemos e a forma como a nossa relação com o mundo muda ao longo do tempo.
 
Vale destacar que a aventura é profundamente influenciada pelos jogos anteriores da série, fazendo inúmeras referências a eles. Boa parte da jornada presume que o jogador já conhece personagens e situações, fazendo com que alguns elementos passem a sensação de que estão mal explicados. Como alguém que nunca jogou os anteriores, mesmo lendo o caderno de viagens de Guybrush no menu inicial, senti que a minha experiência acabou ficando um pouco incompleta. Mesmo assim, de forma geral, a campanha foi bastante agradável do início ao fim.

Também chama a atenção o estilo artístico de Rex Crowle, que trabalhou anteriormente em Tearway (PS Vita), Knights and Bikes (Multi), entre outros jogos. Com cores vibrantes e traços bastante caricatos que reforçam as formas geométricas dos personagens e objetos, o mundo de Return to Monkey Island é esquisito e encantador em igual medida.

Seguindo o mapa do tesouro

Como um point-and-click, a aventura é baseada em encontrar as interações corretas para avançar na história, havendo alguns elementos opcionais que também podem ser explorados. Conforme vasculha os mapas, o jogador irá obter itens e descobrir novas tarefas que pode tentar resolver. A principal dificuldade muitas vezes está em encontrar as interações corretas para avançar, que podem depender de combinações específicas de itens.
 
Há uma boa variedade de áreas, incluindo pontos da Ilha Sopapo como a Casa da Governadora, o Museu Pirata e a Prisão, mas também localidades de outras ilhas, como a gelada Brrr Muda e a tenebrosa Ilha do Terror. Cada lugar é rico em detalhes e vale a pena explorar cada cantinho para ver o que Guybrush tem a dizer.
 
Caso não saibamos como prosseguir, é possível utilizar um sistema de dicas dentro de um livro especial. Além de ser totalmente opcional, essa mecânica respeita os desejos do jogador, liberando pistas pouco a pouco para que ele possa pensar por conta própria na solução, se quiser. É possível continuar pedindo dicas até ver a próxima interação necessária, mas é uma parte importante da experiência tentar descobrir o que fazer apenas com o que o jogo oferece fora do livro encantado.

Uma jornada após muito aprendizado

Um elemento que pode acabar passando despercebido por alguns jogadores, mas que é crucial para a aventura, é a preocupação com a qualidade de vida da obra. O primeiro elemento que impacta consideravelmente nisso é a presença de legendas em português. Apesar de ter alguns errinhos raros, poder jogar um título tão focado em texto com uma boa localização para a nossa língua é um detalhe muito especial.
 
Além disso, Return to Monkey Island conta com a opção de ajustar as legendas para garantir que elas sejam legíveis. Há a possibilidade de aumentar o tamanho de tal forma que ela pode até ocupar quase a tela toda do Switch, garantindo que não haja problema mesmo no modo portátil. O fundo também pode ser escurecido, aumentando o contraste para que seja mais fácil ler, e o nome de quem está falando pode ser adicionado.

No Switch, é possível alternar entre a tela de toque e os botões para interagir com os ambientes. No segundo caso, é possível movimentar Guybrush diretamente com o analógico, tendo os pontos interativos indicados na tela através de círculos. Há também um sistema de log, registrando as falas já vistas para consulta rápida.

O tesouro e a jornada

Return to Monkey Island
traz mais uma jornada de Guybrush Threepwood com alta qualidade, demonstrando com clareza o carisma da série que cativou muitos jogadores e foi profundamente importante para o desenvolvimento dos point-and-clicks. Especialmente para quem já se aventurou pela Ilha dos Macacos anteriormente, esta é uma aventura muito cativante.

Prós

  • Animações caricatas de alta qualidade, com um estilo bastante colorido e vibrante;
  • Narrativa cômica bem-feita, que consegue entreter e questionar as ações dos personagens;
  • A tradução para o português é, de forma geral, boa;
  • Boa variedade de áreas, objetos interativos e itens;
  • Possibilidade de aumentar consideravelmente o tamanho da letra das legendas e garantir a sua legibilidade, ajustando o fundo para ficar escuro;
  • Sistema opcional de dicas graduais;
  • Permite usar a tela de toque ou os botões para interagir com os ambientes.

Contras

  • Alguns elementos da história não fazem tanto sentido para quem não jogou os anteriores, enfraquecendo consideravelmente a experiência.
Return to Monkey Island —Switch/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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