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Análise: Them's Fightin' Herds (Switch) coloca quadrúpedes no ringue

Este jogo de luta com personagens quadrúpedes chega aos consoles dois anos após sua versão de PC.

em 18/10/2022
Desenvolvido pela Mane6 com direção artística de Lauren Faust (My Little Pony: Friendship is Magic) e publicado pela Modus Games, Them’s Fightin’ Herds é um inusitado jogo de luta. Todos os personagens jogáveis são quadrúpedes, o que não apenas é uma característica estética, mas também impacta significativamente a experiência de gameplay.

Lutas em quatro patas

Them’s Fightin’ Herds é um jogo de luta 2D em que todos os personagens andam nas quatro patas, o que resulta em aspectos bem específicos de jogabilidade. A hitbox ampliada, a gravidade e o tempo um pouco mais lerdo de animação dos personagens ajudam na construção de uma estratégia de combate mais lenta e técnica, que depende de inputs precisos.

Ao todo, o jogo conta com sete personagens jogáveis, um número bem pequeno para o gênero. A primeira da lista é a corça Velvet da Tundra, capaz de usar gelo para atacar à distância e se manter protegida com escudos e outros poderes; já Tianhuo é uma espécie de meio-cavalo, meio-dragão que usa suas chamas em ataques de curta distância e tem uma melhor movimentação aérea.

Oleander é uma espécie de unicórnio feiticeira que usa magia negra como forma de ataque em um estilo de alcance equilibrado; Arizona, por sua vez, é uma bezerra de tipo ofensivo, capaz de usar um laço de vaqueiro para puxar os adversários, deixando-os temporariamente desnorteados; e Paprika, uma alpaca cujo estilo é mais complicado de dominar por depender de truques variados para desequilibrar o adversário.

Pom é uma ovelha tímida capaz de usar cachorrinhos como protetores e para atacar, arremessando-os como uma controladora de marionetes; por fim, temos Shanty, uma cabra muito ágil cujo foco ofensivo inclui golpes como pular de um lado para outro e dar chutes e cabeçadas.

Apesar da variedade e unicidade de cada lutador ser muito bem-vinda, o pequeno elenco acaba colocando Them’s Fightin’ Herds em uma posição de desvantagem ao ser comparado com outros títulos do gênero. Há uma forte sensação de que ainda é necessário adicionar mais opções, e de fato a Mane6 está atualmente trabalhando em personagens para DLC como Texas, o pai de Arizona, que será especializado em manobras de agarrar e arremessar adversários.

Indo além dos coices

Como já é esperado do gênero, Them’s Fightin’ Herds conta com uma boa variedade de modos para explorar. Para quem é novato no gênero ou gostaria de entender melhor o funcionamento específico do jogo, há vários tutoriais, que vão desde o básico da movimentação até elementos avançados sobre os combos, arremessos e sistemas específicos. Há também um modo prática que permite vários ajustes para construir um momento ideal de experiência e aprender a utilizar as habilidades dos personagens por conta própria.

No modo local, é possível jogar contra um amigo, explorar um modo arcade de batalhas consecutivas ou fazer batalhas únicas contra os robôs. No online, é possível participar de lobbies específicos para partidas ou jogar uma partida casual.

Porém, o que chama a atenção em especial é o modo história. Ao contrário de outros jogos do gênero, Them’s Fightin’ Herds investe em uma campanha em que é possível explorar um pequeno mundo 2D. Seguimos a jovem campeã da Pradaria, Arizona, que se vê diante de uma grave crise: os Predadores voltaram a Foenum e estão atacando os Ungulados (todas as espécies dos personagens entram nessa classificação). Cabe ao jogador viajar pelo mundo em busca de uma forma de resolver esse problema.

A campanha inclui momentos de plataforma com visão lateral e lutas contra as criaturas sombrias chamadas de Predadores, que incluem lobos, cobras, águias e ursos. Enquanto as etapas de combate são uma extensão natural da gameplay, o conceito de precisar lidar com movimentação de forma incrivelmente precisa para avançar é um forte incômodo.

Desde o início, esses desafios são muito exigentes, servindo mais como uma forma de frustração sem que a prática retorne em aprendizado nítido para o combate. Ainda assim, esse estilo de proposta é muito interessante e seria bom ver mais experimentos similares em outros títulos do gênero.

Para um amplo público

Para quem gosta de estilos cartunescos de animação, especialmente fãs de My Little Pony e desenhos mais infantis, o visual dos personagens e ambientes é bastante carismático. Cada personagem consegue ter um estilo muito próprio e colorido, sendo também possível explorar várias outras opções de paleta para as lutas.

Outro aspecto que facilita a introdução ao jogo é a sua tradução para o português. Them’s Fightin’ Herds é um jogo com muito bom humor, mas não o faz gratuitamente, algo que poderia enfraquecer a sua história. Com a possibilidade de jogar em português (caso seja a sua língua padrão do console), essa leitura fica bem agradável e simples.

Os ungulados chegam aos consoles

Finalmente Them’s Fightin’ Herds está disponível nos consoles e se mostra um jogo de luta bem competente. Apesar de seu elenco reduzido e os desafios inconvenientes do modo história pesarem um pouco, o conceito de lutas entre quadrúpedes, o forte carisma, a boa variedade de modos e a proposta única de campanha chamam a atenção dentro do gênero e fazem com que ele seja um título que vale muito a pena conferir.

Prós

  • Boa variedade de modos, incluindo um tutorial detalhado e um modo de treino;
  • A campanha mistura exploração, plataforma e luta;
  • Estilo visual carismático e variedade de cores para os personagens;
  • Texto bem-humorado e instigante, com tradução para o português.

Contras

  • Elenco jogável muito reduzido;
  • A alta exigência dos desafios de plataforma no modo história acaba tornando ele desnecessariamente inconveniente.
Them’s Fightin’ Herds — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Modus Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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