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Análise: Meg’s Monster (Switch) é uma jornada emocionante de uma garota e um monstro

Os monstros Roy e Golan tentam proteger a pequena Meg e levá-la de volta para casa.

Meg’s Monster
é uma aventura com aparência de RPG indie e inspiração em histórias infantis. Desenvolvido pela Odencat (Fishing Paradiso, Bear's Restaurant), o título conta a história de uma pequena garota que vai parar em uma área subterrânea habitada por monstros, mas dois deles decidem ajudá-la a encontrar sua mãe.

Uma garotinha no submundo

A história começa com a pequena Meg chegando ao submundo, uma área em que monstros vivem. Sozinha nesse lugar perigoso, ela encontra dois monstros que a princípio não dão importância para ela e começa a chorar. Por algum motivo, esse ato simples parece dar início a um evento cataclísmico que é evitado por pouco quando um dos monstros consegue acalmá-la.

A partir daí, Meg irá acompanhar Roy e Golan, que terão que tomar conta dela para evitar o fim do mundo. De um lado, Roy é um monstrengo forte que vive quase todos os dias comendo uma gosma nojenta chamada Alcatrão Mágico. Do outro, Golan é um monstro com feições mais humanas e bastante curiosidade. Ele costuma ser o cérebro da dupla dinâmica, tendo muito mais conhecimento sobre o mundo ao seu redor e até mesmo sobre os humanos.

Ajudar Meg a encontrar sua mãe e voltar para casa é a motivação central da história, mas a trama possui uma boa variedade de reviravoltas. Conforme o jogador entende melhor as verdades escondidas por trás da história, é possível ver como o diretor e escritor Ryota Saito construiu um mundo bem amarrado que permite discussões para além da moral da história.

Embora o cerne do jogo seja a relação de Roy e Meg e o amadurecimento emocional do monstrengo durante a jornada, a forma como o mundo se estrutura é bem fascinante. Há algumas subtramas e eventos opcionais que o jogador pode explorar para saber mais. Infelizmente, esses momentos são poucos e o jogo é relativamente curto, o que acabou deixando alguns detalhes subdesenvolvidos.

Vale destacar que Meg’s Monster conta com tradução para o português. Embora haja alguns errinhos ocasionais, a versão brasileira do texto é majoritariamente bem escrita. A tradutora, Marina Menezes, mantém o tom da escrita bem leve, utilizando-se de gírias comuns que se encaixam bem ao contexto da trama. Porém, em alguns trechos raros do jogo, as caixas de texto saem da tela, impedindo a leitura.

Um simulacro de RPG

Em termos de gameplay, Meg’s Monster segue um estilo que parece um RPG baseado em turnos. O combate é exatamente assim, mas é importante ter em mente que o jogo é muito mais linear que a média, não havendo batalhas opcionais. Com isso, não há espaço para melhorar os atributos de Meg e Roy, o que limita o jogador a sempre ter as mesmas condições para combater os inimigos.

Roy é tão forte que seu HP é 99.999, mas Meg é muito mais fraca. Mesmo defendendo a personagem, sempre que Roy toma dano, Meg sente medo e fica mais próxima de chorar. Essa é a dinâmica principal do jogo, mas há algumas variações.

Quando Meg está em batalha, o jogador deve equilibrar o uso de três comandos: ataque, defesa e brinquedos. Embora na maior parte do tempo seja necessário atacar para poder avançar, Meg é muito frágil e é importante garantir que o seu “coração” não chegue a 0 para que ela não chore. Para isso, é importante brincar com ela entre os turnos de ataque. Já a defesa é especialmente útil quando o inimigo menciona que irá utilizar um golpe mais poderoso.

Com apenas Roy em algumas batalhas mais difíceis, o jogador já pode tomar muito dano e pode usar o Alcatrão Mágico para recuperar o seu HP, seguindo uma lógica de alternância similar. Após determinado ponto do jogo, são apresentadas algumas mecânicas de quick-time event e puzzle para incrementar o combate. São adições simples, mas que ajudam a dar um pouco de variedade às batalhas.

Apesar disso, a sensação geral é a de algo demasiadamente simples e restritivo. Sem explorar a fundo as possibilidades do gênero, o que temos é um simulacro de RPG utilizado mais como um estilo visual para representar os conflitos. É importante ter isso em mente para não se decepcionar com a simplicidade do jogo.

Outros detalhes que chamam a atenção no jogo são os seus aspectos audiovisuais. O visual 2D fofinho e bastante colorido é muito charmoso e ajuda a dar o tom de conto de fadas à obra. Ao mesmo tempo, a trilha sonora composta por Reo Uratani consegue ampliar as emoções das cenas, que é a parte central da experiência.

Um jogo singelo

Meg’s Monster é um jogo singelo que usa a aparência de RPG como mecanismo para contar sua história. Embora acabe sendo subdesenvolvido em alguns aspectos, é uma fácil recomendação para quem se emociona com histórias infantis com boas lições de moral.

Prós

  • História emocionante sobre um monstro aprendendo sobre sentimentos em seu convívio com uma garotinha;
  • Visual 2D fofinho e colorido;
  • Trilha sonora que reflete bem a natureza de conto de fadas emocionante do jogo;
  • Tradução para o português descontraída e majoritariamente boa;
  • Curiosa utilização de mecânicas de quick-time event durante alguns trechos das batalhas.

Contras

  • Gameplay demasiadamente simples e restritivo;
  • Alguns detalhes da trama mereciam ser mais desenvolvidos;
  • Raros momentos em que a caixa de texto acaba saindo dos limites da tela e cortando a fala.
Meg’s Monster — Switch/PC/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Switch

Revisão: Juliana Paiva Zapparoli
Análise produzida com cópia digital cedida pela Odencat


é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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