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Análise: Them's Fightin' Herds (Switch) coloca quadrúpedes no ringue

Este jogo de luta com personagens quadrúpedes chega aos consoles dois anos após sua versão de PC.

Desenvolvido pela Mane6 com direção artística de Lauren Faust (My Little Pony: Friendship is Magic) e publicado pela Modus Games, Them’s Fightin’ Herds é um inusitado jogo de luta. Todos os personagens jogáveis são quadrúpedes, o que não apenas é uma característica estética, mas também impacta significativamente a experiência de gameplay.

Lutas em quatro patas

Them’s Fightin’ Herds é um jogo de luta 2D em que todos os personagens andam nas quatro patas, o que resulta em aspectos bem específicos de jogabilidade. A hitbox ampliada, a gravidade e o tempo um pouco mais lerdo de animação dos personagens ajudam na construção de uma estratégia de combate mais lenta e técnica, que depende de inputs precisos.

Ao todo, o jogo conta com sete personagens jogáveis, um número bem pequeno para o gênero. A primeira da lista é a corça Velvet da Tundra, capaz de usar gelo para atacar à distância e se manter protegida com escudos e outros poderes; já Tianhuo é uma espécie de meio-cavalo, meio-dragão que usa suas chamas em ataques de curta distância e tem uma melhor movimentação aérea.

Oleander é uma espécie de unicórnio feiticeira que usa magia negra como forma de ataque em um estilo de alcance equilibrado; Arizona, por sua vez, é uma bezerra de tipo ofensivo, capaz de usar um laço de vaqueiro para puxar os adversários, deixando-os temporariamente desnorteados; e Paprika, uma alpaca cujo estilo é mais complicado de dominar por depender de truques variados para desequilibrar o adversário.

Pom é uma ovelha tímida capaz de usar cachorrinhos como protetores e para atacar, arremessando-os como uma controladora de marionetes; por fim, temos Shanty, uma cabra muito ágil cujo foco ofensivo inclui golpes como pular de um lado para outro e dar chutes e cabeçadas.

Apesar da variedade e unicidade de cada lutador ser muito bem-vinda, o pequeno elenco acaba colocando Them’s Fightin’ Herds em uma posição de desvantagem ao ser comparado com outros títulos do gênero. Há uma forte sensação de que ainda é necessário adicionar mais opções, e de fato a Mane6 está atualmente trabalhando em personagens para DLC como Texas, o pai de Arizona, que será especializado em manobras de agarrar e arremessar adversários.

Indo além dos coices

Como já é esperado do gênero, Them’s Fightin’ Herds conta com uma boa variedade de modos para explorar. Para quem é novato no gênero ou gostaria de entender melhor o funcionamento específico do jogo, há vários tutoriais, que vão desde o básico da movimentação até elementos avançados sobre os combos, arremessos e sistemas específicos. Há também um modo prática que permite vários ajustes para construir um momento ideal de experiência e aprender a utilizar as habilidades dos personagens por conta própria.

No modo local, é possível jogar contra um amigo, explorar um modo arcade de batalhas consecutivas ou fazer batalhas únicas contra os robôs. No online, é possível participar de lobbies específicos para partidas ou jogar uma partida casual.

Porém, o que chama a atenção em especial é o modo história. Ao contrário de outros jogos do gênero, Them’s Fightin’ Herds investe em uma campanha em que é possível explorar um pequeno mundo 2D. Seguimos a jovem campeã da Pradaria, Arizona, que se vê diante de uma grave crise: os Predadores voltaram a Foenum e estão atacando os Ungulados (todas as espécies dos personagens entram nessa classificação). Cabe ao jogador viajar pelo mundo em busca de uma forma de resolver esse problema.

A campanha inclui momentos de plataforma com visão lateral e lutas contra as criaturas sombrias chamadas de Predadores, que incluem lobos, cobras, águias e ursos. Enquanto as etapas de combate são uma extensão natural da gameplay, o conceito de precisar lidar com movimentação de forma incrivelmente precisa para avançar é um forte incômodo.

Desde o início, esses desafios são muito exigentes, servindo mais como uma forma de frustração sem que a prática retorne em aprendizado nítido para o combate. Ainda assim, esse estilo de proposta é muito interessante e seria bom ver mais experimentos similares em outros títulos do gênero.

Para um amplo público

Para quem gosta de estilos cartunescos de animação, especialmente fãs de My Little Pony e desenhos mais infantis, o visual dos personagens e ambientes é bastante carismático. Cada personagem consegue ter um estilo muito próprio e colorido, sendo também possível explorar várias outras opções de paleta para as lutas.

Outro aspecto que facilita a introdução ao jogo é a sua tradução para o português. Them’s Fightin’ Herds é um jogo com muito bom humor, mas não o faz gratuitamente, algo que poderia enfraquecer a sua história. Com a possibilidade de jogar em português (caso seja a sua língua padrão do console), essa leitura fica bem agradável e simples.

Os ungulados chegam aos consoles

Finalmente Them’s Fightin’ Herds está disponível nos consoles e se mostra um jogo de luta bem competente. Apesar de seu elenco reduzido e os desafios inconvenientes do modo história pesarem um pouco, o conceito de lutas entre quadrúpedes, o forte carisma, a boa variedade de modos e a proposta única de campanha chamam a atenção dentro do gênero e fazem com que ele seja um título que vale muito a pena conferir.

Prós

  • Boa variedade de modos, incluindo um tutorial detalhado e um modo de treino;
  • A campanha mistura exploração, plataforma e luta;
  • Estilo visual carismático e variedade de cores para os personagens;
  • Texto bem-humorado e instigante, com tradução para o português.

Contras

  • Elenco jogável muito reduzido;
  • A alta exigência dos desafios de plataforma no modo história acaba tornando ele desnecessariamente inconveniente.
Them’s Fightin’ Herds — Switch/PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela Modus Games


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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