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Análise: Kirby’s Return to Dream Land Deluxe (Switch) não trai a expectativa de grande diversão

A nova edição do jogo de Wii é mais um grande acerto da franquia no Switch.

Originalmente lançado para Wii em 2011, Kirby’s Return to Dream Land foi o primeiro jogo de plataforma da série em um sistema não-portátil desde Kirby 64 (N64) em 2000. Agora, o título retorna em Kirby’s Return to Dream Land Deluxe, uma versão renovada com mais conteúdo e que mostra toda a qualidade esperada da franquia.

Meu amigo Magolor

Em Kirby’s Return to Dream Land Deluxe, uma grande nave, a Astrovela Lor, vai parar no Planeta Pop (Popstar em inglês). Ela acaba perdendo suas partes, deixando o seu piloto, Magolor, bem triste. Cabe a Kirby e seus amigos ajudá-lo a restaurar a nave, explorando os vários pontos em que suas peças foram parar. Em se tratando de Kirby, é claro que isso é só o início de uma aventura que acabará colocando o universo em perigo.

Como um jogo da linha principal da série, Return to Dream Land é um platformer 2D simples em que o jogador pode continuar no ar indefinidamente, engolir inimigos e utilizar as suas habilidades contra eles mesmos. Simplesmente chegar até o final da fase é normalmente mais fácil do que a média do gênero, mas há um desafio divertido em tentar conseguir todos os itens colecionáveis do jogo.

As fases são projetadas de um jeito simples para que até mesmo novatos entendam com facilidade a lógica de exploração. Prestando atenção à disposição de inimigos e objetos da cena, é fácil ver quais habilidades são essenciais para abrir áreas opcionais e alcançar itens escondidos. Esse design mais simplista pode incomodar algumas pessoas acostumadas com jogos de plataforma mais desafiadores, mas faz parte do DNA de Kirby.

Ao todo, o jogo conta com 26 habilidades que o jogador pode obter engolindo os inimigos, assim como cinco Superabilidades que só podem ser utilizadas por um tempo limitado em trechos finais de algumas fases. Cada uma delas conta com poderes diferentes associados a movimentos específicos (como atacar após correr ou fazer uma meia-lua com o analógico junto com o uso do botão de ataque). Para poder entender melhor como cada um funciona, basta abrir o menu para ler a lista de todos os movimentos (uma funcionalidade retirada em Forgotten Land, mas comum a vários jogos da série).

Brincando com poderes gigantescos

O prazer de brincar com todas as opções, dominando as suas funcionalidades para exploração e combate, é um dos elementos que mantêm a série da HAL muito divertida e Return to Dream Land Deluxe não é exceção a essa regra. Além disso, as Superabilidades adicionam uma camada extra de satisfação com poderes espalhafatosos e efeitos gigantes. A obra faz questão de colocar elementos que só podem ser destruídos com esses ataques especiais, indicando com clareza a diferença de força em relação aos poderes usuais.

Sempre que esses poderes estão disponíveis, Kirby é capaz de causar grande destruição. Próximo ao final de algumas fases, há objetos que só podem ser destruídos usando esses ataques especiais e eles dão acesso a um portal para outra dimensão. Nesse lugar sombrio, Kirby perde o poder copiado e o jogador precisa correr contra o tempo para chegar até o final da área, porque uma onda de energia sombria está se aproximando. Logo depois, é necessário lutar contra um mini boss que guarda duas esferas de energia.

Em todas as áreas do jogo, há certo número de esferas colecionáveis escondidas por vários pontos além desses portais. O jogador não precisa pegar todas, mas com elas em mãos é possível liberar estágios de desafio dentro da Astrovela Lor.

Outro aspecto importante é que o jogo pode ser todo aproveitado em multiplayer local por até 4 jogadores. É possível que cada pessoa seja um Kirby de cor diferente ou usar aliados com um conjunto de movimentos já definidos, como o Rei Dedede, o Waddle Dee Bandana ou Meta Knight.

Um novo pacote

Enquanto todos os elementos acima são pontos que também fazem parte do jogo original, há algumas novidades importantes de destacar para a edição Deluxe. A primeira delas é o Parque Magolândia, uma área que reúne vários minigames divertidos, incluindo alguns de jogos anteriores, como o clássico Samurai Kirby. O multiplayer para até quatro jogadores no mesmo sistema também se aplica para os minigames.

A integração entre o parque e a história é bem feita, fazendo com que o jogador encontre tickets pelo caminho, o que permite desbloquear consumíveis e um cosmético especial: as máscaras. Com esse item exclusivo do parque, os jogadores podem customizar suas aparências com as faces de vários personagens da franquia. Mesmo sendo algo que não interfere na gameplay, essa celebração da história de Kirby é algo que considero bem agradável como fã.

Outra adição é um epílogo focado no personagem Magolor, liberado após a conclusão dos eventos da história principal. O foco desse modo é a realização de combos, valorizando com medalhas o jogador pela precisão de movimentos ao longo das fases. Os poderes do personagem também podem ser melhorados com o tempo ao gastar os pontos mágicos encontrados nas áreas, podendo impactar consideravelmente a sua performance.

Por fim, também vale destacar que há um modo ainda mais fácil para o jogo graças ao auxílio de Magolor. Com a sua ajuda, é possível ter o dobro da vida, recuperar bastante energia entre fases e evitar perder vidas por cair em precipícios. Esse modo pode ser ativado ou desativado a qualquer momento, permitindo que o jogador menos experiente ou que deseja uma experiência mais casual possa aproveitá-lo com bastante tranquilidade e aumente o desafio quando se sentir mais confortável.

Além de tudo isso, o jogo é o primeiro título principal da série a ser traduzido em português (no total, apenas o spin-off Dream Buffet foi traduzido). A tradução é boa de forma geral e mantém bem o espírito da obra, apesar de ter feito uma escolha um pouco estranha no nome das fases. A ideia é que as iniciais delas formavam a palavra “crowned” (coroado em inglês), um termo importante para os eventos da trama, mas em português ficou “coragem”.

Por fim, também gostaria de destacar que o jogo é bem bonito. Tanto os ambientes quanto as criaturas são ultracoloridos e vibrantes, fazendo com que a diversão de explorar as fases seja contagiante. A trilha sonora se mantém bem adequada para cada local, mas pessoalmente sinto falta de uma linha condutora mais clara como as de Planet Robobot ou de Forgotten Land.

De volta a Dream Land

Kirby’s Return to Dream Land Deluxe é um bom exemplar da série que vale a pena para quem gosta de plataformas 2D. Embora o design simples das fases faça com que concluí-las seja fácil, a obra segue a máxima que faz de Kirby um dos pilares mais interessantes da Nintendo: o valor aqui é a diversão da jornada e fazer tudo que a obra apresenta, incluindo todos os conteúdos pós-game, é um belo desafio para quem é complecionista.

Prós

  • Jogabilidade simples e fácil de aprender, mas que ainda oferece um desafio agradável para os complecionistas;
  • Habilidades de cópia e Superabilidades dão bastante variedade à gameplay;
  • Novos conteúdos incluem um epílogo caprichado, minigames bem divertidos e máscaras de personagens de vários jogos da série;
  • Co-op para até quatro jogadores com opção de jogar com múltiplos Kirbies ou com outros personagens clássicos;
  • Explicação dos movimentos possíveis para o poder atual no menu;
  • Um jogo 2D visualmente estiloso e vibrante com boa variedade de ambientes;
  • Tradução para português.

Contras

  • Embora intencional, o design simplista das fases pode incomodar alguns jogadores, especialmente no início.
Kirby’s Return to Dream Land Deluxe — Switch — Nota: 9.0

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Nintendo


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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