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Análise: Sail Forth (Switch) retrata a arte de velejar em busca de descobertas

Com o vento batendo no rosto, explore o Azul Profundo, monte uma frota de navios e derrote piratas neste simpático indie de exploração.

Somando-se à lista de jogos com a temática de navegação em alto-mar, Sail Forth é uma criativa aventura de exploração. Sua principal distinção é a liberdade concedida aos jogadores, que devem desbravar arquipélagos gerados proceduralmente para descobrir tesouros, recrutar tripulantes e derrotar temidos piratas. Assim, cria-se uma jornada que brilha por sua agradabilidade, mesmo sendo pouco diversificada no quesito gameplay.

Explorando o Azul Profundo

Em uma cena inicial, Sail Forth apresenta o seu protagonista, o marinheiro Capitão Tuto, que recebe de uma entidade celeste conhecida como a Estrela do Norte a nada simples missão de proteger o indomável e magnífico Azul Profundo. Embora as instruções iniciais sejam vagas, logo ficamos sabendo que isso significa que o nosso personagem deve explorar os sete mares para proteger os seus povos dos piratas do Clã Caveira.

Há de se reconhecer que o enredo não é exatamente o grande destaque da aventura, pois ele pouco se desenvolve no começo da gameplay. Porém, essa característica também permite que o título manifeste a sua principal qualidade, que é a liberdade de explorar novas ilhas para conhecer outros territórios e personagens capazes de apresentar situações únicas.

Em termos de progressão, existe um padrão característico: com um mapa geral segmentado por diferentes arquipélagos, devemos navegar por ilhas que abrigam estabelecimentos e personagens que demandam a realização de tarefas, como a entrega de itens, a disputa de corridas e a procura por determinados elementos. Assim, conforme progredimos nessas missões, ganhamos a chance de acessar novas áreas, as quais terão desafios similares, complementando o ciclo.

Será justamente no meio das explorações que acontecerão os embates contra os piratas do Clã Caveira, que consistem em batalhas de canhões básicas, mas divertidas. Em caso de sucesso, também surgem oportunidades de liberar novas regiões e render itens, além de permitir o resgate de outros tripulantes que poderão se juntar à nossa embarcação.

Simples e efetiva, essa fórmula se torna envolvente conforme o jogo oferece melhorias para os navios e uma encantadora mecânica de estruturação da nossa própria frota marinha.

Uma esquadra de guerra para derrubar o Clã Caveira

Enquanto as suas premissas de navegação são bastante corriqueiras, Sail Forth esconde um divertido e criativo recurso: o gerenciamento de uma frota de até quatro navios extras. Essa mecânica torna-se possível conforme recolhemos tábuas de madeira e construímos novas embarcações, que poderão ser ocupadas por tripulantes e equipadas com canhões de diferentes níveis bélicos.

A ideia aqui passa por uma estratégia de administração, na qual devemos proteger as embarcações na medida em que elas eventualmente podem ser atacadas. Para isso, somos capazes de alternar o comando dos navios, selecionando qual desejamos controlar momentaneamente, ou deixando que a inteligência artificial do jogo tome conta da embarcação, o que nem sempre é uma boa ideia, pois esse recurso comete deslizes com frequência.

Em termos de controles, é preciso reconhecer que tudo funciona bem no Switch. Aliás, esse foi um dos jogos de navegação no qual eu mais me diverti com os comandos em alto-mar. Diante de uma câmera tridimensional livre, diferentes velocidades e uma vela que pode ser manuseada com facilidade a partir dos botões L e R dos Joy-Con, temos uma jogabilidade intuitiva que dá conta do recado, muito embora ela tenha um repertório escasso, dado que poucos comandos novos são adicionados no decorrer da jornada.

Como recursos extras, o título também disponibiliza alguns passatempos em alto-mar, como a possibilidade de pescar, tirar fotografias, customizar a estética de nossas embarcações e certos colecionáveis. Muitas dessas tarefas adicionais, por sua vez, geralmente envolvem missões secundárias, que são gratificantes de se realizar pois nos permitem conhecer o alegre universo do jogo.

No entanto, é preciso dizer que a principal missão de Sail Forth é vagar sem um rumo definido e explorar os arquipélagos descompromissadamente. Assim, dificilmente você estará navegando com um norte concreto, desbravando os mares em busca de algo específico. Para mim, velejar por aí com o vento na cara e sem grandes preocupações é uma sensação incrível e única, mas entendo que essa falta de direções também possa desagradar jogadores de certos estilos. 

As belezas dos arquipélagos

Uma evidente qualidade de Sail Forth está em sua adorável estética. Com cores vibrantes e efeitos cel-shading no melhor estilo The Legend of Zelda: The Wind Waker (GC), temos cenários e personagens encantadores, cujos traços também se beneficiam de uma performance satisfatória do Switch. Até há alguns momentos em que a taxa de quadros por segundo sofre alterações e causa engasgos, mas eles são breves e pouco afetam a gameplay.


De modo geral, essa fofura visual dialoga harmoniosamente com a construção dos personagens da aventura, que conversam conosco sobre as peculiaridades do Azul Profundo e estampam situações adoráveis. Em certo ponto, é fácil de identificar uma certa similaridade com a série Animal Crossing, o que é bastante positivo para quem gosta de bater papo e conhecer figuras secundárias que fazem barulhos engraçados nas conversações. 

Quando se trata de pontos negativos, acredito que os mais relevantes circundam a fórmula da obra, que, apesar de ser divertida, pode se tornar cansativa diante de uma repetição constante. Afinal, o procedimento de exploração é o mesmo do início ao fim, evidenciando uma progressão rasa que fornece poucas novidades, como habilidades, recursos e novos comandos, em meio às investigações em alto-mar.

Nota-se, assim, uma particularidade literalmente divisora de águas: o título protagonizado pelo Capitão Tuto se mostra bastante agradável aos jogadores que desejam uma gameplay leve, com poucos objetivos e sem grandes acontecimentos narrativos.

Com isso, se você busca um passatempo despretensioso, acredito que a jornada ambientada no Azul Profundo pode ser uma excelente companhia para esses primeiros meses de 2023, sobretudo se você estiver de férias no litoral.

As grandes navegações do Capitão Tuto

Mesmo com uma progressão repetitiva, Sail Forth é uma boa pedida para quem curte jogos de exploração. Isso ocorre na medida em que navegar pelo Azul Profundo é uma tarefa extremamente relaxante, rendendo momentos incríveis diante de novas ambiências e personagens singulares. Por sinal, proezas que se amplificam diante da imponência dos mares da aventura e da graciosidade do vento que bate no rosto do valente Capitão Tuto.

Prós

  • É uma jornada de exploração com uma progressão divertida e cheia de liberdade;
  • Os comandos de navegação funcionam bem;
  • Promove encontros com personagens adoráveis em situações singulares;
  • A colorida estética cartunesca é extremamente agradável;
  • Exibe um criativo sistema de gerenciamento de frota com batalhas navais.

Contras

  • Apesar de alegre, a fórmula de exploração pode se tornar repetitiva e cansativa;
  • A ausência de objetivos concretos é capaz de desagradar a certos tipos de jogadores; 
  • Eventuais problemas de IA no gerenciamento de frota e engasgos na performance.
Sail Forth — Switch/PS4/PS5/XBO/XBX/PC — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: Switch
Revisão: Davi Sousa
Análise produzida com cópia digital cedida pela The Quantum Astrophysicists Guild

Jornalista, colaborador no Nintendo Blast e doutorando em Comunicação Social.
Este texto não representa a opinião do Nintendo Blast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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